domingo, 21 de agosto de 2011

Crítica - Super 8

Quando era criança e adolescente nos anos 80 cresci assistindo a filmes como Goonies, E.T, Gremlins, entre muitos outros em que a temâtica era quase sempre a mesma coisa, mas eram filmes que tinham os seus roteiros tão bem escritos que de uma maneira ou de outra encantavam os espectadores. Porém com o passar do tempo essa magia foi se perdendo e os filmes passaram a não ter mais um tom de inocência como os citados acima.

Porém o diretor J.J. Abrams, o mesmo que revitalizou a série Star Trek no cinema, se uniu a Steven Spielberg que entra aqui como produtor executivo, para levar as telas o excelente "Super 8" (Super 8, EUA 2011) e fazer com que os mais saudosos revivam toda a magia dos filmes dos anos 80.

O ponto de partida do filme é a morte da mãe de Joe (Joel Courtney), logo entra aqui o elemento da família partida, que em E.T. era representado pelo divórcio dos pais de Elliot. O filme avança 4 meses e chegam as férias escolares de verão do grupo de garotos que serão os verdadeiros protagonistas do filme, pois os mesmos estão rodando um filme de zumbis trash para participar de um festival de filmes amador. Em uma determinada noite o grupo decide rodar uma das cenas em uma estação de trem um pouco afastada da cidade, mas destemunham ali um "acidente" de trem e tudo fica registrado na velha máquina super 8, daí o título do filme. A cena do acidente é perfeita em todos os sentidos, não há falhas, além de ser dirigida de forma magistral, uma cena que já entrou para a história do cinema.

É durante o acidente que uma criatura é libertada e começa a aterrorizar a pequena cidade no interior de Ohio, porém os meninos começam a desconfiar que na verdade existe muito mais por trás do acidente que destemunharam. É ai que entra o lado "Cloverfield" (filme dirigido por Abrams) do filme, pois só vemos vultos da tal criatura.

Se existe um elenco adulto no filme, estes funcionam como meros coadjuvantes, o filme é realmente dos garotos e da única menina do elenco que é Elle Fanning (irmã mais nova de Dakota Fanning) e são delas momentos de atuação perfeitos no filme, onde demonstra uma enorme maturidade como atriz.

O roteiro é outro acerto de Super 8, pois nada ocorre fora do contexto e toda a ação é baseada nos fatos que se desenrolam e sem que sejam cometidos exageros, talvez a única cena mais exagerada do filme seja a dos tanques de guerra dentro da cidade quando o exército invade a cidade para eliminar a tal criatura e mesmo assim há alguma veracidade por trás da cena apesar dos exageros. Outro grande acerto do filme é ambientar toda a ação no ano de 1979.

A trilha sonora parece ter sido importada diretamente da década de 80 para os dias atuais e lembra muito as memoráveis trilhas criadas por John Williams para os filmes daquela época, pois a mesma pontua as cenas de ação de forma perfeita indo até as cenas mais tristes quando Joe se lembra de sua mãe ao visitar o seu túmulo.

E lógico não poderia faltar os efeitos especiais para fechar todo o pacote e estes trabalham a favor do roteiro e não contra ele e entram no momento certo na trama.

Outra coisa que chama a atenção é a arte do cartaz, que lembram em muito os cartazes dos filmes antigos da década de 80.

Os mais atentos irão perceber inúmeras referências nos cenários aos filmes da década de 80 e são cartazes de filmes de terror, naves de Star Wars entre outras referências todas prestando a devida homenagem aos clássicos que fizeram fãs ao redor do mundo.

Muitos poderam achar ao terminar de assistir ao filme que virão um "E.T" do século 21 e se pensarem isso não estaram pensando errado, pois o filme realmente se assemelha muito ao antigo filme da década de 80 que permanece um clássico e aqui em Super 8 de uma maneira ou de outra recebe as devidas homenagens.

