sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Crítica - Megamente

A cada dia que passa os desenhos animados digitais ficam mais próximos do público adulto do que o público infantil e adolescente para os quais são realmente deveriam ser dedicados e "Megamente" (Megamind, EUA 2010) a nova aposta da Dreamworks para transformar em franquia, após o término de uma de suas franquias mais rentáveis com o capítulo final de Shrek lançado em 3D este ano.

A idéia central do filme é a eterna luta entre o bem e o mal, neste caso entre o herói Metro Man e a eterna tentativa do vilão Megamente em destruí-lo, e ai entram os bons e velhos clichês de qualquer filme de super-heróis, a mocinha é sequestrada, o vilão expõem o seu último plano para dominar a cidade e por fim coloca o seu plano em ação para destruir o seu arquirival. Porém para a surpresa de Megamente (dublado por Will Ferrell) ele consegue destruir o herói e após a sua "vitória" se vê sem ter o que fazer e este será a grande questão do filme.

Sem o seu arquirival por perto, Megamente tem a idéia de criar um novo herói para que ele possa voltar a sua rotina de vilão, porém o feitiço virá contra o feiticeiro e Titã que deveria ser o herói, se torna um supervilão e caberá a Megamente se tornar o herói, salvar a mocinha e a cidade

Para os pequenos pode parecer um pouco confusa a trama do filme e estes não irão entender a maior parte das piadas cheias de referências que o filme tem ao longo dos seus 92 minutos de duração. Já os adultos se divertem com o filme e ainda ganham de bonus o visual em 3D do filme, que não é um dos melhores já feitos para o cinema digital 3D, porém não compromente, pois o roteiro é um dos pontos altos do filme.

O filme tem um ritmo ágil como se exige de um filme de super heróis e as sequências de ação ganham um ritmo ainda melhor com o uso do 3D e a trilha sonora escolhida novamente de forma perfeita pela equipe do filme.

E a trilha sonora é sem dúvida alguma um dos grandes destaques do filme, que tem músicas que vão desde Guns'n'Roses (a ótima Welcome to the Jungle) até Michael Jackson (Bad), além da trilha sonora composta para o filme que se encaixa perfeitamente a ação que se desenrola na tela.

Como início de uma nova franquia a Dreamworks acerta em cheio e tem tudo para criar uma franquia de sucesso, como toda a introdução dos personagens principais já foi contada neste primeiro filme, os próximos se ocorrerem podem explorar ainda mais seus personagens e se os roteiristas quiserem explorar mais a trama terão a liberdade para faze-lo sem muito esforço.

No fim Megamente é um filme que agrada em cheio ao grande público, não só pelo 3D, mas pela trama muito bem escrita. Que a Dreamworks desta vez acerte em uma franquia e saiba parar quando for a hora, pois se não o fizeram nem os superpoderes e a genialidade de megamente poderão salvar a franquia.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Crítica - A Rede Social

O que se esperar de um filme que narra a história da criação de uma rede social na internet e torna os seus criadores bilionários da noite para o dia, antes mesmos deles completarem 30 anos de idade? Sem falar que o filme é narrado em flashback e o espectador tem que ir montando a história aos poucos para somente no final entender todo o contexto. Com essas premissas "A Rede Social" (The Social Network, EUA 2010) tinha tudo para ser um filme que não atrairia a atenção da crítica e ser mais um entre tantos filmes que tratam do tema internet.

Porém o filme acerta em todos os aspectos desde o roteiro, as atuações e chegando a direção perfeita de David Fincher e já está cotado para ser um dos grandes vencendores do Oscar em 2011.

O filme tem uma narrativa ágil desde a sua primeira cena, onde encontramos pela primeira vez Mark Zuckerberg (vivido pelo ator Jesse Eisenberg) conversando com a sua namorada Erica, em um bar próximo a universidade onde estudam, a conversa segue e ao final Erica rompe o namoro com Mark e é este fato que se torna decisivo para que Mark trace em sua mente os primeiros esboços para criar o Facebook.

Ao chegar ao seu alojamento Mark pede ao seu colega Eduardo Saverin (vivido pelo ator Andrew Garfield) que lhe de uma equação para que ele possa criar um site onde irá comparar garotas da faculdade, batizado de Facemash, e é devido a esta brincadeira que tem milhares de acessos em poucas horas e literalmente torna o fluxo de dados na universidade um caos que Mark irá chamar atenção de três alunos da universidade que irão lhe solicitar a criação de um site de relacionamentos o precursor do Facebook.

Após a primeira cena, o filme é contato todo em flashbacks, pois Mark será processado por três colegas de faculdade por "roubar" a idéia do Facebook e por Eduardo que se sente traído pelo amigo por ter sido o financiador da idéia e depois ser descartado, após Mark ser influenciado por Sean Parker (vivido por Justin Timberlake de forma perfeita) criador do Napster que já tinha tido problemas com a justiça e vê uma chance de ganhar algum dinheiro com a idéia do Facebook.

O filme é perfeito do início ao fim, mesmo tendo um roteiro ágil, a direção de David Fincher dá o ritmo certo ao filme e arranca atuações perfeitas de seus protagonistas.

A trilha sonora não compromete o filme e dá o ritmo certo a história que está sendo contada, até porque não há cenas de ação em "A Rede Social".

Ao final os espectadores terão a certeza de ter assistido a um dos melhores, senão o melhor filme do ano de 2010, que com certeza irá figurar em várias listas dos 10 mais ou 5 mais que surgem sempre nesta época do ano.

O próximo passo será o filme conseguir emplacar as suas seis indicações ao Globo de Ouro e dai será um passo para colocar na mão a tão desejada estatueta do Oscar. E não será surpresa se isso ocorrer, no caminho de "A Rede Social" estão dois filmes "Cisne Negro" (Black Swan, EUA 2010) e "O Discurso do Rei" (The King's Speech, Inglaterra 2010) e como a própria frase que promove o filme diz você não faz 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos, mas o filme tem de tudo para emplacar e levar a estatueta.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crítica - Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1

A franquia Harry Potter foi iniciada em 2001 com o primeiro filme da série "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (Harry Potter and the Socerer's Stone, EUA 2001). Naquela época os protagonistas da série ainda eram crianças e o filme tinha um ar muito mais infantil do que sombrio. Com o passar dos anos e algumas trocas de diretores a franquia foi assumindo temas mais adultos e a cada filme o tom era cada vez mais sombrio.

No ano de 2009 chegava aos cinemas de todo o mundo "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" (Harry Potter and the Half Blood Prince, EUA 2009) que pode ser considerado a primeira parte de uma trilogia final da série que conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo. E "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1" (Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1, EUA 2010) é na verdade a parte do meio desta trilogia final e devido a este fato é um filme sem início e fim, além de  ser totalmente feito para os já iniciados na série, pois não são poucas as referências aos demais filmes da série e até mesmo aos livros, ou seja, é o filme que todo fã de Harry Potter sempre quis ver nas telas. Antes do último filme sair, somente o terceiro exemplar "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" (Harry Potter and the Prisioner of Azkaban, EUA 2004) havia sido a melhor adaptação para as telas dos livros da série.

O filme começa no mesmo ponto em que o último terminou. Com a morte de Dumbledore ao final da sexta parte, Harry herda a missão de terminar o que o seu antigo mentor e professor estava fazendo e acaba sobrando para ele e seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger, agora sem a proteção dos muros de Horgwarts, locarizarem e destruirem as Horcruxes (sete objetos que contém as partes da alma de Lord Voldemort), somente após todas serem destruídas é que o bruxo poderá ser destruído de uma vez por todas. Porém a tarefa não será nada fácil e agora os três irão colocar em prova mais do que nunca  a amizade que existe entre eles. O problema é que os seus inimigos podem estar em qualquer parte e nenhum lugar é mais seguro para se esconder.

A idéia da Warner de dividir o último livro em duas partes na tela é um acerto e tanto, pois com isso passagens importantes do livro foram transportas para a tela e muita pouca coisa ficou de fora. Muitos fãs irão achar que estão lendo o último livro da série novamente ao assistir ao filme, tamanha a fidelidade do roteiro com o material original.

