domingo, 9 de outubro de 2011

Pré Estréia - Um Dia

Esta é a centésima postagem do Movies & Cultures. Quando comecei o blog a dois anos atrás, em maio de 2009, queria colocar em prática um projeto antigo de escrever sobre filmes, coisa que eu fazia esporadicamente em outros sites. Quando fui vendo que se aproximava da crítica número 100 imaginei que tinha que ser um filme especial para merecer essa posição. E como na vida as surpresas ocorrem de uma hora para a outra e o momento para postar essa crítica é também especial em minha vida, pois estou a uma semana do meu casamento e nada melhor que escrever sobre uma história de amor, mas não é uma história de amor qualquer é uma história de amor como à muitos anos não chegava as telas do cinema.

O filme se chama "Um Dia" (One Day, Inglaterra 2011), dirigido pela premiada diretora inglesa Lone Scherfig de "Educação" (An Education, Inglaterra 2009), e é baseado no romance homônimo de David Nicholls (já comentando aqui no Blog) e tem como personagens principais uma garota idealista Emma (Anne Hathaway) e um rapaz rico e mimado Dexter (Jim Sturgess), que terão suas vidas retratadas ao longo de 20 anos de convivência e neste período eles irão conversar, se consolar, se ajudar, brigar, retornar a amizade, enfim todos os elementos que tornam uma amizade sincera possível.

No ínicio da projeção vemos Emma no dia 15 de Julho de 2006 e o tempo então recua para o dia 15 de Julho de 1988 a noite em que Emma e Dexter se conheceram e se tornaram amigos, e nesta primeira cena está a grande sacada para fazer com que o público entenda que os anos irão passar e fazer com que a linha narrativa do roteiro, escrito pelo próprio autor do livro, seja coesa ao longo de toda a projeção. 

Com 108 minutos de duração o filme alterna momentos divertidos e outros tristes (alguns até levam as lágrimas) como ocorre na vida. 

A cada ano os personagens vão amadurecendo, colocam projetos pessoais em prática, erram, pedem perdão um ao outro e seguem em frente com as suas vidas. No caso de Emma que tem como primeiro emprego o de garçonete em um restaurante mexicano, porém não desiste do seu grande sonho que é o de escrever livros para crianças e adolescentes, por outro lado Dexter quer curtir a vida e passa de um romance a outro em um curto espaço de tempo, para ele tudo é uma festa que parece não ter fim, pois o estado normal de seu personagem é estar de ressaca após longas noitadas com mulheres, bebidas e drogas.

Porém Dexter nutre algo mais pela melhor amiga, só que o seu estilo de vida não agrada a Emma que apesar de nutrir os mesmos sentimentos pelo amigo, acha que ele ainda precisa amadurecer para merece-la por completo. E será Emma que irá curar as feridas que a vida irá imprimir em Dexter e ser curada pelo amigo quando ela precisar, coisas que só as verdadeiras amizades permitem.

Só que a vida tem sempre cartas nas mangas e de um ano para o outro o rumo das vidas dos personagens mudam para melhor ou para pior, afinal é a vida real sem tirar nem por que está sendo retratada nas telas, por isso tudo é possível.

Como o roteiro foi escrito pelo próprio autor do livro a essência do mesmo foi mantida nas telas e após lapidar os excessos (são 410 páginas no total) retratou nas telas o que era necessário, porém para quem leu o livro nada irá mudar e para quem não leu irá procurar o mesmo nas livrarias para ler, mesmo já sabendo o final da história. Não há dúvidas que esse roteiro já é um dos fortes candidatos a roteiro adaptado no próximo Oscar, tamanha a semelhança entre livro e filme.

Outro ponto forte que não foi deixado de lado são os elementos da cultura pop que vão desde as músicas, filmes e video games da época em que está sendo retratada a cada ano da história, e não será surpresa escutar Tears for Fears, ver referências a Evil Dead e Star Trek, passando games como Mortal Kombat e a  popularização do celular, tudo mostrado de maneira sutíl e que se encaixa perfeitamente na narrativa.

