terça-feira, 26 de julho de 2011

Perfomance - Miwa Matreyek

Já havia planejado escrever aqui no blog um post sobre como teria sido o 19º Anima Mundi, dando um panorama de tudo o que ocorreu durante os dez dias de festival. Este post será publicado em breve aqui no blog, porém algo me chamou tanta atenção durante o Anima Mundi, que merece um post exclusivo.

Durante a programação do Anima Mundi, estava programado para a segunda semana, a performance de Miwa Matreyek, que consistia na sombra da artista projetada em uma tela onde animações eram exibidas e isso tudo sincronizado com a trilha sonora criada exclusiamente para a apresentação.

A performance que foi apresentada durante o Festival se chama Myth and Infrastructure (2010) e consiste em quatro atos, totalizando 20 minutos de apresentação.

No primeiro segmento as mãos da artista interagem com as imagens projetadas, que vão de frutas e bolos de aniversário até livros. Já no segundo segmento Miwa se torna uma ilha e aos poucos é "criada" uma civilização. O terceiro segmento e mais impressionante de todos é quando a sombra de Miwa passeia por entre os prédios de uma metrópole, e ai é um dos grandes momentos da apresentação, pois existe um truque para criar essa ilusão que a artista esta passeando entre os prédios. O quarto e último segmento é o mais onírico dos quatro apresentados, onde o corpo da artista interage com as imagens que são projetadas sobre o seu corpo.

Toda essa performance era acompanhada por uma trilha sonora impecável, que era sem sombra de dúvidas um dos pontos altos da apresentação. Pois é a música que marca o tempo certo para os movimentos da artista.

Sem dúvida alguma a perfomance de Miwa Matreyek é realmente mágica diante dos olhos. Unindo animação, teatro e dança, não há quem não assista que não se impressione com o que vê. Durante o festival foram 12 apresentações ao todo e todas com lotação esgotada.

Não há dúvida alguma que está performance apresentada esse ano no Anima Mundi irá ficar marcada na história do festival e para quem não teve a oportunidade de assistir segue o link no you tube com um trecho do trabalho de Miwa.


Vale a pena conferir um trecho e porque não torcer para que ela volte com outras performances ao país, pois não é toda hora que performances como essa aparecem por aqui.

domingo, 17 de julho de 2011

Crítica - Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2

Com a estréia de "Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2" (Harry Potter and the Deathly Hallows Part 2, EUA 2011), chega ao fim uma das franquías mais rentáveis da história do cinema. E com isso os fãs que cresceram com o bruxinho inglês, acompanhando cada aventura de Harry e seus amigos, fosse nos livros ou nas adaptações para as telas de cada um dos sete livros da série e chegado o momento de dizer adeus.

Tudo começou em 1997 com a publicação do primeiro livro, só que o primeiro filme da série cinematográfica só viria a luz em 2001, pelas mãos da Warner Bros. que no mesmo ano enfrentou a concorrência de um outro peso pesado do cinema fantástico que era a adaptação para as telas da trilogia "O Senhor dos Anéis", após o lançamento do primeiro filme era certo que Harry e seus amigos teriam vida longa nas telas e os demais livros iriam ser adaptados para a tela.

Agora o ciclo se fecha com a estréia da segunda parte da adaptação do último livro da série dirigido por David Yates, que foi responsável pelos três últimos filmes da série e coube a ele a responsabilidade de fechar a série como os fãs esperavam. Lógico que lançando mão de algumas licenças poéticas para adaptar o texto de forma que o formato para as telas não compromete-se a narrativa do livro.

O filme começa no mesmo ponto que a parte 1 havia parado, com Lorde Voldemort (Ralph Fienes) tendo em suas mãos a varinha das varinhas e Harry se despedindo de Dobby, morto ao resgatá-lo junto com os seus amigos da mansão dos Malfoy. Neste momento fica claro para Harry que ele precisa seguir em frente com a difícil tarefa de localizar e destruir as Horcruxes, objetos que guardam parte da alma de Vodemort e somente após destruir a todas Harry terá alguma chance de confrontá-lo e destruí-lo.

Se no primeiro filme não haviam muitos momentos de ação, agora nesta segunda parte estes irão se fazer presente durante toda duração do longa, intercalados por momentos em que Harry irá se questionar se tudo aquilo irá levá-los a algum lugar.

Outro ponto forte do filme é não poupar os espectadores com cenas de batalhas onde ambos os lados terão baixas e feridos, o diretor optou por uma narrativa bem próxima ao texto original, e Harry vê a cada momento um dos seus amigos morrer ao confrontar um comensal da morte.