Muitos personagens dos filmes anteriores voltam a aparecer neste capítulo, até aqueles que andaram sumidos das telas (caso do elfo doméstico Dobby), que apareceu no segundo filme da franquia e somente volta a aparecer mas telas de cinema neste filme e a sua participação na trama ocorre em um momento crucial, já no desfecho do filme.

Também podemos perceber um clima bastante sombrio no filme, se os dois últimos já seguiam essa tendência, o diretor David Yates (outro acerto dos produtores em manté-lo no cargo) imprimi um tom ainda mais sombrio a este filme e não poupa o espectador com cenas de mortes de personagens e até sangue, logo se percebe que os personagens agora estarão expostos a todo tipo de provações ao longo do filme.

A trilha sonora é outro ponto alto do filme, que contribui em muitos momentos para dar um tom mais dramático as cenas quando essas necessitarem.

A fotografia do filme é sombria e dá o tom certo a cada sequência , além é claro de contribuir em muitos aspectos para a ação que esta se passando na tela.

Por se tratar da primeira parte do último filme o ponto onde o filme termina não podia ser melhor e deixa todos aqueles que já leram o livro curiosos para saber como o resto do livro será transportado para as telas e para aqueles que não leram fica a dúvida do que irá ocorrer na segunda parte.

Agora nos resta esperar o derradeiro desfecho que está agendado para o Julho de 2011 e ver na tela como tudo isso irá terminar, apesar de ser o último filme da franquia não resta dúvidas que o diretor David Yates irá fechar com chave de ouro e com um filme a altura de toda a saga que teve início nas telas de cinema a uma década atrás e que encantou uma legião de fãs.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Crítica - Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro

Quando o primeiro "Tropa de Elite" (Brasil, 2007) chegou aos cinemas o filme já tinha virado assunto nacional devido a cópia pirata do filme que vazou na internet e logo se tornou assunto em todas as rodas de conversas. Se no primeiro filme o foco era o BOPE e todo o treinamento que os "aspiras" passavam para integrar o batalhão de elite, em "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro" (Brasil, 20010) o foco passa a ser as milícias e o discurso pela segurança pública no Rio de Janeiro. E antes de mais nada o filme supera o original em todos os aspectos.

O filme começa em 2006 e voltamos a encontrar Nascimento, agora como Tenente-Coronel do BOPE e Matias como Capitão, posto que era de Nascimento no filme original. Ao serem chamados para conter uma rebelião em Bangu I, promovida pelo bandido Beirada (Seu Jorge) e a operação fugir ao controle de Nascimento e terminar de forma inesperada e virar alvo de críticas por parte dos ativistas dos direitos humanos. Logo a única escolha dos governantes é afastar Nascimento e Matias do BOPE, e colocá-los em outras funções. Porém é esse fato que será a centelha para todo o resto da trama do filme.

Quatro anos se passam e estamos em 2010. Nascimento se torna sub-secretário de segurança pública e torna o BOPE uma máquina de guerra, capaz de varrer o tráfico das favelas do rio, mas ao pensar que está trazendo a paz para o Rio de Janeiro, na verdade o BOPE abre caminho para um inimigo muito mais perigoso que são as milícias, formadas pelos corruptos que integravam outras corporações e que antes recebiam a "mesada" do tráfico, só que este uma vez enfraquecido não tem mais como bancar os policias corruptos que veem a chance de entrar nas comunidades e tomar para si os lucros. É a partir dai que "Tropa de Elite 2" segue com o seu discurso sobre política, segurança pública e todas as mazelas que as milícias provocam nas comunidades.

Seguindo a mesma estrutura de roteiro do primeiro filme, onde o filme começa com uma cena de ação e volta no tempo para depois avançar até o seu desfecho é perfeito em todos os aspectos. Pois José Padilha e Bráulio Mantovani escreveram uma história que não deixa brechas e que ao mesmo tempo promove um debate sobre vários assuntos que são críticos não só para a cidade do Rio de Janeiro, quanto para todo o Brasil. E é o roteiro um dos maiores trunfos do filme.

Os novos personagens que entram no filme enriquecem ainda mais a trama e não será difícil de fazer a relação entre alguns personagens da ficção e quem eles seriam na vida real, pois as referências são muitas. Entre os novos personagens estão a repórter Clara (Taína Muller), o deputado Fraga (Irandhir Santos), Russo (Sandro Rocha) e Fortunato (André Mattos), e todos encontram seu lugar na trama de forma a contribuir para que a história funcione bem.

Wagner Moura continua perfeito como Nascimento e se no primeiro filme o seu personagem já tinha um devido destaque, em Tropa 2 o ator tem como explorá-lo ainda mais, seja na sua conturbada relação com o seu filho adolescente, com a ex-mulher e com o atual marido desta. Mas existem outros elementos no filme capazes de fazer o ator explorar ainda mais o seu personagem, como na cena em que Nascimento entra em casa depois de mais um dia de trabalho e parece carregar todo o peso do mundo nas suas costas.

As frases de efeito que viraram bordões e cairam nas graças do público com o primeiro filme, foram substituídas por outras, tão boas quanto as originais e tem tudo para virarem novos bordões.

E além disso tudo o filme ainda irá promover uma discussão sobre vários fatos que afringem o Rio de Janeiro, como a segurança pública, política, milícias e a corrupção no polícia e nos altos escalões do governo.

O cinema nacional finalmente alcança a sua maturidade em um filme que se mostra perfeito em todos os aspectos. As devidas homenagens são feitas a quem é de direito e até Costa Gravas é homenageado em uma das sequências do filme, com nomes de vários dos seus filmes exibidos nos letreiros de um cinema, como se fosse um festival com os filmes do diretor.

No final fica a certeza de que "Tropa de Elite 2" irá conquistar prêmios em vários festivais mundo afora e não será surpresa se ele concorrer ao Oscar e ganhar finalmente o prêmio para o nosso país. Afinal de contas parafraseando Nascimento "E agora parceiro o bicho vai pegar!".

domingo, 17 de outubro de 2010

Crítica - Comer Rezar Amar

Sempre me venderam a idéia de que tanto o livro quanto o filme "Comer Rezar Amar" (Eat Pray Love, EUA 2010) era totalmente "mulherzinha", porém para a minha surpresa existe muito mais por trás do que somente uma história de amor, existe ali uma história sobre o auto-descobrimento. Uma história que faz você refletir sobre vários aspectos da sua vida e não é difícil de se identificar com a personagem Liz Gilbert (autora do livro na vida real) vivida pela atriz Julia Roberts.

Liz é casada, tem uma boa casa e uma carreira de sucesso. Porém não se sente feliz ao lado do marido e resolve então se divorciar e se lançar em uma viagem para que ela se conheça a si mesma e será nesta viagem ao redor do mundo, que a personagem irá levar o público para refletir sobre várias questões da vida.

A viagem começa pela Itália, mais precisamente na cidade de Roma. Será nesta cidade em torno das suas ruínas e vielas que Liz irá começar a sua jornada. Em meios aos pratos de massa, vinhos e doces e conversas com pessoas que cruzam o seu caminho, que ela irá entender que existem momentos na vida  em que você deve se entregar a certos prazeres sem se culpar por aquilo e sem arrependimentos. Outra passagem interessante, ainda em solo italiano, é a visita que a personagem faz a uma ruína e escuta de um dos seus amigos italianos que as vezes na vida devemos ser igual as ruínas que são destruídas, porém resistem ao tempo e as adversidades e são restauradas, ou seja, seria um renascimento. E esta é uma das grandes lições do filme as vezes devemos chegar ao fundo do poço para então somente nos reerguermos.

A segunda parada da viagem é na Índia, onde Liz vai para aprender a rezar e meditar. Logo ao chegar ela conhece um homem que esta ali para meditar e se livrar de um trauma que o atormenta a anos. Será com essa amizade que Liz irá aprender que para seguir na vida ela deve perdoar as pessoas e não guardar ressentimentos, pois magoas passadas não fazem bem a ninguém.

Por fim o filme nos leva a Bali, e nesta exótica ilha da Indonésia, onde os caminhos de Liz irão cruzar com uma menina pobre e sua mãe, que nutrem o sonho de ter uma moradia na ilha, com um guru (personagem que Liz conheceu em uma das suas viagens anteriores a Bali) e com um brasileiro chamado Felipe (vivido pelo ator Javier Barden) com o qual ela irá aprender a amar.

