domingo, 27 de dezembro de 2009

Crítica - Sempre ao Seu Lado

Qual é o valor de uma verdadeira amizade? O que um amigo verdadeiro é capaz de fazer pelo próximo? Existem amizades verdadeiras? É comum se questionar sobre essas e muitas outras perguntas quando o assunto é a amizade. Só que a amizade em questão em "Sempre ao Seu Lado" (Hachiko - A Dog's Story, EUA 2009, no original) é entre um professor de música e um cachorro da raça Akita.

O filme começa em um mosteiro no Japão onde um filhote da raça Akita é colocado em uma gaiola para ser enviado para alguém nos EUA. Enquanto os créditos iniciais ainda estão passando acompanhamos a jornada do filhote até chegar a uma estação de trem nos EUA, só que a gaiola onde ele está cai acidentalmente no chão e se quebra e este se vê perdido no meio de vários passantes, e é neste momento que o Professor Parker (Richard Gere) encontra o filhote e resolve levá-lo para casa. Porém Parker terá que convencer a esposa Cate (Joan Allen) a deixá-lo ficar com o filhote.

O tempo vai passando e a amizade entre e Parker e Hachi - nome pelo qual o cãozinho é batizado após o amigo de Parker que é japônes traduzir o que está escrito na coleira do cachorro - vai se desenvolvendo a ponto da lealdade do cão levar Parker na estação de trem para ir trabalhar e estar de volta as 17:00 hs para pegá-lo na estação na volta do trabalho e isso vira um rito diário. E todos na cidade passam a conhecer a rotina de Hachi e ficam impressionados com a lealdade do cão para com o seu dono.

Só que o destino tem outros planos para a amizade de Parker e Hachi, quando Parker morre durante uma de suas aulas de música na faculdade, só que nem isso irá impedir Hachi de ir todos os dias a estação esperar pela volta de seu dono.

Dirigido de forma correta por Lasse Hallströn, que tem em seu currículo filmes como "Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador" (What's Eating Gibert Grape, EUA 1993) e "Regras da Vida" (The Cider House Rules, EUA 1999), o filme segue a mesma linha de narrativa dos trabalhos anteriores do diretor que vai aos poucos fazendo com que o espectador se envolva na história e desenvolva uma certa afeição pelos personagens.

O filme é contato em formato de flashback pelo neto de Parker, logo isso faz com que os espectadores já deduzam de antemão algumas das coisas que irão ocorrer ao longo dos 88 minutos de duração do longa - aqui outro acerto do diretor em não se prolongar muito para narrar a história.

Mesmo tendo tirado o foco narrativo do Japão - onde o verdadeiro Hachi viveu nos anos 20 e 30 do século passado - e levado a ação para os dias atuais nos EUA o roteiro por tratar de um tema universal que é a amizade não perde a sua força ao longo da narrativa.

A trilha sonora também dá o tom certo ao filme contribuindo para os momentos mais emotivos do longa.

Por tratar de um tema universal é quase impossível não se emocionar em algumas partes do longa e deixar por escapar uma lágrima ou outra. Afinal lealdade e amizade verdadeiros são difíceis de se encontrar nos dias de hoje onde cada vez mais ganância, injeva e competitividade são sentimentos que estão cada vez mais presentes nos corações dos homens, porém para um cão esses são sentimentos que não existem, restam a eles a amizade e a lealdade aos donos até os últimos dias de suas vidas.

Um filme cativante que com certeza irá conquistar o público com a sua narrativa e a mensagem de amizade deixada pelo longa.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Crítica - Avatar


Desde a sua criação existem momentos no cinema que são verdadeiros divisores de águas e depois de certo acontecimento nada mais será como antes. Foi assim com a introdução dos filmes sonoros, depois com a introdução das cores, som estéreo, som digital e chegado o século XXI a projeção em 3D Digital e novamente o cinema vive um momento único como os citados acima , pois ao entrar em cartaz "Avatar" (Avatar, EUA 2009) o cinema 3D Digital nunca mais será o mesmo e o dia 18/12/2009 entrará para a história da sétima arte.

No primeiros minutos de projeção, nenhuma surpresa somente cenas com profundidade nunca antes vistas e uma imagem nítida introduzem alguns personagens e dão explicações rápidas do que está por vir pela frente. Mais alguns minutos se passam e os espectadores são levados ao planeta Pandora e apresentados a sua fauna e flora, e é neste momento que o filme projetado por James Cameron passa a mostrar o porque de ser um exemplar único em projeção em 3D, ao emergir literalmente o espectador na ação.

Os espectadores realmente são envolvidos pela fauna e flora do Planeta Pandora, tudo em Avatar é superlativo, e cada centavo dos milhões gastos no filme (dizem ter sido mais de US$ 400 milhões) fazem jus a este mega orçamento e a Fox novamente tem nas mãos um filme que irá levar multidões aos cinemas e com grandes chances de desbancar Titanic nas bilheterias.