Um filme que merece ser visto no cinema para que os mais saudosos revivam a década de 80 e para que uma nova geração possa ter a sensação do que era esse cinema mágico que Spielberg, Lucas entre outros que levaram as telas nesta década já distante histórias que encataram fãs do mundo inteiro. Não será surpresa se "Super 8" entrar para a lista dos melhores filmes de 2011 no Oscar do ano que vem e será com todo o mérito.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Crítica - Capitão América: O Primeiro Vingador

Os filmes dos super heróis da Marvel já se consolidaram no cinema de ação, além de já terem datas cativas para as suas estréias e ainda levam fãs e não fãs dos heróis para as salas escuras para assistirem as suas aventuras. Com "Capitão América - O Primeiro Vingador" (Captain America: The First Avenger, EUA 2011) o ciclo se fecha e o cenário já está pronto para o filme da super equipe da Marvel do ano de 2012, "Os Vingadores" (The Avengers, EUA 2012).

Um dos maiores acertos do filme é situar a história durante a Segunda Guerra Mundial, exatamente na origem do personagem, além de mostrar personagens que foram citados somente nos outros filmes da Marvel, um desses personagens é o pai de Tony Stark (Homem de Ferro), Howard Stark ( Dominic Cooper)   que é o responsável pela criação do Capitão América (Chris Evans), devido ao soro que ele injeta em Steve Rogers no experimento para criar os Super Soldados. Devido a essa decisão o filme além de ligar os fatos conta de forma clara até para os não fãs como foi a origem do personagem.

Outro acerto foi convidar o ator Hugo Weaving para ser o arquinimigo do Capitão América e o seu Caveira Vermelha é perfeito, apesar do ator só aparecer com o seu alter ego na segunda metade do filme, porém antes como o nazista Johann Schmidt ele não decepciona.

A história do filme começa com as inúmeras tentativas de Steve Rogers para entrar no exército e defender o seu país contra as forças do eixo na Europa, só que devido ao seu porte físico ele é sempre reprovado durante o recrutamento, até que durante a sua visita a Stark Expo ele é misteriosamente recrutado pelo serviço militar e finalmente vai para a Europa. Porém o real motivo de seu recrutamento era se tornar um dos possíveis candidatos a participar da experiência para se tornar um dos super soldados. Só que para isso terá que passar pelo treinamento militar supervisionado pelo Coronel Chester Philips (Tommy Lee Jones), que como de costume nos filmes da Marvel é o personagem que serve de alívio cômico para a trama.

Já a atriz Hayley Atwell que faz a personagem Peggy Carter, tem bons momentos no filme e serve como par romântico para Steve Rogers. Porém a sua personagem não é uma mulher frágil e em algumas cenas está na frente de batalha para defender o seu país.

É após a experiência que transforma Steve Rogers em Capitão América que o filme assume ainda mais o seu lado patriótico e não faltam referências aos EUA e toda aquela patriotada e discurso pró americanos já visto em muitos filmes. Esse é senão o único "erro" do filme, porém pode ser facilmente colocado de lado.

A trilha sonora é correta e serve corretamente a ação que se desenrola na tela.

O roteiro é outro ponto alto do filme, pois a ação ocorre sempre quando deve ocorrer e tirando uma cena ou outra mais exagerada, as demais são bem colocadas ao longo do filme. Merece destaque aqui a excelente sequência onde o Capitão América e o seu grupo de soldados tomam um dos trens Nazistas em um desfiladeiro, a sequência é bem dirigida e a ação é na medida certa. Porém o clímax do filme merecia um pouco mais de ação, porém nada que comprometa o resultado final do filme. Merece destaque tanbém a maneira que os roteiristas encontraram para levar o Capitão para os dias atuais e logo fazer o link para o filme dos Vingadores.

Com todo esse trabalho de contar aos poucos nos filmes solos de cada um dos heróis como a super equipe irá se reunir, ficou claro o que a Marvel pretende fazer em 2012 com "Os Vingadores".