O destaque maior do filme é a belíssima fotografia, que é perfeita para narrar a jornada de auto-conhecimento da personagem. Pode-se até dizer que a fotografia é sem sombra de dúvidas uma "personagem" do filme.

Outro destaque é a trilha sonora, que tem canções brasileiras em seu repertório no momento em que a personagem está em Bali ao lado de Felipe.

Porém existe um ponto fraco no filme, se as passagens pela Itália e Índia não sejam consativas e passem até "rápidas" demais, a viagem da personagem por Bali que deveria ser o ponto alto da história, as vezes se perde e se prolonga demais, para contar o que todo o público já sabe o que vai acontecer. Neste momento faltou ao diretor Ryan Murphy (egresso de séries de TVs como Glee e Nip/Tuck) dar mais agilidade ao filme no momento do seu desfecho, que se mostra um pouco morno.

Tenho que confessar que o filme me surpreendeu, apesar das poucas falhas que encontrei no mesmo, pois é muito difícil não se identificar com algumas das histórias ou situações que cruzam o caminho de Liz, na sua jornada pelo auto-conhecimento.

O resultado final é um bom filme sobre auto-conhecimento, se livrar de mágoas passadas, seguir a vida e ter sempre a esperança que dias melhores virão, mas para isso acontecer é preciso antes de mais nada se conhecer, perdoar e voltar a amar.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Crítica - Resident Evil 4 - Recomeço

A série Resident Evil se iniciou nos videogames no ano de 1996 e a partir dali conquistou muitos fãs no mundo inteiro, pois a trama sombria convidava aqueles que quisessem se aventurar por uma cidade infestada de zumbis após um vírus transformar a maior parte da população nestes seres. O game originou várias continuações diretas do game original e até subprodutos onde se explicavam certos pedaços da trama que não entrariam na sequência dos games.

Devido a este fato, não tardou muito para a história dos games migrar para a tela grande com algumas modificações, porém se tentou manter o mesmo clima sombrio dos games da série. Mas a tentativa não foi bem sucedida nos três primeiros filmes da franquia e Resident Evil (Resident Evil, EUA 2002), Resident Evil 2: Apocalipse (Resident Evil: Apocalypse, EUA 2004) e Resident Evil 3: Extinção (Resident Evil: Extinction, EUA 2007), nunca agradariam por completo os fãs da série de games.

Parecia que a série teria o seu derradeiro capítulo final no terceiro filme, porém com a chegada do 3D Digital as salas de cinema, não só ganhou uma continuação a altura, como um recomeço que os fãs dos games sempre esperaram assistir nos filmes anteriores e Resident Evil 4 - Recomeço (Resident Evil: Afterlife) é o melhor filme da série até o momento.

A história deste quarto capítulo parte exatamente do ponto onde o terceiro filme parou e acompanhamos Alice e seus clones indo ao Japão para invadir um dos laboratórios da Umbrella Corporation onde o T-Virus esta sendo produzido e testado. Após deixar Albert Wesker, um dos chefões da Umbrella escapar, Alice parte no seu encalço, e acaba por encontrar um grupo de sobreviventes em uma presídio no meio de Los Angeles que está cercado por zumbis. Logo Alice descobre que as mensagens de Arcadia também foram escutadas por este grupo de sobreviventes, que por sua vez descobriram a localização de Arcadia. E partir dai que a trama toda irá seguir, com Alice juntando forças com esse grupo de sobreviventes para chegar até Arcadia e capturar Albert.

O filme merece ser visto em cópias 3D, pois o mesmo foi escrito e pensado para se utilizar dos inúmeros recursos que está tecnologia permite, uma vez que o filme foi realmente filmado em 3D e não se utilizou somente da conversão do mesmo na pós-produção.

Pode-se ainda dizer que este é o filme que mais se aproxima da atmosfera criada nos games e o que apresenta muitos dos personagens que faziam parte da história dos games.

A trilha sonora é um dos pontos fortes do filme e serve para criar o clima certo para cada cena de ação do filme.

Os atores estão bem em seus papéis e não comprometem os seus personagens e percebe-se que a interação entre os personagens criados para os games e somente para o filme, como é o caso da personagem Alice (Milla Jovovich).

Uma das cenas de destaque do filme é a cena de luta entre o executor e Claire Redfield dentro de um dos banheiros do presídio e o efeito em 3D só ajudam a cena.

No final o filme ganha em roteiro, em ação e efeitos especiais e deixa uma porta aberta para a continuação da série, uma vez que o filme termina já preparando uma cena de ação que será o início do quinto filme da série. Para um recomeço Resident Evil 4, consegue se sair melhor que os seus antecessores e os fãs podem esperar que os próximos capítulos sejam ainda melhores.

domingo, 5 de setembro de 2010

Crítica - Karate Kid

O ano era 1984 e um filme despretencioso sobre um jovem que sofre "bullying" por parte dos valentões da cidade para o qual ele se muda com a sua mãe, aprende Karate com um senhor pelo qual ninguém daria nada, não antes sem pintar a cerca da casa, lixar o assoalho e encerar dezenas de carros. O rapaz atendia pelo nome de Daniel San (Ralph Macchio), o Sr. Miyagi (Pat Morita) era o seu mestre  e o filme era Karate Kid - A Hora da Verdade (The Karate Kid, EUA 1984), que contaria ainda com Karate Kid 2 - A Hora da Verdade Continua (The Karate Kid Part 2, EUA 1986) e Karate Kid 3 (The Karate Kid Part 3, EUA 1989). Com o sucesso da franquia os produtores bem que tentaram realizar um quarto filme e Karate Kid 4 (The Next Karate Kid, EUA 1994), não só é o mais fraco da cine série como também um filme desnecessário, pois só retorna a cena o Sr. Miyagi e agora a sua aluna é uma mulher vivida pela excelente atriz Hilary Swank, porém ainda em ínicio de carreira.

A dificuldade então em fazer o remake de um filme que tem legiões de fãs ao redor do mundo, que marcou toda uma geração nos anos 80 e que ainda ganha novos admiradores sempre que passa nos canais a cabo ou na TV aberta, não seria tarefa das mais fáceis. Porém o diretor holandês Harald Zwart, egresso de filmes menores e sem muita expressão, consegue um feito ao realizar de forma competente este remake e que faz jus ao filme original e Karate Kid (The Karate Kid, EUA 2010) é um filme que mesmo tendo uma história conhecida de todos irá causar certas surpresas ao público.

Sai de cena Daniel San e entre Dre (vivido pelo ator mirim Jaden Smith, filho de Will Smith), no lugar do Sr. Miyagi entra o Sr. Han (vivido por Jackie Chan de forma excepcional) e além dessas trocas sai de cena o Karate e entra o Kung Fu, isso mesmo apesar do título do filme ser Karate Kid, essa modalidade de arte marcial é só citada no filme. Além de um acerto que é primordial para todo o resto funcionar que é colocar toda a trama para se passar na China, local para onde se mudam Dre e sua mãe, logo após o falecimento do pai do menino e isso ocorre nas primeiras cenas do filme. Logo será em um país estranho que Dre ou Xiao Dre (como o Sr. Han trata o menino) irá viver todo os choques culturais, sofrer bullying por parte dos valentões do colégio, aprender Kung Fu e a falar mandarim, não sem antes conquistar o coração de uma colega de escola.

A fotografia utilizada no filme dá o tom certo a cada cena do longa. A cena filmada na Muralha da China é excepecional, entre muitas outras muito bem fotografadas e incluídas no longa.

A trilha sonora é outro ponto alto do filme, pois junta música instrumetal a canções de pop rock conhecidas do público ou a composições inéditas feitas somente para o filme. 

Porém o grande destaque do filme é a dupla central da história, pois desta vez o mestre no caso o Sr. Han tem certas pendências com o seu passado e somente Xiao Dre poderá ajudá-lo a resolver esse seu conflito interno, para que este possa seguir com a sua vida. Logo existe um troca entre aluno e mestre. E a química entre os atores é perfeita e ambos estão muito a vontade em seus personagens.

A filosofia chinesa também está presente no filme em frases ditas pelo Sr. Han ao seu aluno, para lhe ensinar o verdadeiro significado do Kung Fu, por isso vale a pena prestar atenção a estas, pois se refletirmos estas trazem verdadeiras lições de vida e é devido a uma atuação serena que o ator Jackie Chan nos surpreende neste papel.