As cenas nas florestas de Pandora, os insetos que a todo momento saem dos arbustos, as folhas que não param de se mexer e de cair sobre a platéia todo o cenário contribui para emergir os espectadores na ação e realmente somos levados para aquele mundo fantástico e peculiar, como nenhum outro filme foi capaz de fazer antes.

Eu particularmente havia lido já muito sobre o filme e tenho certeza que não só as minhas expectativas quanto a de milhões de pessoas ao redor do mundo, que esperaram o ano inteiro para assistir a esse filme foi literalmente satisfeita, pois o filme realmente é magia em 3 dimensões.

Mas será que tudo em Avatar é perfeito? Não. Tecnicamente ele é um filme encantador, porém o roteiro não condiz com a grandiosidade do filme.

Simplório e previsível em todos os aspectos o roteiro de Avatar é corriqueiro, ao contar para o público a história do fuzileiro naval Jake Sully que é convocado para o programa de Avatares. Sua missão é simples se infiltrar na comunidade Na'vi (os nativos de pandora) coletar informações e repassa-las para as suas tropas no intuíto de fornecer a localização de um minério raro que vale 20 milhões de dólares o kilo. Só há um porém, que o tal jazida das tão cobiçadas pedras, estão exatamente abaixo de uma aldeia Na'vi. Porém conforme Rosseau dizia na sua teoria do bom selvagem que "o homem nasce bom e é a sociedade que o corrompe", os Na'vi terão que se tornar um povo guerreiro para combater os invasores - conhecidos como Povo do Céu - e retornar a paz a Pandora.

A trilha sonora é correta e Howard Shore não decepciona, criando músicas que criam a ambientação perfeita para a ação.

O elenco conta com Sam Worthington (O Exterminador do Futuro - A Salvação), Zoe Saldana (do novo Star Trek), Michelle Rodriguez, Singorney Weaver e Giovanni Ribisi. Com boas atuações o elenco não compromete a narrativa, tendo sido dirigido de forma correta por Cameron, mesmo com um roteiro simplório nas mãos.

Cameron definitivamente criou um novo mundo, com diversas possibilidades ainda a serem exploradas, novas histórias para serem contadas e quem sabe levar o público a revistar Pandora e todo o visual fantástico daquele mundo mais algumas vezes. Será difícil não querer voltar a sala de cinema para rever o filme, tamanha é a sua perfeição técnica, alias foram 11 anos desenvolvendo todo o aparato para Avatar se tornar realidade.

Realmente um marco da história do cinema, que entrará definitivamente em um seleto hall que somente algumas obras tem o direito de permanecer e Avatar com todos os méritos tem direito ao posto, pois se Cameron já era o "Rei do Mundo" agora ele é sem dúvida nenhuma o "Rei de Pandora".

sábado, 12 de dezembro de 2009

Crítica - A Princesa e o Sapo

Com a chegada das novas tecnologias e os desenhos animados todos passando a serem feitos por computador, parecia ser quase impossível para a animação tradicional ter espaço novamente em um mercado cada vez mais ávido pelos mundos virtuais em 3D. Porém como para a Disney nada é impossível e basta somente acreditar que as coisas irão funcionar ela aposta as suas fichas novamente na animação tradicional e nos dá um conto de fadas moderno como a muito tempo não se via nas telas cinemas.

Aliando um roteiro eficiente, música de primeiríssima qualidade (estamos falando de jazz, precisa dizer algo mais?) e resgatando toda a magia que a Disney sempre teve em seus clássicos, o estúdio dá ao público um filme mágico em todos os sentidos e "A Princesa e o Sapo" (The Princess & The Frog, EUA 2009) é um encanto só. Não falo isso por ser fã da Disney e procuro ser sensato nas minhas críticas julgando realmente o filme em todos os aspectos.

O filme começa com Tiana ainda criança escutando de sua mãe uma história sobre a princesa que beija um sapo e este se torna um príncipe encantado se casando com a princesa posteriormente. Um pouco mais a frente somos apresentados ao pai de Tiana que trabalha duro para manter a sua família, mas mantêm o sonho de montar o seu próprio restaurante e ensina a Tiana que o maior poder para a realização de um sonho está dentro do coração de cada um de nós e só assim esses se tornam realidade.

Os anos passam e encontramos Tiana já adulta e determinada a cumprir o sonho de seu pai que já não está mais entre ela e sua mãe. Ao mesmo tempo chega a cidade o Príncipe Naveen que deve arrumar uma noiva rica e se casar. É neste momento que cruza o caminho de Naveen o vilão da história, o Homem das Sombras (tradução em português para o personagem Dr. Facilier) que é um mestre voodu que se vale da magia negra para dominar a cidade e pagar a sua dívida com os espíritos malignos.