O resultado final de Capitão América é satisfatório e como filme de ação é perfeito e lembra muito os longas do gênero dos anos 80 e 90. Se "Bastardos Inglórios" (Inglourious Basterds, EUA 2009) de Quentin Tarantino não tivesse sido feito a dois anos atrás o filme do Capitão América daria um outro foco para a Segunda Guerra Mundial, porém o filme do herói que tem como uniforme a bandeira americana, agrada a fãs e não fãs. Ao final dos créditos está lá escondido o trailer do tão esperado "Os Vingadores" que promete ser o filme de super heróis definitivo da Marvel é esperar para ver, pois tudo está pronto.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Crítica - Assalto ao Banco Central

Após a retomada do cinema nacional, muito bons filmes foram feitos e outros não tão bons assim, porém todos contribuiram de uma forma ou de outra para a maturidade do nosso cinema, que aos poucos cai no gosto do espectador, que antes só estava acostumado aos filmes made in USA. E "Assalto ao Banco Central" (Brasil, 2011) é mais um exemplo de bom cinema nacional.

A trama se baseia no caso real ocorrido em Agosto de 2005, quando um grupo de ladrões planejou meticulosamente uma maneira de entrar no cofre do Banco Central em Fortaleza e roubar R$ 164.7 milhões. O grupo passou quatro meses cavando um túnel que os levaria ao interior do cofre, onde só roubariam notas de R$ 50,00 que estavam para serem incineradas. Todo esse planejamento levou a todos os envolvidos a cometer o maior roubo a banco do século e isso tudo sem disparar um único tiro, fazer soar um alarme sequer e após terem sido gastos milhares de reais com todo esse planejamento.

No elenco estão Eriberto Leão (Mineriro), Hermila Guedes (Carla), Milhem Cortaz (Barão), Lima Duarte (Chico Amorim) e Giulia Gam (Telma Monteiro), que compõem o núcleo central do filme, além das participações especiais de Daniel Filho, Cassio Gabus Mendes e Milton Gonçalves.

O grande trunfo do filme e a sua maior contribuição para o cinema nacional é a sua montagem, pois o filme não tem uma narração linear e vai e volta no tempo para retratar o caso que deixou todo o país com muitas perguntas até hoje. Montado de uma forma ágil e em alguns momentos se utilizando até mesmo de uma câmera mais rápida o diretor Marcos Paulo consegue imprimir o ritmo certo para a narrativa do filme, sem que o público fique disenteressado logo pela trama central do filme.

Como o caso não foi elucidado e muitas perguntas são feitas até hoje a seu respeito, os roteiristas tiveram que preencher as lacunas que faltavam para que o roteiro se fechasse por completo. Logo quem acompanhou o caso nos jornais da época irá perceber o que é realidade e o que é ficção no filme, porém essas inclusões não atrapalham no resultado final do longa e até coloca alguma luz no que pode ter ocorrido realmente.

Como todo filme policial existem cenas violentas e que podem incomodar um pouco o público, como as cenas de sexo protagonizadas pela personagem Carla ou a cena da tortura de um dos integrantes do bando por policiais corruptos que querem uma parte do dinheiro roubado para si. Porém esses momentos se encaixam perfeitamente na trama e apesar de serem um pouco exagerados não estragam narrativa do filme.

A trilha sonora foi bem escolhida e enriquece ainda mais as cenas onde a música é necessária para pontuar a ação que está passando na tela e criar um certo suspense quando for o caso.

Ao final o público terá assistido a mais um bom filme nacional e agora podemos ter certeza que com todo o cuidado que os diretores e produtores estão tendo com os filmes nacionais, logo iremos ter mais  blockbusters, como foi o caso de "Tropa de Elite 2", e definitivamente o Brasil irá voltar para a rota do cinema mundial.