De tempos em tempos o cinema nos brinda com verdadeiras obras primas, que são perfeitas em todos os sentidos e nos faz lembrar do porque que o cinema é conhecido como a sétima arte.
O filme em questão é a "A Partida", vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008 que chega com um pouco de atraso e com um número de cópias reduzidas as salas de cinema. Porém o filme é a melhor definição de como colocar poesia na tela.
O tema é um pouco incômodo para alguns pois trata da morte, na verdade o momento em que a pessoa morre e é preparada para receber as homenagens póstumas.
A história acompanha Daigo um jovem que toca violoncelo em uma orquestra em Tokyo que após a mesma ser dispensada pelo seu proprietário, resolve se mudar com a sua esposa de volta para a sua cidade natal no interior do Japão. Lá Daigo arruma emprego como agente funerário e é a partir desse momento que ele começa a ver a vida e a morte com outros olhos.
O filme é cheio de referências, metáforas e belíssimas cenas que soam como poesia na tela. A trilha sonora sustenta a narrativa de forma expecional, as belas paisagens do interior japonês cai como uma luva para compor as tomadas externas do longa e nada ali é desnecessário, tudo se encaixa perfeitamente.
Uma belíssima cena é a que Daigo toca Ave Maria de Gonnoud no violoncelo na noite de natal, a música é perfeita para a cena e para o que vem a seguir.
"A Partida" é um filme mágico, que trata um momento triste de forma delicada e pura.
Pode-se dizer ainda que este é sem sombra de dúvida a melhor estréia do ano e que merecia um circuito maior, porém os exibidores novamente cometem o equívoco de reduzí-lo a algumas salas e poucos horários.
Ao final da projeção aqueles que assistirem ao filme, vão passar a olhar a vida por uma outra ótica.