quinta-feira, 27 de março de 2014

Crítica - 300: A Ascensão do Império

Depois do sucesso de "300" (300, EUA 2005) era inevitável que uma continuação mais cedo ou mais tarde estivesse a caminho das telas, porém passados nove anos entre o filme original e a sua "sequência" parece que nada mudou neste período e "300: A Ascensão do Império" (300: Rise of an Empire, EUA 2014) é somente um mais do mesmo que desloca a ação para uma batalha que se desenrola praticamente ao mesmo tempo dos eventos narrados no filme de 2005.

O filme parte exatamente de onde o anterior parou, com a derrota dos 300 espartanos de Leônidas nos Portais de Fogo e a marcha dos Persas em direção a Atenas. A partir dai o filme volta no tempo e irá apresentar ao público a origem de Xerxes e a tentativa do general e estrategista grego Themistocles (Sulivan Stapleton) em unir a Grécia para então com está aliança enfrentar o exército Persa.

Manter a estética que tornou o primeiro filme um sucesso, não garante o sucesso deste segundo filme da franquia, que somente desloca as batalhas da terra para o mar, além de apresentar uma nova personagem a general persa Artemísia (Eva Green), que sem sombra de dúvida é a única adição que funciona no filme, pois todo o resto não sustenta o filme, a impressão que fica é que este filme é um reboot do primeiro com uma mudança de cenário e mais nada.

Os roteiristas nem precisaram se esforçar muito para escrever esse segundo filme, pois a todo momento as mesmas frases de efeito moral serão repetidas por Themistocles para incentivar os seus homens antes das batalhas contra os persas e lógico que por estarem em menor número já é sabido pelo público que algum momento os gregos irão perder uma batalha.
 
Somente nos 20 minutos finais é que o filme realmente "começa", porém os 103 minutos de projeção podiam ser bastante resumidos, ou seja, nada que um bom flashback bem editado no início da projeção não resolvesse a questão e o filme tomasse um rumo diferente já mostrando a aliança dos povos da Grécia contra os Persas.

Alguns personagens que estavam no primeiro longa retornam com papéis menores nesta sequência, como é o caso da Rainha Gorgo (Lena Olin) e Dilios (David Wenham), que tiveram uma participação maior no primeiro filme e neste segundo são relegados a breves cenas ao longo do filme, antes da batalha que encerrará este capítulo, e porque não preparar o público para um terceiro filme da série, que pode ocorrer ou não.
 
Os efeitos especiais não mostraram praticamente nenhuma evolução entre um filme e outro, pois a mesma estética é utilizada neste segundo capítulo, além disso a adição do 3D poderia ter sido melhor aproveitada e causar um maior impacto no público, porém a tecnologia foi relegada ao segundo plano e acaba que tanto faz assistir ao filme em 2D ou 3D, pois o público não estará perdendo nada.
 
Ao final "300: A Ascenção do Império" não passa de um mero filme caça níquel que se sustenta somente com o sucesso do primeiro longa e nada mais. Só com o passar dos anos é que poderemos dizer se este filme se fez necessário somente para servir como uma ponte entre o primeiro filme e um provável terceiro capítulo que se for feito deve ser melhor elaborado para ao menos fechar a série com chave de ouro.

terça-feira, 11 de março de 2014

Crítica - A Menina que Roubava Livros

Quando a adaptação de "A Menina que Roubava Livros" (The Book Thief, Alemanha/EUA 2014) foi anunciada a algum tempo atrás, pensei logo que transpor para as telas toda a complexidade do livro escrito por Markus Zusak, não seria uma tarefa fácil. Porém o próprio autor cuido do roteiro do filme e soube transpor para as telas o essencial, para que o mote central da trama do livro estivesse no cinema. 

Assim como no livro, somos apresentados a Liesel (a atriz canadense Sophie Nélisse em seu primeiro trabalho em um filme de língua inglesa), por ninguém menos que a própria morte e esta conta aos espectadores que tem uma certa admiração pela garota, e será quando o irmão de Liesel vem a falecer durante os primeiros minutos da projeção que a menina irá roubar o seu primeiro livro e a morte terá o seu primeiro contato com Liesel.

Ao chegar ao seu destino Liesel conhece Rosa Humbermann (Emily Watson) e Hans Humbermann (Geoffrey Rush), que viram a ser os seus pais adotivos e será com eles que a menina irá passar por todas as agruras da Segunda Guerra Mundial em plena Alemanha Nazista. Porém quem já leu o livro vai sentir falta de alguns elementos, como por exemplo a juventude hitlerista, grupo do qual Liesel faz parte e pouco é mencionado no filme. Um outro elemento que foi bastante reduzido da versão cinematográfica foram as inúmeras narrações in-off da morte durante toda a história, que no filme se reduziu a poucos momentos.