A fotografia do filme é sombria, como vem ocorrendo desde o terceiro filme da série dirigido por Alfonso Cuarón, que foi deixada um pouco de lado no quarto filme dirigido por Mike Newell e voltou a ter um tom mais assustador a partir do quinto filme da série já com a direção de David Yates.

Apesar de ter sido convertido para o 3D e não filmado com esta tecnologia, o filme ganha um pouco com este formato, pois as cenas de batalha em Hogwarts ganham outra dimensão e em alguns momentos realmente parece que o especatador esta no meio da ação.

Um grande acerto é dar o devido destaque aos personagens que nos últimos filmes da série foram relegados ao esquecimento, e com isso a personagem da atriz Magiie Smith, a professora McGonagal ganha o seu destaque. Assim como o personagem Neville Longbottom (Matthew Lewis) que tem momentos chaves do filme no desenrolar da história.

As cenas da batalha em Hogwarts são grandiosas e o clímax com o duelo entre Harry e Voldemort, funciona muito bem nas telas, assim como no livro. Também merece destaque a cena em que Harry e seus amigos Hermione (Emma Watson) e Rony (Rupert Grint) invadem o Banco de Gringotes para localizar e destruir mais uma Horcrux.

O resultado final agrada aos fãs, que irão notar algumas discrepâncias aqui e ali, porém isso não afeta em nada a narrativa e até ajuda a manter a narrativa mais coesa e fluída. Após uma década acompanhando cada filme no cinema os fãs se despediram do bruxinho inglês com grande estilo e agora estes tem como missão perpertuar a saga de Harry e seus amigos através dos tempos, pois como em determinado momento é dito no filme a nossa maior magia está nas palavras.

sábado, 9 de julho de 2011

Livro - Um Dia

O que é uma amizade sincera que transcorre durante anos e anos e permanece intocada, mas com todos os percalços de uma amizade verdadeira e sincera deve ser? Como pedir desculpas a uma pessoa que você considera como melhor amigo ou amiga? Como estar presente nos momentos em que um precisa do outro para aconselhar e ser um ombro amigo, ou para compartilhar conquistas e alegria? É exatamente respondendo a essas perguntas que o autor David Nichols estrutura o seu livro "Um Dia" (One Day, Inglaterra 2009).

O livro acompanha a vida de Emma Morley e Dexter Mayhew ao longo de 20 anos, tendo como ponto de partida o dia 15 de julho de 1988, o dia em que ambos se conhecem e passam a noite juntos no pequeno apartamento onde Emma mora com uma colega de quarto, no dia da formatura de ambos. Porém Emma e Dexter são praticamente o oposto um do outro, ele é um rapaz rico e fútil que só pensa em ser famoso na televisão, enquanto Emma é uma garota pobre e que pensa em se tornar uma escritora ou se tornar uma professora.

A cada capítulo do livro o ano muda, e o leitor encontra novamente os personagens um ano mais velhos e exatamente novamente no dia 15 de julho, no dia do aniversário em que os protagonistas se conheceram. E o livro segue mostrando o amadurecimento de Emma e Dexter ao longo dos anos, e como em qualquer amizade que se preze, eles se ajudam, brigam, pedem desculpas, conhecem pessoas, mas não esquecem a amizade que um tem pelo outro.

O livro é bem estruturado e é difícil parar de ler, pois o leitor sempre vai querer saber o que irá ocorrer no ano seguinte. Em alguns momentos o livro faz um flasback, o que são raros, para explicar algo e isso garante que não existam pontas soltas na história.

Outro ponto interessante é como o ato de um dos protagonistas irá influenciar diretamente no outro, logo as longas conversas entre Emma e Dexter, irá moldar aos poucos não só a personalidade de ambos, mas as suas vidas serão guiadas muitas vezes por essas conversas.

E o livro realmente mexe com o leitor e o leva do riso as lágrimas e consegue passar uma mensagem de amizade e companheirismo para todos que o ler.

Estruturado em cinco partes e 23 capítulos o livro de 408 páginas (na edição nacional publicada pela Intrinseca) é de leitura fácil.

Com um texto envolvente e cativante, personagens bem construídos e uma história de amizade que atravessa duas décadas, David Nicholls escreveu um livro que vai ficar marcado para quem o ler e aqui digo que vale até uma releitura, para que as passagens que passaram despercebidas na primeira leitura sejam descobertas.

Um Dia ganhou recentemente um filme estrelado por Anne Hathaway como Emma Morley e Jim Sturgges como Dexter Mayhem e dirigido por Lone Scherfig (Educação), o longa está ainda inédito nos cinemas nacionais. e tem data de estréia marcada para agosto para os Estados Unidos. E quando estreiar será comentado aqui no blog.