Para a homenagem ser completa faltou somente o golpe executado por Dre na luta final ser o mesmo executado por Daniel San, porém o mesmo foi substituído por um outro, que apesar de não ter a mesma classe do golpe do filme original, não compromete em nada o resultado final deste excelente filme.

Tratando de assuntos sobre superação pessoal, vencer obstáculos e acreditar em sí mesmo, o filme vai aos poucos conquistando o público.

Em alguns momentos esta nova versão se mostra muito mais violenta nas agressões sofridas por Dre, do que sofridas por Daniel San no filme original de 1984, mas os tempos mudaram e a inocência dos anos 80 já estão bem distante, pois nesta versão entra também o choque cultural e o racismo.

O resultado final é excelente e as devidas homenagens ao original estão todas lá de forma sutil ou de forma mais explícita, como a primeira aparição do Sr. Han que vive uma cena clássica do primeiro filme que todo o público irá reconhecer de primeira.

Juntando todos esses elementos, boas atuações e uma roteiro ágil (apesar das 2h20min de duração) o filme faz jus ao original, presta as devidas homenagens e ainda prepara o terreno para uma continuação, que se for seguir os mesmos acertos do original terá motivos de sobra para superar o original e melhorar ainda mais a história e seus personagens.

Por todos esses aspectos Karate Kid merece ser visto na tela grande e honrar o original foi só o começo de uma franquia que tem tudo para ser tão boa quanto os originais dos anos 80... tirando o quarto filme é claro que foi um golpe completamente errado.

Crítica - Meu Malvado Favorito

Quando se fala em filmes de animação em computação gráfica logo nos vem a cabeça os nomes da Pixar e Dreamworks, que desde que esta tecnologia começou a ser utilizada para contar histórias despontaram na frente de várias concorrentes. A verdade é que hoje em dia o cinema de animação em computação gráfica conta com outros estúdios que estão se iniciando neste filão. Foi exatamente de uma parceria entre a Universal Animation e o Illumination Studios que surgiu "Meu Malvado Favorito" (Despicable Me, EUA 2010).

O filme parte de uma premissa simples o malvado Gru (voz de Steve Carell no original) está planejando o maior golpe da história para que ele volte a ser o ladrão mais respeitado do mundo. Porém ao apresentar a sua idéia de roubar a lua para o Banco dos Ladrões e ter o empréstimo negado, para a execução de seu mirabolante plano, Gru é confrontado com a seguinte proposta do dono do banco, caso ele consiga roubar uma arma de raios encolhedores do novo ladrão da cidade, Vector (voz de Jason Segel no original), o banco então irá financiar a plano de Gru.

Após várias tentativas frustadas de invadir a fortaleza de Vector para obter o raio, Gru vê a sua chance  de conseguir roubar o raio encolhedor com a ajuda de três garotinhas orfãs, Margo, Edith e Agnes (esta última uma das personagens mais fofas já criadas em animações em computação gráfica). Porém Gru só não contava que iria de uma forma ou de outra ser conquistado pelas meninas, principalmente pela pequena Agnes, e isso poderá comprometer todo o sucesso do seu plano.

Outro elemento interessante do filme são os Minions, seres amarelos que são os capangas de Gru e o ajudam na execução dos seus planos, e as melhores piadas do filme são protagonizadas por eles. Alias durante os créditos finais o Minions irão brincar com os efeitos 3D saindo da tela a toda hora, por isso vale a pena ficar na sala durante os créditos finais.

 Porém fica a sensação de que faltou algo para o filme ser completo, devido ao seu roteiro simples e sem muitas surpresas, além de ser bem fácil prever o que irá acontecer na cena seguinte, o filme se salva mesmo devido ao carisma de certos personagens e nada mais que isso.

O filme está sendo exibido em cópias 2D e 3D Digital, prefira a segunda opção, pois ficará nítido para o público que o mesmo foi feito para utilizar essa tecnologia da melhor forma possível, quando a cena pedir o uso do recurso. Logo é devido ao 3D que o filme ganha outra vida e sequências como a da montanha russa ficam muito divertidas, pois o público vai se sentir dentro do carrinho do brinquendo como se  estivesse andando junto com os protagonistas e são em momentos como estes (que estão distribuídos ao longo do filme) que o público irá se divertir.

Mesmo com uma história fraca o longa dos diretores Pierre Coffin e Chris Renaud acaba por cativar os espectadores devido ao carisma dos seus personagens e nada mais que isso, e será devido a isto e pela sensação nítida que está história foi só um começo para esses personagens cativantes, que "Meu Malvado Favorito 2" já esta em fase de pré-produção e chegará aos cinemas em 2013. Agora é esperar para ver se os roteiristas irão dar uma história a altura do carisma que cada um desses personagens já demosntraram ter.

domingo, 22 de agosto de 2010

Crítica - A Origem

Como fazer um filme que seja ao mesmo tempo inteligente e que se enquadre nos perfis de um blockbuster para milhares de espectadores. Parece tarefa impossível encontrar tal contra-ponto, porém o diretor Christopher Nolan, que também é um dos roteiristas do filme, não só achou a receita exata como faz de "A Origem" (Inception, EUA 2010) um filme perfeito em todo os seus aspectos.

A trama de início pode parecer complicada, mas tudo é feito com tanta coerência que será difícil um espectador se perder em meios aos vários sonhos em que os personagens entram e saem ao longo da projeção. 

No filme acompanhamos Cobb (vivido por Leonardo DiCaprio) e sua equipe em uma última missão, após serem contratados pelo magnata japonês Saito (Ken Watanabe), para implantarem uma idéia na mente de um outro milionário e único herdeiro de um império deixado para este após a morte do seu pai. Porém Cobb sabe que fazer a tal inserção da idéia (a inception do título original do filme) não será tarefa das mais fáceis, pois penetrar profundamente na mente de uma pessoa exigirá um alto risco para toda a equipe. Para complicar a missão de Cobb e seu grupo, eles ainda terão que lidar com o pertubado subconsciente do próprio Cobb, personificado na figura de Mal (Marion Cotillard) ex-esposa dele, que após a sua morte ainda está viva em seus pensamentos e de tempos em tempos ameaça as missões da equipe.
 
A equipe de Cobb é formada por Arthur (Joseph Gordon Levitt), Ariadne (Ellen Page) que é a sua arquiteta de sonhos, Eames (Tom Hardy) e Yusuf (Dillep Rao) um químico que inventou um sedativo capaz de fazer as pessoas dormirem profundamente por horas. A cada camada do sonho cada um desses personagens tem o seu devido destaque e isso é um outro acerto do roteiro, que dá o devido destaque ao personagem e as suas habilidades na hora certa.

O filme é cheio de referências e metáforas a todo o tempo, e diga-se de passagem as mesmas servem para ilustrar e explicar tudo o que está ocorrendo na trama. A cena em que Ariadne desce ao subconsciente de Cobb utilizando um elevador para ir ao porão (representado pela letra B de Basement) das memórias  dele, deixa clara a intenção de Nolan de explicar tudo e não deixar nada solto.
 
A princípio algum espectador pode ficar um pouco perdido com as muitas camadas de sonhos que são apresentadas durante a narrativa, porém a estrutura do filme é tão bem amarrada que não será difícil de acompanhar tudo sem entender o que está acontecendo, pois seja em um diálogo entre os personagens, seja em uma referência na própria cena ou em um close de câmera em algum objeto de cena que deixará tudo muito claro.

Por outro lado o filme tem o seu lado de cinema pipoca nas inúmeras perseguições e tiroteios que ocorrem praticamente ao longo de seu clímax de mais de 50 minutos. Pode-se dizer que "A Origem" é composto de três atos distintos. O ato um apresenta os personagens, o ato dois mostra toda uma explicação ao que está por vir e o ato três é onde a ação se desenrola para valer e mesmo assim as 2 horas e 28 minutos de projeção parecem passar em questão de segundos.
 
Os efeitos especiais contribuem para a narrativa de forma correta e a cena em que as ruas de Paris se dobram é uma das sequências que realmente impressionam no longa.

Outro destaque é a trilha sonora do filme que dá o tom certo para cada uma das cenas.