A medida que os anos avançam os atores precisavam envelhecer, então entram os truques de maquiagem para fazer com que os mesmos na casa dos seus 30 anos na vida real, se tornem velhos, no caso de Emma o cabelo fica mais curto e o seu estilo de se vestir mudam ao longo dos anos, já Dexter ganha cabelos grisalhos e barba e amadurece aos poucos.

Quem já leu o livro vai perceber que até os diálogos que mais chamavam atenção estão lá e da mesma forma como foram escritos. 

Um execelente filme de romance que vai permanecer na memória de todos que assistirem por muitos e muitos anos e merece sem sombra de dúvidas muitos prêmios, não será surpresa se algumas estatuetas do Oscar forem arrematadas pelo mesmo,afinal é um filme que cativa, faz rir e chorar, mas como na vida no momento certo e como diz a personagem Emma em uma de suas frases mais marcantes "Não importa o que irá acontecer amanhã se nós sempre teremos o hoje", pois na vida são os momentos presentes que contam e são esses que determinam o nosso futuro. E essa é a grande mensagem do filme aproveitar cada momento, que é único, nem que seja por um dia.

Crítica - Contra o Tempo

A ficção científica é um gênero cinematográfico que tem de tempos em tempos volta a cena nas telas dos cinemas, porém não são todos os filmes desse gênero que se saem bem nas bilheterias. Não é o caso de "Contra o Tempo" (Source Code, EUA 2011), que ao misturar Avatar com Matrix consegue prender a atenção dos espectadores em seus 93 minutos de duração.

Um dos acertos do roteiro é ir direto ao assunto e não perder tempo de contar para o público a origem dos personagens, até porque esse é um dos mistérios que serão desvendados ao longo da projeção. 

A história começa com o soldado Colter Stevens (Jake Gyllenhall) acordando no corpo de um outro homem que viaja em um trem em companhia de uma mulher, que neste momento não fica claro para o público que tipo de relação eles tem. Um série de fatos ocorrem e exatos 8 minutos depois o trem explode matando todos que estão a bordo e Stevens acorda em uma espécie de cápsula, onde uma outra militar conhecida somente como Colleen Goodwin (Vera Farmiga), faz uma série de perguntas a Stevens relacionadas ao atentado que acabou de ocorrer, além é claro de explicar em parte do que se trata aquilo tudo. Na verdade o Código Fonte (o título original do filme em inglês) é uma experiência do Governo que possibilita que por oito minutos uma pessoa entre no corpo de uma das vítimas do atentado que está por vir e localize o terrorista, para que este seja posteriormente preso pelas autoridades.

Um filme que terá a sua cena chave (a da explosão do trem) repetida inúmeras vezes tinha tudo para ser maçante e chato, porém o roteiro é tão bem estruturado que está cena vai mudando de acordo com que Stevens vai mexendo com aquela realidade paralela até localizar o terrorista e passar o seu nome para as autoridades. Porém Stevens acaba se afeiçoando por uma das passageiras, neste caso Christina (Michelle Monaghan) e esse fato faz com que ele ainda tenha alguns flashs de memória onde ele irá recordar algumas coisas do seu passado como soldado.

A princípio pode parecer complicado entender toda a trama, porém o roteiro vai revelando os mistérios ao longo da projeção e no momento certo, e neste ponto se destacam também os atores que dão vida aos seus personagens na medida certa. O filme é praticamente dirigido por um diretor estreante em longas e sem um título de destaque em seu currículo, porém já neste demonstra que tem tudo para fazer bons filmes.

Já o trio de atores principais, estão bem em seus papéis e aqui se percebe novamente que unir bons atores a um roteiro eficiente e bem escrito, pode render boas histórias e sem que o público fique contando os minutos para terminar o filme.

No final Contra o Tempo é um filme que tem uma boa dose de ficção científica, suspense e ação e todos na medida certa. Ao final tudo será explicado e o público irá compreender toda a trama que se passou na tela. E em tempos de continuações o final deixa uma porta aberta para mais alguns filmes, só se espera que os produtores não queiram correr literalmente contra o tempo para colocar outros filmes nas telas e estragar um roteiro que tem tudo para gerar boas continuações, afinal este faz cada segundo de projeção valer a pena.