Por enquanto nos resta ler o livro e tirar algumas lições para as nossas vidas, que o autor colocou ao longo de todo o livro, seja em uma frase ou conversas entre os personagens principais de alguma forma o livro nos fará pensar e refletir e percermos que a verdadeira amizade é intocável, mesmo que esse amigo ou amiga não esteja por perto quando precisarmos, ele ou ela sempre será uma parte de nós, pois amizades verdadeiras e sinceras são assim, ficam marcadas por toda a vida.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Crítica - Meia Noite em Paris

Woody Allen sempre fez filmes do estilo que ou você os ama ou você os detesta, ou seja, não há o meio termo em toda a sua filmografia. Pode-se dizer que a turnê europeia de Allen que passou Londres com "Match Point: Ponto Final" (Match Point, EUA 2005), "Scoop - O Grande Furo" (Scoop, EUA 2006) e "O Sonho de Cassandra" (Cassandra's Dream, EUA 2007), depois Allen foi para a Espanha onde rodou o sensual "Vicky, Cristina, Barcelona" (Vicky, Cristina, Barcelona, EUA 2008) e parecia ter parado a sua turne pela Europa por ai, pois os seus dois filmes seguintes voltaram para os EUA.

Porém Allen voltou as suas lentes para a cidade luz e "Meia Noite em Paris" (Midnight in Paris, EUA 2011) é um filme com a marca registrada do diretor e que une em um único longa a fotografia de uma metrópole Europeia e os diálogos ácidos de toda a obra do diretor na fase em que este filmava em Nova York.

O filme conta a história do escritor e roteirista Gil (Owen Wilson), que está em viagem a Paris com a noiva e os sogros, porém Gil não esconde o seu desejo de ter vivido em Paris em plena década de 20, quando grandes nomes da arte e da literatura viveram por lá e estavam no auge de suas criações. O desejo de Gil se torna realidade em uma noite após sair andando pela cidade e se perder e não conseguir chegar novamente ao hotel onde está hospedado e em um passe de mágica este é transportado por um antigo Pegeout para a própria década de 20.

A partir daí Allen faz com que o seu protagonista se encontre e debata as suas idéias e percepções com figuras como Ernest Hemingway (Corey Stoll), F. Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston), Zelda Fitzgerald (Alison Pill), Cole Porter (Yves Heck) entre muitos outros grandes nomes. Porém sempre de manhã Gil volta a sua realidade, ou seja, retorna ao tempo presente e desejando retornar ao passado mais uma vez.

Owen Wilson, que já trabalhou em diversos filmes de comédia e nunca esteve em papéis mais sérios, agora tem a chance de se firmar como um ótimo ator, pois ele está perfeito no papel e em muitos momentos dá para reconhecer os trejeitos do próprio Woody Allen nos diálogos de seu personagem quando este está debatendo os seus pontos de vista com os personagens que vai encontrando durante o filme.

A fotografia é outro trunfo do filme e Allen consegue captar belíssimas imagens de Paris e de seus arredores, sempre com uma câmera que valoriza a paisagem, nas cenas externas como as que se passam no Palácio de Versailles, ou em locações como os cafés em que Gil encontra com os demais personagens da década de 20. E como não podia deixar de ser o figurino recria muito bem a época.

As atrizes continuam sendo uma atração a parte nos filmes de Allen e agora o diretor aposta em duas atrizes que além de chamarem atenção pela sua beleza, são ótimas atrizes e já se destacaram em outros longas e Marion Cotillard e Rachel McAdans, não decepcionam e interpretam bem as suas personagens.

Outro ponto de destaque é o roteiro que não deixa brechas e tudo é bem resolvido, como já se espera de um filme do diretor. A forma encontrada para que Gil seja transportado a década de 20 é realmente um dos destaque do roteiro, e tudo o que se passa nesta época irá se refletir de alguma forma na vida de Gil ao retornar para a época atual.

Porém se "Meia Noite em Paris" tem tantas qualidades, o mesmo não é um filme para o grande público, devido ao grande volume de referências a literatura, pintura, música e ao cinema que estão permeados ao longo de todo o filme, somente quem já teve contato de alguma forma com os personagens citados irá entender as referências e achar graça do que esta sendo dito. Allen neste ponto optou por não explicar muito e deixar a referência ali para que quem já conhece entender.

O filme no final agrada a uns e desagrada a outros, como é de se esperar de um filme de Woody Allen, pois apesar de não estar filmando em Nova York, o diretor fez um filme que se assemelha demais a sua produção em terras americanas, ou seja, diálogos inteligentes, personagens cativantes e com um reforço de estarmos em uma capital européia que já serviu de cenário para inúmeras produções e agora é eternizada pelas lentes de Allen.