Construir filmes que exigem um pouco mais do público é a marca registrada de Nolan desde que se destacou pelo excelente Amnesia (Memento, EUA 2001) e depois pegou para si a responsabilidade de dar um novo começo para Batman no cinema, e desde então o diretor vem surpreendendo a cada filme. Mesmo em seu filme mais "fraco" The Prestige (EUA 2006), em se comparando aos demais, o mesmo tem atrativos de sobra para deixar o público querendo saber como a história que esta sendo contada irá acabar.

"A Origem" é em todos os seus aspectos um filme que irá agradar a todo espectador que embarcar nesta viagem por um mundo onde um sonho ocorre dentro de outro sonho e assim por diante. Ao final ficará aquele gostinho de querer mais um pouco daqueles sonhos, porém preste bem atenção ao objeto que a câmera foca na última cena do longa, responde a muitas perguntas e deixa algumas portas abertas ou seria melhor dizer mais alguns sonhos a serem sonhados.

domingo, 15 de agosto de 2010

Crítica - O Pequeno Nicolau

Em minha época de colégio a classe era composta por certos tipos que com certeza eram característicos em qualquer sala de aula mundo afora. Então sempre se tinha aquele aluno que era o mais popular, o gordinho, o desligado, o sabe-tudo e o puxa-saco da professora, entre muitos outros tipos e ao assistir recentemente a "O Pequeno Nicolau" (Le Petit Nicolas, França 2009) pude retornar a esta fase da infância que era cheia de inocência e qualquer problema podia ser resolvido, lógico que não sem um toque a mais de criatividade e imaginação.

E é desta premissa que parte o filme. Nicolau (vivido pelo ator mirim Maxime Godart) escuta em seu colégio um coleguinha comentar que quando chega um bebê novo na família o primeiro filho é esquecido e abandonado em uma floresta pelos pais, para que estes possam cuidar do novo filho. O mesmo menino ainda diz como reconhecer os "sintomas" da chegada do novo bebê na família e para surpresa de Nicolau os pais começam a agir da forma que este havia escutado no colégio. Logo o menino não tem dúvidas que será abandonado na floresta pelos pais. 

Nicolau então recorre ao auxílio dos seus amigos para afastar a ameaça de perto dele e é a partir deste ponto que a imaginação dos garotos irá correr solta ao longo do filme inteiro. Comentar qualquer coisa aqui seria estragar as inúmeras surpresas que este filme guarda em seus 95 minutos de duração e que vai cativando a platéia a medida que se aproxima do seu clímax.

O diretor Laurent Tirard faz um filme a altura da obra de Rene Gosciny (sim o personagem é mais uma criação de Gosciny que também trouxe ao mundo o personagem Asterix e toda a sua turma) e todo o universo infantil é tratado da forma que deve ser tratado. E em um determinado momento do filme em uma das tentativas que os meninos fazem para... ops... melhor não comentar... mas a homenagem a Asterix está ali e não precisa ser fã deste personagem para reconhecer a referência e diga-se de passagem rende um dos momentos mais engraçados do filme, entre vários outros.

Outro aspecto interessante do filme é como o roteiro amarra de forma inteligente, as situações que são tramadas pelo núcleo infantil do filme  e reflete isso no núcleo adulto do filme. Pois estes dois núcleos se entrelaçam de forma tão perfeita que as consequências das ações de um irá causar uma situação inusitada no outro núcleo e vice-versa. Isto é sem dúvida alguma um acerto primoroso do roteiro e porque não uma aula de como se fazer um bom roteiro e não deixar pontas soltas.
 
Mesmo tendo pouca duração (o filme dura 95 minutos incluindo os créditos iniciais e finais), o filme passa a sua mensagem e faz com que o público se enxergue dentro de um daqueles personagens ou reconheça alguém que fez parte da sua infância na época do colégio.

Com tantas qualidades a seu favor "O Pequeno Nicolau" é um filme para ser visto e revisto, pois o mesmo é  leve e agradável de se assistir. Tantos os adultos quanto as crianças irão se divertir e ao final da sessão com certeza irão querer um pouco mais de tudo aquilo. 

"O Pequeno Nicolau" é sem dúvida alguma um dos melhores lançamentos de 2010 até o momento e com toda certeza já tem lugar garantido entre os indicados ao Oscar de melhor filme de língua estrangeira no ano que vem. Não tomarei por surpresa se levar a estatueta e será com honra ao mérito.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Crítica - Shrek Para Sempre

Quando o primeiro filme da franquia Shrek (Shrek, EUA 2001) saiu a quase 10 anos atrás, ninguém esperava que um desenho animado digital fosse ser tão politicamente incorreto a ponto de virar de cabeça para baixo o mundo dos contos de fadas, que já estava bem consolidado pelos clássicos da Disney. E foi exatamente essa quebra de regras que fez de Shrek um sucesso imediato e a cada piada o espectador se surpreendia. 

Com o sucesso do primeiro filme era mais que evidente que a PDI/Dreamworks iria investir em uma continuação, porém como criar uma história que surpreende-se o público pela segunda vez sem repetir as piadas do primeiro filme. A solução encontrada foi perfeita e passar a história para o reino de Tão Tão Distante e fazer deste uma paródia de Beverly Hills com as suas avenidas e mansões funcionou ainda melhor que no primeiro longa e Shrek 2 (Shrek 2, EUA 2004) não só era mais engraçado que o original, além de acertar em cheio na criação de novos elementos como o Gato de Botas (afinal quem não se lembra da cara de piedade do gato numa das muitas sequências hilárias do longa). Tendo arrecado até mais que o primeiro filme a fatura já estaria mais que paga se parasse por ai.

Porém o show deve sempre continuar e os produtores resolveram então partir para o terceiro, que pelos planos seria um último filme para fechar uma trilogia. Só que o tiro saiu pela culatra e Shrek Terceiro (Shrek The Third, EUA 2007), não só é o pior filme da franquia como seria o derradeiro se não fosse a tecnologia 3D despontar e se consolidar nos anos seguintes. Nada funcionou no terceiro capítulo, piadas cansadas, trilha sonora monótona e um filme totalmente sem a graça e o humor ácido dos dois primeiros. Me lembro que na época após assistir o filme me questionei se havia realmente visto um filme de Shrek, será então que esta era a grande piada? Não parecer um filme de Shrek.

Passaram-se mais três anos e com a chegada de 2010 a PDI/Dreamworks resolve consertar o seu erro ao ter feito o terceiro episódio e lança Shrek Para Sempre (Shrek Forever After, EUA 2010). Agora se utilizando da tecnologia 3D (diga-se de passagem que esta foi muito bem utilizada no filme) resolve fechar a história de modo a tentar dar um final mais digno para a cine série.

A premissa é interessante e reencontramos Shrek, Fiona, o Burro e todos os demais personagens vivendo felizes para sempre como em um conto de fadas. Só que Shrek não esta satisfeito com a sua vida calma de pai de família e tem saudades dos tempos em que era um ogro que assustava os aldeões e era temido por todos que entrevam em seu pântano. Após discutir com Fiona durante a festa de aniversário dos seus filhos ele diz ter o desejo de voltar a sua antiga vida. Só que neste momento o duende Rumpelstiltskin acaba por escutar e ve a chance de ter o reino de Tão Tão Distante nas suas mãos e se vingar de Shrek por um fato ocorrido no passado. Rumpelstiltskin então propõem um pacto a Shrek ele irá fazer com que o ogro viva um dia na sua antiga vida se este por sua vez der um dia do seu passado ao duende. Shrek não pensa duas vezes ao assinar o pacto e é neste momento que se vê em uma realidade alternativa de Tão Tão Distante e a partir daí o filme se mostra mais uma vez lento e sem as piadas ácidas, que foram a marca registrada  do início da série e não acrescenta muito a trama dos demais filmes. 

A trilha sonora se mostra cansada e é quase inexistente e está muito aquém das trilhas sonoras dos dois primeiros filmes. E em alguns casos se resgata canções dos filmes anteriores - até se entende que este filme funcione como uma homenagem a série, mas repitir músicas não ficou tão legal - como a música do final do filme.

O 3D ajuda a narrativa, porém nem o recurso é capaz de salvar o clímax final, pois fica a sensação que faltou algo ali. A salvação é a bela cena entre Fiona e Shrek e o diálogo entre eles, mas isso não é o suficiente para sustentar todo o resto, em se tratando de um filme de Shrek.

