domingo, 13 de março de 2011

Crítica - O Discurso do Rei

O grande vencendor do Oscar 2011 que arrebatou 4 estatuetas no último dia 27/02, se mostra merecedor dos prêmios de melhor filme, diretor, ator e roteiro original e o "Discurso do Rei" (The King's Speech, Inglaterra, Austrália e EUA) foi sem dúvida o melhor filme de 2010.

O filme apresenta aos espectadores a história do Rei George VI (Colin Firth), que tinha que vencer a sua gagueira para fazer um discurso para a nação inglesa, onde seria comunicado que a Inglaterra estaria entrando definitivamente na 2º Guerra Mundial. Porém o único problema seria vencer essa dificuldade, e muitos médicos e terapeutas já haviam tentado sem sucesso curar o monarca da sua gagueira. A solução encontrada pela Rainha Elizabeth (Helena Bohan Carter) é contratar Lionel Logue (Geoffrey Rush) um terapeuta que se utiliza de novas técnicas na tentativa de curar a George e fazê-lo discursar para todos os ingleses.

No ínicio o próprio George dúvida dos métodos de Lionel e acha que ele é igual os outros médicos e terapeutas que tentaram curá-lo sem sucesso, porém a convivência entre os dois se torna uma amizade baseada na confiança e isso será crucial para determinar o sucesso do tratamento.

O filme não apresenta cenas de ação elaboradas, muito menos efeitos especiais. É um filme que se baseia no seu roteiro para contar ao público uma história de superação e de como vencer os medos interiores. Para isso o roteiro traça um perfil elaborado de cada personagem, além de mostrar todo um cenário político da época para que o público possa entender o quão importante é o discurso que George precisa fazer a nação para comunicar que a Inglaterra entraria na guerra.

Outro aspecto interessante do filme é mostrar como eram as relações familiares entre os membros da família real britânica na década de 40 quando a história se passa. A relação entre George e o seu irmão mais velho Edward, legítimo sucessor do trono após a morte do pai o Rei George V (Michael Gambon), é conturbada pois George não aceita o romance do irmão com uma mulher que já havia se divorciado duas vezes antes de iniciar o seu relacionamento com Edward. Esse fato leva George a se questionar se a atitude do irmão está correta e se ele seria capaz de assumir o lugar do irmão caso fosse necessário.

Com todos esses aspectos o filme teria tudo para ser lento e cansativo, porém o roteiro é escrito de forma que toda a ação transcorra de forma a prender a atenção do espectador para que o mesmo fique curioso para ver como tudo aquilo irá terminar e se George terá exito no seu discurso.

A relação de Lionel com George é o ponto alto do filme e devido ao entrosamento entre Colin Firth e Geofrey Rush ter dado tão certo, a partir de uma excelente direção de atores por parte do diretor Tom Hooper é que o filme flui de forma perfeita sem cansar o espectador.

Um filme que além de ser uma lição de superação e de amizade, mostra ao público que todos os medos podem ser superados e vencidos. Ao final da projeção não restará dúvidas que o filme mereceu ser coroado como o melhor filme do ano pela academía e ter o seu lugar de honra ao lado de outros grandes filmes que o cinema já produziu até hoje. 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Crítica - Desconhecido

Thrillers de ação a fábrica de cinema de Hollywood produz aos montes, porém a maioria dessas produções não passam de filmes B. Utilizando-se sempre do mesmo clichê, onde o mocinho sai distribuindo socos e chutes a torto e a direito, atirando primeiro para perguntar depois, conhecendo acidentalmente uma linda mulher que irá se unir a ele para ajudá-lo e lógico ter um caso com o mocinho lá pelo meio do filme. A fórmula já estava tão batida que os próprios exibidores estavam deixando de colocar esse gênero na tela grande e os mesmos iam direto para as prateleiras das locadoras.

Porém "Desconhecido" (Unknown, EUA 2011) é um thriller de ação dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (diretor de a Orfã, EUA 2009 e A Casa de Cera, EUA 2005) que devolve o gênero para as telas grandes de forma a não torná-lo um filme convencional.

A premissa do filme é simples e logo no início o público é apresentado ao Dr. Martin Harris (Liam Neeson) e a sua esposa Elizabeth Harris (January Jones), que estão indo para Berlim para uma conferência de biotecnologia onde Martin será um dos palestrantes. Ao chegarem ao aeroporto e embarcarem em um taxi em direção ao hotel onde ficarão hospedados, Martin acidentalmente esquece a sua maleta onde está todo o seu trabalho no carrinho de bagagem aeroporto, porém só percebe o ocorrido na porta do hotel. Então resolve voltar ao aeroporto para recuperar a mala e pega um outro taxi. Porém a caminho do aeroporto o taxi onde Martin está sofre um acidente e este acaba por perder a memória e acordar quatro dias depois em uma cama de hospital sem se lembrar do que ocorreu.

Ao sair do hospital sem documentos Martin descobre que a sua vida foi apagada e roubada, sua esposa não o reconhece e ele descobre que existe outro homem em seu lugar. A partir dai o roteiro segue com os flashbacks de memória de Martin que vão reconstruíndo a história aos poucos e na medida certa para que o público vá descobrindo a trama e a sua reviravolta final.

Lian Neeson após participar de muitas produções de Hollywood em papéis secundários e em alguns momentos até ofuscar o protagonista, caso que ocorreu em Star Wars Episódio I - A Ameaça Fantasma (Star Wars - Episode I - The Ghost Menace, EUA 1999), finalmente se firma como astro de filmes de ação e se sai muito bem no papel.

Já no lado das atrizes somente Diane Kruger (Gina) se sai bem no papel de uma imigrante ilegal americana que vive de pequenos bicos, na tentativa de juntar dinheiro para comprar papéis para sair do país. É no taxi dela que Martin embarca e sofre o acidente que lhe tira a memória. Já January Jones só mostra a sua beleza na tela, porém o seu papel não dá muita chance a atriz para atuações que chamem atenção do público.

O roteiro é quase perfeito, pois deixa uma ponta ou outra solta que os mais atentos irão perceber, a não ser que a intenção dos produtores seja produzir uma série de filmes utilizando os personagens. Se a intenção foi essa então o roteiro não peca.

As cenas de ação são espalhadas pelo longa e ocorrem com um contexto dentro da trama. Nenhuma delas são gratuítas, falha que ocorre entre 9 entre 10 produções desse gênero. No caso de "Desconhecido" as cenas de maior tensão trabalham a favor da trama.

O filme vale o ingresso e não decepciona, o desfecho é coerente e deixa uma brecha para outras aventuras utilizando os personagens criados, apesar da produção ser baseada em um livro. O público sai satisfeito do cinema e Liam Neeson prova não ser um astro de ação não tão desconhecido como parecia ser.