Porém se existem vários elementos do livro que foram reduzidos ou simplesmente omitidos da versão cinematográfica. Outros foram aproveitados de forma a trabalhar a favor da narrativa, como por exemplo a amizade de Liesel e Rudy (o menino que se apaixona pela garota e insiste que deve ganhar um beijo dela) e as conversas entre a menina e Max (o judeu que vai se esconder na casa dos Hubermann).

A direção de arte e a fotografia do filme recriam com certa perfeição, os cenários que se imaginava ao ler o livro, além da trilha sonora criada por John Willians para o filme servir para ambientar de forma correta a narrativa do filme.

E se ao longo do livro nos deparamos com vários momentos emotivos, na versão cinematográfica que tem 131 minutos de duração, estes estão reservados somente para a parte final da projeção e não são menos lacrimejantes assim como no livro.

Ao final da projeção ficará a certeza de que alguma coisa faltou na versão cinematográfica de "A Menina que Roubava Livros", porém como foi dito antes, transpor para as telas toda a complexidade do livro renderia uma produção muito mais elaborada e com uma maior duração. Porém esta versão não compromete o excelente livro de Markus Zusak, além de trazer o essencial para as telas dos cinemas e de certa forma acessível para todos aqueles que não tiveram a oportunidade de ler o livro.
 
Mesmo que se sinta fa;ta de algumas belíssimas passagens do livro, a mensagem final continua impactante e com direito a narração da morte e a forma como essa enxerga a humanidade como um todo. E esse será a grande lição que iremos tirar tanto ao assistir ao filme ou ler o livro.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Critica - Sem Escalas

O ator escocês Lian Neeson parece ter encontrado um novo filão de filmes para explorar, o do cinema de ação. Apos emplacar alguns sucessos como os filmes Busca Implacável 1 (Taken, EUA 2008) e Busca Implacável 2 (Taken 2, EUA 2012), eis que chegou as salas de cinema de todo o país na última sexta feira Sem Escalas (Non Stop, EUA 2014).

No filme Liam Neeson vive Bill Marks, um agente federal aéreo, que após sofrer um trauma no passado terá posta a prova por um terrorista a sua honestidade no cumprimento do dever. O tal terrorista consegue invadir a linha segura de comunicação da agência e começa um jogo de gato e rato com Marks, ao exigir que sejam depositados em uma conta bancária a quantia de 150 milhões de dólares, caso contrario um passageriro ira morrer a cada 20 minutos. Começa então a corrida contra o tempo de Marks para descobrir quem entre os passageiros seria o suposto terrorista. Lógico que pela estrutura narrativa proposta pelo roteiro todos são suspeitos até que se prove o contrário.
 
Ainda foi escalada para o filme a atriz Julianne Moore, que vive Jen Summers e irá ajudar Marks a descobrir quem esta por trás desta trama, lógico que não sem despertar a desconfiança do agente e se tornar uma das principais suspeitas.

O roteiro é ágil de modo que mantém o público entretetido e tentando decifrar quem entre os passageiros poderia ser o suposto terrorista, as reviravoltas ocorrem nos momentos certos, porém as cenas de ação apesar de serem poucas, são apresentadas onde são realmente necessárias para a trama, ou seja, não há um desperdício de cenas deste tipo colocadas sem propósito algum no filme.
 
O diretor espanhol Jaume Collet-Serra, que já havia trabalhado com Liam Neeson no filme Desconhecido (Unknow, EUA 2011), e segue aqui a mesma linha de direção, porém ao contratário do trabalhor anterior com o ator, desta vez se optou por uma direção de atores mais dramática, pois como no filme não existem tantas cenas de ação é possível conseguir melhores interpertrações dos atores.
 
Um fator que poderia atrapalhar a narrativa do filme é que a maior parte da ação se passa dentro da aeronave que faz o vôo entre as cidades de Nova York e Londres, porém o diretor conseguiu criar o clima de suspense apropriado, para não deixar a narrativa se perder em cenas desnecessárias e que iriam somente tirar o foco da narrativa principal.

Sem Escalas e um daqueles filmes para se ver sem maiores pretensões, pois se trata de cinema de ação feito com qualidade e com um roteiro que realmente prende a atenção dos espectadores até que toda a trama seja desvendada e apresentada ao público. Não será surpresa se daqui a alguns anos o filme aterrisar nos canais a cabo dedicados a filmes de ação e tornar figurinha fácil por ali.
 
E parece que Liam Neeson esta se divertindo com esse tipo de cinema, pois Busca Implacável 3 (Taken 3) já está a caminho das telas e promete trazer de volta toda o elenco principal dos dois filmes anteriores e será novamente dirigido por Oliver Megaton.