As piadas são praticamente inexistentes ao longo de todo o filme, a base do filme é a discussão das fases da vida comuns a qualquer pessoa e com este tema fazer piada é praticamente impossível.

Durante os créditos finais em 3D é possível ver um grande resumo de toda a cine série passando na tela e será neste momento que o espectador irá pensar que saudades dos primeiros filmes quando Shrek era Shrek, porém isso já ficou muito muito distante. E este capítulo final ao menos cumpre o seu papel de fechar a série de forma digna, tudo bem que não era o ideal... só se a grande piada final ainda esta sendo guardada para um quinto capítulo, mas acho bem improvável. Mas como em contos de fadas tudo é possível, assim como em Hollywood não basta sonhar um pouquinho.

domingo, 4 de julho de 2010

Crítica - Toy Story 3

Tudo começou em 1995 quando os estúdios da Pixar iniciaram a brincadeira com o já excelente "Toy Story - Um Mundo de Aventuras" (Toy Story, EUA 1995), em 1999 chegava aos cinemas "Toy Story 2" (Toy Story 2, EUA 1999), que não só superou o seu original em vários aspectos, além de acrescentar alguns novos elementos a este universo mágico. Passados onze anos a Pixar faz o impossível se tornar realidade mais uma vez e "Toy Story 3" (Toy Story 3, EUA 2010), não só supera os seus antecessores em todos os aspectos como dá ao público uma chance de refletir sobre várias questões.

O primeiro acerto do filme é ambientar a trama nos dias atuais, ou seja, o tempo passou e reencontramos Andy (agora um rapaz pronto para ir para a universidade) e seus brinquedos em seu quarto, local onde ele se divertia com Woody, Buzz e companhia quando criança, alias a sequência de abertura do filme é cheia de imaginação e como deve ser uma brincadeira de criança.

Como Andy está indo para a universidade, a sua mãe exige que ele de um rumo para os seus antigos brinquedos e ai que a aventura começa no terceiro filme. Após um incidente e quase irem parar no caminhão de lixo os brinquedos são levados por acaso para a Creche Sunnyside, um local que  em primeira vista seria o paraiso para qualquer brinquedo, pois sempre haveriam crianças para brincar com eles. Porém o local é "governado" pelo urso de pelúcia Lotso (dublado por Ned Beatty) que dita as regras e impede a fuga de qualquer brinquedo do local. Logo a Sunnyside se torna uma prisão para os brinquedos, um verdadeiro campo de concetração.

Acrescentando ainda novos elementos a trama como o boneco Ken (dublado por Michael Keaton), sem dúvida alguma são dele as melhores tiradas do filme, perdendo somente para a versão em espanhol de Buzz (mais uma das geniais sacadas da Pixar no longa). É verdade que algumas piadas tem um teor mais adulto e que os pequenos ficarão sem entender.

A versão em 3D só acrescenta profundidade as imagens dentro da tela, então não espere que nenhum brinquedo venha parar em frente aos seus olhos, porém isso é um mero detalhe em relação ao todo que está sendo mostrado. Além é claro de algumas piadas funcionarem melhor na versão em inglês do filme, por isso prestar atenção aos trocadilhos é um outro aperitivo do filme.

E se tudo é tão grandioso em Toy Story 3 o desfecho não poderia deixar de ser. Mais uma vez a Pixar se supera e faz um final a altura que o longa merece. E a sequencia final é cheia de suspense, aventura e reviravoltas. 

Com um roteiro que trata de temas que para as crianças pequenas podem não parecer tão claros, mas que para os adultos fará todo o sentido. Entram em questão a amizade verdadeira, o desapego (tema esse já tratado em UP), as magoas do passado e como essas podem nos transformar, a persistência e a união. Tudo isso embalado em um pacote e entregue de presente para o público.

E após a sequência final se você achar que tudo acabou... esqueça essa idéia. É neste momento após fazer rir que o filme irá arrancar algumas lágrimas da platéia e é muito difícil neste momento conte-las. A cena é tocante e marca uma "despedida" entre a fase da infância e a vida adulta de cada um de nós. Na versão 3D os óculos até irão esconder as lágrimas, porém se você chorar é porque aquela criança que um dia você foi ainda esta ai dentro esperando que a brincadeira sempre comece novamente, pois esta nunca pode parar.

E mais uma vez a Pixar irá levar o público aos extremos, entre o riso fácil e as lágrimas (não de tristeza mas de alegria). E nos dar a certeza de que toda essa brincadeira que começou de maneira inocente está muito longe de chegar ao fim. E com toda certeza ela ainda irá ao infinto e além.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Crítica - Esquadrão Classe A

Os anos 80 para muitos deixou saudades, não só no campo da música, jogos, desenhos animados e tantas outras recordações daqueles que viveram esses anos e se divertiram muito. E foi bebendo dessa fonte que o diretor Joe Carnahan trouxe para as telas um dos seriados mais cultuados dos já distantes anos 80 e "Esquadrão Classe A" (The A Team, EUA 2010) não perde em nada para o seu original.

Para início de conversa os saudosistas irão ver na versão século XXI tudo o que estavam acostumados a ver no seriado, as discussões entre Murdock e B.A., os planos mirabolantes de Haniball e as tiradas sarcáticas de Cara-de-Pau. Tudo como sempre foi e deveria ser se um dia fizessem um filme com base nos personagens.

A sequência inicial dá ao público uma idéia do que esta por vir ao longo da projeção e de uma forma ágil mostra a formação da equipe, que culmina em uma sequência de perseguição de helicópteros e uma rápida explicação do porque B.A. tem medo de voar. A ação se transporta para 8 anos a frente e reencontramos o Esquadrão Classe A no Iraque executando missões para o exército americano e em uma dessas missões eles são traídos, condenados e perdem as suas patentes.

Daí para frente contar mais seria estragar as surpresas que estão por vir ao longo da projeção, mas as cenas de ação mesmo que pareçam absurdas as vezes, se mostram dentro do contexto do filme e se encaixam na trama que tem como base o roubo de placas para a impressão de notas de dólares e que em mãos erradas irão proporcionar uma quebra na economia americana.

O elenco principal é formado por Liam Neeson (Hannibal), Bradley Cooper (Cara de Pau), Quinton 'Rampage' Jackson (B.A) e Sharlto Copley (Murdock), além de contar ainda com Jessica Biel (como a agente Charisa Sosa) e Patrick Wilson (como o agente Lynch). A direção dos atores é eficiente e todos estão bem em seus papéis.

A trilha sonora clássica que embalava o seriado esta presente no filme, além de outros elementos tão conhecido dos fãs da série, como o furgão preto usado pela equipe.

Um outro acerto de Carnahan foi o de utilizar uma edição fora dos padrões de videoclipe que normalmente permeam estes tipos de filmes de ação. A ação aqui é bem pontuada e ocorre na hora certa.

Com todas essas qualidades "Esquadrão Classe A" tem tudo para se tornar um filme dos melhores filmes de ação dos últimos tempo e o que é mais importante, fazendo a justiça de manter nas telas todas as qualidades do seriado não decepcionando em nenhum momento os fãs da série.

E como não podia faltar após os créditos há uma cena escondida e que vai divertir muito aqueles que ficarem no cinema para assisti-lá. 

No mais é aguardar pela sequência que deve sair daqui a alguns anos, pois como dizia a abertura do programa "Se você tem um problema e puder encontrá-los, talvez você possa contratar o Esquadrão Classe A" falta então agora mostrar o Esquadrão atuando como os soldados da fortuna  do seriado oitentista ,e se o primeiro filme já teve qualidade de sobra, que venham os demais com mais novidades ainda. E com o tema  musical que eternizou para sempre o seriado nas nossas lembranças.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Crítica - Kick Ass: Quebrando Tudo

Os filmes de super heróis voltaram com força total as telas dos cinemas no início da primeira década do ano 2000 com o sucesso de X-Men (X-Men, EUA 2000). Logo em seguida veio o sucesso de Homem-Aranha (Spider Man, EUA 2002) e após isso muitas outras produções vieram sejam elas mais cabeças como o caso do excelente Watchmen (Watchmen, EUA 2009) ou o surpreendente Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, EUA 2008) que deu uma nova vida a franquia do Homem Morcego nas telas, que após vários filmes equivocados nos anos 90, encontrou o equilibrio certo que os fãs tanto esperavam.