Naveen então é enganado pelo Homem das Sombras que o transforma em sapo e ainda é traído pelo seu assistente, que devido aos anos de humilhação vê a chance de ser rico caso o pacto que sela com o vilão venha a ser cumprido.

Lógico que Naveen esbarra em Tiana e a confunde com uma princesa, só que está também é transformada em sapo após o beijo que supostamente quebraria o feitiço do Homem das Sombras, logo os dois irão ter que colaborar um com o outro se estes quiserem ser humanos novamente.

E mais um acerto da Disney em relação ao longa é colocar tudo o que deu certo nos filmes anteriores do estúdio neste daqui. Sem contar nas homenagens aos filmes clássicos da Disney que estão espalhados por todo o longa. Basta reparar na estante de bonecas na primeira cena onde Tiana escuta a história as princesas dos outros filmes da Disney estão lá, ou mesmo no molde que a mãe de Tiana usa para costurar, é o mesmo que estava presente em Cinderela, ou nos carros alegóricos no desfile de Carnaval pelas ruas de New Orleans... e mesmo a Pequena Sereia Ariel aparece representada no filme na cena do baile de máscara... homenagens justas para os filmes responsáveis por todo o sucesso do estúdio ao longo de todos esses anos.

Os personagens secundários criados para auxiliar Naveen e Tiana em sua jornada são igualmente cativantes e os destaques ficam por conta do jacaré tocador de jazz Louis e do vaga lume Ray.

As sequências musicais também estão presente no longa e caem como uma luva na narrativa, antes isso só havia ocorrido com o "Rei Leão" (The Lion King, EUA 1994) que teve a sua trilha composta por Elton John e isso já fazem 15 anos.

Unindo uma história correta com muitas mensagens - tradição Disney neste segmento - o filme encanta a plateia e mostra que a animação 2D ainda tem muito a ser explorada e que possibilidades é que não faltam.

A palheta de cores escolhida para retratar a cidade de New Orleans e os pântanos (onde a maior parte da ação se passa) são perfeitas, e não comprometem os belíssimos cenários desenhados para o filme.

Ahh e lógico que não poderia faltar a estrela sempre brilhante no céu batizada de Evangeline para a qual os personagens sempre se voltam para pedir por ajuda nos momentos mais difíceis.

E como diria Walt Disney em uma de suas célebres frases "O sonho da Disney nunca irá estar completo enquanto houver a imaginação humana". E parece que o sonho está muito distante de acabar e resta ao público somente desejar para uma estrela brilhante no céu que outros filmes deste mesmo quilate e magnitude sejam produzidos e que os magos da Disney voltem a nos levar para mundos cada vez mais mágicos, cheios de sonhos e fascinantes.

No final da projeção o público irá sair do cinema com a certeza que cabe somente a cada um nós realizar cada um dos nossos sonhos sejam eles quais forem.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Documentário - A Todo Volume

Parece que cada vez mais bons documentários entram em cartaz nas telas dos cinemas criando assim um vínculo maior entre o grande público e esse gênero que anda reduzido aos circuitos de arte e ao fiel público que frequenta esse circuito mais fechado.

No último dia 02/12 resolvi assistir "A Todo Volume" (It Might Get Loud, EUA 2008) no Vale Open Air e para minha surpresa o filme é uma verdadeira aula de música e para aqueles que apreciam rock, um encontro de três guitarristas que cada qual com o seu estilo ao longo do filme vão contando ao público toda a sua trajetória até os dias atuais.

The Edge (U2), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Jack White (White Stripes) se reunem em um galpão para trocarem experiências sobre como tocar e tirar os mais diferenciados acordes da guitarra elétrica.

É a partir dai que cada um vai contar ao público toda a sua trajetória e compartilhar experiências sobre como foram desenvolvendo ao longo dos anos o estilo único de cada um. Jack White recorda os tempos em que ganhou o seu primeiro violão e começou a se ingressar no mundo do rock. Por sua vez Jimmy Page recorda o que levou o Led Zeppelin a gravar em uma mansão em meio a uma paisagem bucólica inglesa e como aquilo ditou novos rumos para algumas bandas da época a fazerem o mesmo. E por fim acompanhamos The Edge até o local onde o U2 fez as suas primeiras apresentações em uma laje que ficava atrás de um colégio nos arredores de Dublin.

O filme prossegue alternando as recordações dos músicos e as suas discurssões sobre os vários estilos de se tocar a guitarra elétrica. É um verdadeiro presente ver os três tocando juntos e o respeito que um tem pelo outro na arte do ofício.

Ao fim do filme o público presente não teve como não aplaudir o documentário do diretor Davis Guggenhein e de quebra durante os créditos finais ganhar uma palinha dos três tocando ao violão uma canção em formato acústico, coisa de quem domina a arte. E fica aqui a torcida para que este filme entre em cartaz nos cinemas para que um público maior possa ter acesso a ele.

No caso deste filme temos a definição do que realmente é música para ver e ouvir e a todo volume.