domingo, 20 de fevereiro de 2011

Crítica - Cisne Negro

Antes de mais nada um aviso importante "Cisne Negro" (Black Swan, EUA 2010) não é um filme que irá agradar a todos os públicos, pois contêm cenas que realmente incomodam a maioria dos espectadores. Além é claro de ser um filme de Darren Aronofsky, que assim como em todos os seus longas anteriores procurou sempre focar a degradação que uma pessoa pode causar a si mesma, seja no perturbador "Pi" (Pi, EUA 1998), no impactante "Réquiem para um Sonho" (Requien for a Dream, EUA 2000) ou no aclamado "O Lutador" (The Wrestler, EUA 2008) e que devolveu o até então esquecido ator Mickey Rourke ao estrelado em Hollywood.

Em todos esses filmes o diretor joga o foco na vida de uma pessoa e de como a mesma pode através de seus próprios atos ir se degradando ao poucos. Em Cisne Negro isso não é diferente, só que o foco do diretor agora é mostrar que a busca pela perfeição pode levar uma pessoa a embarcar em uma jornada sem volta aos seus mais profundos medos e anseios.

Para contar essa história de forma a não dar margem a segundas interpretações o diretor foca a sua lente sobre o mundo do ballet em Nova York, onde cada bailarina ou bailarino quer dar o melhor de si para conseguir o melhor papel em um espetáculo de ballet. E aqui vale a pena dar um segundo aviso o filme não é sobre ballet e os seus bastidores, esse foi somente o meio utilizado pelo diretor para contar a história.

No ínicio da projeção ficamos conhecendo a bailarina Nina Sayers (Natalie Portman) que vive exclusivamente para o ballet, em busca do papel que irá lança-la ao sucesso e ao reconhecimento que tanto deseja. Porém será essa busca que fará Nina se degradar por suas próprias mãos, ao acreditar que Lily (Milla Kunnis) uma bailarina recém chegada ao corpo de ballet está tramando para lhe tirar o papel que ela sempre sonhou em conquistar, que é o de interpretar o Cisne Branco e o Cisne Negro na nova montagem do Lago dos Cisnes de Tchaikovsky, papel esse que exige demais do intérprete uma vez que ambos tem características diferentes e opostas.

Quando Nina é escolhida pelo rígido diretor da montagem atual do ballet Thomas Leroy (Vincent Cassel), o seu mundo começa a despencar, pois a busca pela perfeição irá fazer com que a jovem bailarina vá descendo cada vez mais a lugares mais obscuros da sua mente em um caminho sem volta.

No filme a atenção do espectador deve ser redobrada, para entender o que é real e o que é puramente imaginação de Nina já que ambos os mundos se confundem na mesma linha narrativa.

A atuação da atriz Natalie Portman é sem sombra de dúvida impecável e consegue passar para o público toda a fragilidade e angustia vivida por Nina em sua busca pela perfeição. Se não houver surpresas na noite de entrega dos Oscar a atriz deve sair da cerimônia com a sua estatueta nas mãos e justiça seja feita um prêmio merecido.

Completando o elenco principal esta a atriz Barbara Hershey que interpreta a mãe super protetora de Nina e que enxerga na filha, a esperança de ver como teria sido a sua vida caso ela não tivesse desistido do ballet para poder criar Nina, após uma gravidez não planejada. Pois este fator de super proteção irá também colaborar para que Nina não enxergue de forma clara para onde a sua vida está indo.

A fotografia do filme em alguns momentos pode incomodar os espectadores acostumados a uma câmera mais fixa, pois o diretor se vale de várias técnicas de filmagem, entre elas a de usar em muitas cenas a câmera "caminhando" junto com os seus atores ou então na cena da boate onde se tem a sensação de estar realmente em uma rave de verdade.

O filme apesar de ser um dos dez indicados para o prêmio de melhor filme de 2010, não deve levar essa estatueta, pois é um filme que vai na contramão dos padrões de Hollywood.

Ao final da projeção não será difícil encontrar pessoas entre o público que adoraram o filme e as outras que simplesmente detestaram o mesmo, pois as opiniões são realmente divergentes quando se trata de um filme de Aronofsky.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Crítica - Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família

Quando a franquia se iniciou em 2000 com a excelente comédia "Entrando Numa Fria" (Meet the Parents, EUA 2000), a dupla Robert DeNiro e Ben Stiller fizeram o público rir das situações que eram criadas pela "rivalidade" entre o sogro linha dura e ex-agente da CIA (DeNiro) e o enfermeiro GayLord "Greg" Focker (Stiller) as piadas eram ágeis, e a cena do detector de mentiras era um dos pontos altos do filme, que tinha como a simples premissa o casamento de Greg e Pam (Teri Polo) e a primeira visita que Greg faria aos futuros sogros, a receita deu tão certo que uma continuação era eminente e em 2004 chegava as telas "Entrando Numa Fria Maior Ainda" (Meet the Fockers, EUA 2004) o foco agora mudava eram os sogros que iriam visitar os pais de Greg e a entrada dos personagens de Dustin Hoffman e Barbra Streisand como os pais de Greg, só adicionaram mais graça as piadas e situações criadas.

Os anos passaram e mesmo com uma brecha aberta para um terceiro capítulo ao final da segunda parte, parecia que a fatura já estava liquida e nada mais seria feito com a franquia, porém os produtores inventaram de fazer um terceiro capítulo e "Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família" (Little Fockers, EUA 2010) chega as telas 6 anos depois do segundo capítulo e 10 anos após o filme original, além disso chega de forma cansada e com piadas fracas e não há nada mais de novo para se ver.