E no último dia 19/06 chegou as telas dos cinemas mais um exemplar de filmes de super heróis, que tem algo a mais a oferecer aos fãs das revistas em quadrinho deste gênero. O filme em questão é Kick-Ass: Quebrando Tudo (Kick-Ass, EUA 2009) que chega com o compromisso de ser um filme para redefinir algumas coisas ao gênero de filmes de heróis.

No início do filme o público é questionado pelo protagonista Dave Lizewski, vivido pelo ator Aaron Johson, porque nunca ninguém tentou se tornar um super herói e sair por ai combatendo o crime, e é a partir deste questionamento que Dave resolve colocar uma fantasia verde, se armar de dois tacos de baseball e sair por ai combatendo o crime com o alter ego de Kick-Ass.

Só o que Dave não sabe é que muito em breve o seu caminho irá cruzar com outros dois super heróis por puro acaso do destino. Estes heróis são Big Daddy (vivido pelo ator Nicolas Cage) e Hit Girl (vivida pela atriz mirim Chloe Moretz), que tem um acerto de contas com Frank D'amico, um gangster da cidade de Nova York, responsável por ter feito algo que prejudicou Damom McReady no passado e isso leva ao mesmo a criar o alter ego do Big Daddy.

O filme tem inúmeras referências ao universo dos quadrinhos e ao cinema contemporâneo, seja na eletrizante sequência final onde a Hit Girl participa de um intenso tiroteio ou nas citações aos quadrinhos que estão presente nos diálogos de muitos personagens.

A trilha sonora é outro atrativo a parte em Kick-Ass, mesclando rock, pop e música instrumental o filme ganha ainda mais qualidade na sua narrativa. Alias a narrativa e a montagem é outro ponto alto do filme, se lançando de vários recursos narrativos o diretor Matthew Vaughn (que também dirigiu o excelente, mas desprezado Star Dust - O Segredo da Estrela) dá ao filme o ritmo certo, seja se utilizando de uma história em quadrinho em 3D para nos contar o passado de Damom McReady ou nas trocas de cena onde se lança do recurso de colocar quadros com as palavras "Enquanto isso" entre outras para dar a impressão aos espectadores que estes estão lendo uma revista em quadrinho na tela grande.

Para completar o filme ainda tem o ator Christopher Mintz-Plasse mais conhecido do público pelo seu papel no filme Superbad - É Hoje (Superbad, EUA 2007), em que vivia o personagem McLovin. Em Kick Ass o ator vive o super herói Red Mist.

Um fato interessante do filme é que a internet e suas ferramentas são utilizadas para promover a imagem tanto de Kick Ass quanto de Red Mist, que utilizam por exemplo o MySpace para se auto promoverem, assim como o You Tube, site onde vai parar o vídeo da primeira aparição de Kick Ass. E essa linguagem escolhida pelo diretor ajuda a aproximar o filme do público.

Porém devido a sua violência explicita o filme ganhou censura 18 anos aqui no Brasil e vai ter o público bem limitado, visto que os adolescentes ficaram de fora desta vez. 

Mas mesmo assim o filme já tem uma sequência planejada para o ano de 2012 e Kick-Ass 2: Balls to the Walls já tem data de estréia marcada.

Se mantiver a qualidade a sequência terá tudo para superar o original e poderemos ver mais uma vez os "heróis" quebrando tudo, pois como o próprio personagem Kick Ass diz sem super poderes não há responsabilidades, qualquer semelhança com um outro herói não é mera coincidência.

domingo, 13 de junho de 2010

Crítica: O Escritor Fantasma

O diretor Roman Polanski tem em seu currículo filmes de diferentes gêneros que vão desde a comédia como é o caso de "Piratas" (Pirates, EUA 1986), o terror psicológico "O Bebê de Rosemary" (Rosemary's Baby, EUA 1968), o oscarizado "O Pianista" (The Pianist, EUA 2002) e o policial "Chinatown" (Chinatown, EUA 1974). Todos exemplares de bom cinema que se valem muito a partir da atuação dos atores. 

Afastado do cinema desde a sua adaptação de "Oliver Twist" (Oliver Twist, EUA 2005) devido a problemas com a justiça o diretor parece ter planejado a sua volta as telas com muito cuidado. E  "O Escritor Fantasma" (The Ghost Writer, EUA 2010) não é só dirigido, mas tem o roteiro assinado pelo diretor.

A premissa do filme é simples, após a morte do escritor fantasma do ex-primeiro Ministro Britânico Adam Lang, vivido de forma correta pelo ator Pierce Brosnan. Um outro escritor fantasma deve ser contratado para terminar o trabalho na biografia de Adam Lang. Esse trabalho recai então para um jovem escritor inglês vivido pelo ator Ewan McGregor, pelo trabalho este irá receber a soma de US$ 250.000,00 e conforme a editora tem um mês para terminar o trabalho.

Só que o que parecia um trabalho simples se torna cada vez mais perigoso, pois a medida que o escritor fantasma avança nos trabalhos, vai descobrindo certas coisas sobre o passado de Lang que  irão torná -lo alvo de pessoas poderosas dos altos escalões do governo. E para complicar um pouco mais o próprio Lang esta sendo acusado de crimes de guerra por políticos do governo Britânico, que querem levá-lo para um tribunal.

O roteiro tem o grau de suspense perfeito e prende o espectador do início ao fim, as reviravoltas e revelações a medida que a trama avança ocorrem na hora certa e até o último segundo quando tudo é revelado ao público e a trama toda se encaixar de maneira perfeita se tem a certeza  de que Polanski planejou cada segundo da trama.

A fotografia é um ponto alto do filme, assim como os cenários utilizados, sejam nas cenas externas em uma ilha isolada nas imediações de Nova York ou na mansão que Lang mora na mesma ilha. Todo esse clima da o tom certo de suspense a história que está sendo narrada.

Os atores também são bem dirigidos por Polanski, apesar de Pierce Bronsnan ser um dos protagonista tem pouco tempo na tela, mas as suas aparições são perfeitas, por outro lado Ewan McGregor cada vez mais se mostra um ator maduro e que pode assumir papéis um pouco mais complexos do que os que vinha fazendo antes.

Todas essas qualidades faz do filme uma ótima opção para quem quer assistir a um filme de qualidade nas telas dos cinemas. Pena que mais uma vez os distribuidores brasileiros tenham escolhido o momento errado para lançar o filme nas salas de cinema do país. Pois com toda certeza apesar de ser um excelente filme de suspense e cinema de qualidade irá ser ofuscado por príncipes persas, titãs em fúria, vampiros, lobisomens e outros blockbusters do verão americano.

sábado, 12 de junho de 2010

Crítica - Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo

Normalmente o que ocorria era o caminho inverso um filme de sucesso tinha que virar não só video game, mas como toda uma meca de produtos que levavam a sua marca. Porém como no mundo dos jogos eletrônicos de hoje as histórias dos mesmos estão cada vez mais elaboradas e cinematrogáficas não seria muito difícil boas histórias migraren da telinha para o telão do cinema. E foi exatamente esse o caminho percorrido pelo filme "Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo" (Prince of Persia: The Sands of Time, EUA 2010).

É verdade que o personagem apareceu pela primeira vez em um jogo de computador no já distante 1989, o objetivo do jogo era simples, o jogador tinha uma hora, nem mais nem menos para salvar a vida de uma princesa e provar a sua inocência. Na época o jogo impressionava pelos movimentos fluídos do personagem e o desafio que propunha aos jogadores de terminar a aventura a tempo. Com o sucesso, como já era de se esperar vieram várias sequências para o jogo, porém nenhuma conseguiu superar o original. E o personagem acabou caindo no esquecimento. Isso até 2003 quando a Ubisoft resolveu dar uma repaginada na personagem e trazer uma aventura para realmente superar em todos os aspectos o jogo de 1989. Usando recursos 3D e uma trama interessante o Príncipe Dastan (vivido nas telas pelo ator Jake Gyllenhall - em seu primeiro blockbuster) ganharia novamente o interesse dos jogadores. O sucesso do jogo então gerou mais duas continuações "The Warrior Within" (2004) e "The Two Trones" (2005) o desfecho da trilogia.

