Terry Gillian já havia se aventurado pelo cinema fantástico antes só para citar o excelente "As Aventuras do Barão de Munchausen" (The Adventures of Baron Munchausen, EUA 1988) ou no espetacular e surpreendente "Os Dozes Macacos" (Twelve Monkeys, EUA 1995). Com esses filmes e alguns outros no curriculo o diretor egresso do grupo de humor inglês Monty Phyton faz um filme que beira a perfeição em termos de cinema fantástico e "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus" (The Imaginarium of Doctor Parnassus, EUA 2009) é um excelente exemplar deste tipo de cinema.
Com uma premissa simples, porém eficiente Terry Gillian nos apresenta a um grupo de teatro mambenbe que vive nas ruas de Londres a procura de pessoas que ousem a entrar no imaginário do Dr. Parnassus (vivido por Christopher Plummer), logo ficamos sabendo que o motivo para essa busca do Dr. e sua trupe por essas almas, nada mais é devido a um antigo pacto que este tem com o Sr. Nick (Tom Waits) que é ninguém menos que o diabo. O trato iria conceder ao Dr. Parnassus a vida eterna, ter o amor de sua vida e entregar a sua bela filha Valentina (vivida pela atriz Lili Cole) quando esta completasse 16 anos de idade.
Porém o Sr. Nick propõem uma nova aposta ao Dr. Parnassus dando a chance deste salvar a alma de sua filha, em três dias quem coletar primeiro cinco almas vence a aposta e o Sr. Nick teria que liberar Valentina.
É neste momento que a trupe resgata Tony (Heath Ledger) - o ator morreu durante as filmagens e a maneira encontrada por Gillian para substitui-lo não por um mas por três atores foi perfeita e coisa de quem realmente entende de cinema - e este se junta a trupe, só que não estava nos planos do Dr. Parnassus que este iria se apaixonar por Valentina despertando o ciúme em Anton (Andrew Garfield), que nutre uma paixão secreta pela garota.
Visualmente é um filme muito bem fotografado, principalmente nas cenas que se passam dentro do imaginário, nada exagerado e na medida certa. E as cenas que se passam em Londres mostra as partes mais sujas e decadente da cidade e com isso Gillian consegue passar a idéia de que aquela trupe vive a beira da sociedade.
As cenas em que Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell vivem Tony, sempre dentro do imaginário se encaixam perfeitamente na história e não comprometem a narrativa e muito menos o trabalho que vinha sendo realizado por Ledge, antes da sua pré-matura morte. Ao contrário garantem cada um ao seu estilo de atuação enriquecer ainda mais o personagem.
Outro destaque do filme é o ator Verne Troyer, o anão que vive o fiel companheiro e conselheiro do Dr. Parnassus e são dele as melhores tiradas do filme. O personagem é uma espécie de consciência do Dr. e esta sempre pronto a retirá-lo das armadilhas preparadas pelo Sr. Nick.
Com uma direção eficiente, um roteiro inteligente e uma fotografia perfeita, o filme cativa o público que aos poucos vai entrando na história e fica intrigado para saber como tudo aquilo vai acabar. Confesso que eu mesmo fiquei surpreendido com a qualidade do filme e tenho certeza que Terry Gillian atingiu a maturidade em filmes fantástico.
E como um dos personagens mesmo diz lá pelas tantas quando é indagado que se é possível ter um final feliz... "isso nós não podemos garantir", pois cabe a cada um de nós escrevermos esse final feliz para nós mesmo a nossa maneira nas nossas vidas. Afinal qual é o final feliz perfeito para cada um?