A trama é simples, com o passar dos anos Greg e Pam vivem as suas vidas com os filhos que foram mencionados no final do segundo filme. Porém após um princípio de enfarto Jack Byrnes (DeNiro) precisa escolher um sucessor para ser o patriarca da família, porém ele não tem a confiança que Greg seria a melhor escolha para assumir esse papel, porém após o divórcio de sua filha mais velha do genro de que Jack mais gostava, ele não tem outra saida a não ser acreditar que Greg irá sucede-lo e fazer o papel de patriarca mesmo contra a sua vontade, é ai que Jack tentará terminar com o casamento de Greg e Pam, e convencer a filha a se casar novamente só que com Kevin (Owen Wilson), seu antigo namorado e por quem Jack ainda nutre uma esperança de fazer parte da família oficialmente.

Novos personagens foram acrescentandos a trama, porém ao contrário do que ocorreu no segundo filme, os novos atores que se juntaram ao elenco original neste terceiro capítulo nada acrescentam e Harvey Keitel, Laura Dern e Jessica Alba nada puderam fazer para melhorar o já fraco roteiro, até o trocadilho do nome da personagem de Jessica Alba (Andi Garcia) que poderia render boas piadas no filme, até aproveitando o gancho de ter DeNiro no elenco é mal aproveitado.

Ao tentar virar o foco para as crianças Samantha e Henry Focker, que deveriam ser as peças centrais da trama o roteiro se perde novamente e não chega a lugar nenhum. A melhor cena envolvendo as crianças é quando Henry acorda no meio da noite e ve uma cena constragedora entre o seu pai e o seu avô, porém uma boa piada não salva um filme inteiro do desastre.

Com tantos fatores negativos "Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família" é o tipo do filme caça níquel que se sustenta somente devido ao sucesso de seus antecessores, porém o público com toda a certeza não irá engolir uma quarta parte para está história que já deu tudo o que tinha que dar e merecia sem dúvida alguma um terceiro capítulo digno para ser o fechamento da série. Por isso prefira uma reprise do original e de sua excelente continuação e já estará de bom tamanho, pois este aqui não tem nada a acrescentar!!!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crítica - O Turista

Quando foi divulgado que Johnny Depp iria fazer um filme de suspense tendo Angelina Jolie para contracenar, muitos acharam que a química entre os dois não iria funcionar muito bem, porém para a surpresa de todos não só funcionou perfeitamente, como "O Turista" (The Tourist, EUA 2010) é um suspense como a algum tenmpo Hollywood não levava para as telas.

A premissa é simples e o filme parte diretamente para a ação, ao invés de perder tempo de introduzir personagens e contar as suas histórias para o público. Tudo começa quando a Elise Clifton (Angelina Jolie) precisa encontrar alguém que se assemelhe com o seu antigo namorado Alex Pearce, um foragido da justiça que deu um golpe na máfia italiana e com isso arrecadou milhões de dólares. É a partir dai que Elise irá seduzir Frank Tupelo (Johnny Depp), um pacato professor de matemática que está em viagem pela Itália a fim de esquecer um romance que não deu certo, e fazer com que os agentes que a estão perseguindo, acreditem que ele é Alex Pearce, para assim  livrar o seu affair da perseguição que este vem sofrendo a algum tempo por parte dos orgãos de inteligência e da própria máfia.

O cenário onde a maior parte da ação do filme se passa é Veneza, e é entre perseguições de barcos, reviravoltas na trama, encontros e desencontros que o ágil roteiro idealizado escrito por Florian Henckel von Donnersmark, que já dirigiu o excelente "A Vida dos Outros" (Das Leben der Anderen, Alemanha 2006) dá ao público um filme ágil e cheio de reviravoltas na trama, mas que ao final tudo faz setindo.

A fotografia é um dos pontos altos do filme, ao lado do roteiro muito bem escrito, que não dá margem a deixar furos na trama. As cenas de ação são muito bem dirigidas e são colocadas na medida certa para se contar a história e nada é muito exagerado, tudo está no filme na medida certa e que em algum momento fará todo o sentindo.

A trilha sonora não compromete e dá o tom certo para a ação que se passa na tela e cada cena de suspense a música se mostra completamente integrada a ação.

O grande trunfo do filme é sem dúvida alguma a dupla Jolie e Depp que demosntra um enorme entrosamento em cena. Johnny Depp faz um personagem que hora se mostra heróico nas suas ações, mas hora se mostra completamente alheio a tudo e se deixa levar por Elise, devido a este ter se apaixonado por ela, mas não desconfia de início quais são as verdadeiras intenções dela com ele.

Entre os coadjuvantes o que se destaca é Paul Bettany, que interpreta um agente inglês da Interpol que quer a todo custo colocar as mãos em Pearce e colocá-lo atrás das grades e se promover na agência, o único problema é que Pearce está sempre um passo a frente do agente.

Com várias reviravoltas no roteiro e uma direção ágil, "O Turista" é um filme que merece ser visto no cinema e que fará vários espectadores se lembrarem da época em que Hollywood produzia bons suspenses, com tramas que faziam sentido. O filme faz lembrar muito os suspenses da década de 80 e 90 e sem dúvida já uma das surpresas da temporada.