Então o caminho natural seria levar as aventuras do Príncipe Dastan para as telas dos cinemas e lógico em formato de Blockbuster. É verdade que a escolha de Gylenhall para viver Dastan não agradou a alguns, mas o ator não compromete e vive o personagem de forma correta, sem exagerar na atuação. Ao seu lado ainda está a estrela em ascenção Gemma Arterton, Ben Kingsley e Alfred Molina (sem dúvida em uma atuação impagável e são dele os melhores momentos do filme).

A trama segue o mesmo enredo do jogo, acusado de traição e assassinato Dastan deve fugir do palácio para provar a sua inocência, na fuga ele leva consigo um poderoso artefato - uma adaga - concebido aos humanos pelos Deuses e de quebra a princesa Tamina ainda segue junto com ele. Lógico que nada será fácil para Dastan que tem em seu encalço ainda um horda de assassinos conhecidos como Hassassins que querem se apoderar da adaga para entregá-la a pessoa que os contratou.

Entre uma cena de ação e outra sobre tempo para que a fotografia mostre belas paisagens dos desertos e do oriente. Alias os cenários são de encher os olhos e tudo foi muito bem cuidado, assim como o figurino que recria muito bem o antigo oriente.

A direção de Mike Newell não compromete e é correta, dando sempre o toque certo nas cenas de ação. Porém não espere nenhuma cena de ação grandiosa, pois não há sequências assim no filme, as cenas que mais chamam a atenção são as que Dastan usa a adaga para reverter o tempo e alterar o passado, destaque aqui para a cena do ataque das víboras ao acampamento.

Se tudo correr como o esperado ainda veremos mais duas aventuras do Príncipe da Pérsia nas telas, isso se Hollywood não colocar o personagens em mais filmes, histórias originais e reboot. Porém nada foi anunciado até o momento. É esperar para ver.

sábado, 22 de maio de 2010

Livros - Trilogia Millenium

Desde que iniciei o blog tinha em mente de não me ater somente as resenhas relativas aos filmes, mas queria estreiar a parte literária do blog comentando sobre um livro (ou livros) que realmente valessem a pena indicar. 

Foi então que desde março deste ano que eu estou envolvido com a leitura da trilogia Millenium, os três livros tem mais de 500 páginas cada um e em nenhum momento perde o ritmo, e sempre se quer ler um pouco mais para descobrir o que vai acontecer com algum personagem da trama, que por sinal não são poucos, mas todos muito bem construídos e inseridos dentro da hsitória.

Nos livros temos dois personagens centrais, o repórter investigativo Mikael Blomkvist e a hacker Lisbeth Salander, e é em torno deles que os demais personagens entram em saem da trama porém os personagens secundários são tão bem construídos que se encaixam com perfeição ao que está sendo narrado.

O primeiro livro da trilogia se chama "Os Homens que não Amavam as Mulheres", seguido por "A Menina que Brincava com Fogo" e que tem o seu desfecho em "A Rainha do Castelo de Ar". Como se trata de uma trilogia a primeira vista parece que o primeiro volume da  mesma é uma história a parte, porém ledo engano daqueles que pensarem isso, pois ao ler tudo se percebe que nada foi desnecessário.

É verdade que o livro contém cenas violentas, envolvendo sexo e assassinatos, mas a trama foi tão bem construída por Stieg Larsson (autor da trilogia e falecido aos 50 anos após terminar de escrever os livros) que de uma forma ou de outra nada ficará sem justificativa.

A trama também conta inúmeras reviravoltas, que não deixará o leitor se dar por satisfeito até chegar ao final de tudo, e isso é outro acerto do autor que desta forma mantém o interesse sempre em alta dos que estão lendo os livros.

Ao terminar de ler as 1814 páginas que compõem a trilogia em praticamente dois meses, tive a certeza de ser com estes livros que eu iria estreiar aqui no Movies & Cultures as minhas resenhas sobre livros. Até mesmo aqueles que não tem hábito de ler livros grandes vão com certeza ao pegar o primeiro volume para ler e querer saber como toda aquela história irá acabar.

E posso dizer que realmente é surpreendente o desfecho de tudo.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Crítica - Millenium 1: Os Homens que não Amavam as Mulheres

Devemos adimitir que transpor para as telas um best seller de 522 páginas não é uma das tarefas mais fáceis, e lógico que os cortes serão feitos para dar até mais agilidade a trama que se pretende contar, porém manter o básico da história é o essencial. É com base nestas premissas que o diretor sueco Niels Ardens Oplev, leva para as telas a primeira parte da trilogia Millenium, escrita por Stieg Larsson. 
 
Em "Os Homens que não Amavam as Mulheres" (Män Som Hatar Kvinnor, Suécia 2009) somos apresentados ao repórter investigativo Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), que após denunciar um magnata da indústria sueca é processado e condenado a cumprir pena na prisão por difamação. No encalço de Mikael ,  está Lisbeth Salander (Noomi Rapace), uma hacker profissional que é contratada para fazer uma pesquisa sobre ele, e entregar os resultados da mesma para o advogado Dirch Frode, que por sua vez trabalha para o magnata Henrik Vanger, dono das Indústrias Vanger.

A missão de Mikael é desvendar o misterioso desaparecimento de Harriet Vanger, um crime que está sem solução a 40 anos, e que até mesmo a polícia já não tem esperança de encontrar uma solução para o mesmo. Mikael aceita trabalhar para Vanger em troca de uma certa quantia de dinheiro, mesmo acreditando que não dará em nada a sua investigação. Enquanto isso em Estocolmo, Lisbeth começa a sofrer uma série de assédios por parte do seu novo tutor, o advogado Niels Bjurman, que a obriga a servir aos seus prazeres.

Como era de se esperar algumas das passagens mais violentas do livro foram retiradas das telas, como na cena em que Lisbeth sofre o estupro por parte do seu tutor, que sofreu alguns cortes.

Partindo das premissas básicas do livro e tirando subtramas que não caberiam nas telas dos cinemas, o filme ganha em agilidade e o resultado final não desagradará aos fãs do livro, que veram na tela a trama principal ,muito bem retratada. Lógico que para quem já leu o livro, as reviravoltas que o filme mostra  não causará o mesmo impacto, que causa naqueles que não conhecem a história.

No final o resultado é satisfatório e como nos livros da trilogia, todos querem saber como a história irá prosseguir, pois os roteiristas se utilizaram de um fato que nos livros  da trilogia só nos é revelado no segundo volume, e colocaram a cena quase ao final do filme, dando a deixa para a continuação da história. Um outro acerto é a cena final do filme, que já situa a personagem Lisbeth Salander, no local em que ela aparece pela primeira vez no segundo livro da trilogia.

Se o ritmo for mantido no segundo filme, tudo indica que o desfecho da história no terceiro filme da série não deixará nada a desejar. Será que Hollywood irá fazer jus a trilogia e filmar algo ainda melhor que a versão européia do filme? É esperar para ver.

domingo, 9 de maio de 2010

Crítica - Homem de Ferro 2

Já diz a cartilha de Hollywood que sempre uma continuação deve ser maior e melhor que o seu antecessor em todos os aspectos, só que está cartilha não é seguida a risca por muitos dos estúdios que acabam por estragar filmes que seriam bons se mantivessem a mesma receita do original. E é exatamente mantendo a mesma receita de "Homem de Ferro" (Iron Man, EUA 2008) que a Marvel Studios consegue fazer um filme tão bom quanto ao seu antecessor e ainda assim encaixar na trama elementos que preparam os espectadores para os novos filmes do estúdio. E esse é sem dúvida alguma o maior mérito de "Homem de Ferro 2" (Iron Man 2, EUA 2010), se manter como o original.

Como tudo o que necessitava ser contato sobre as origens dos personagens já havia sido dito no filme anterior, os roteiristas então tiveram mais liberdade para acrescentar elementos a trama e explorar ainda mais  o psicológico de Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr) de modo a mostrar mais um pouco dele para os espectadores.

Neste segundo capítulo reencontramos o mundo em paz, após o anúncio de que o Homem de Ferro era uma realidade, porém esse período de calmaria está ameaçado, pois o governo dos EUA insiste que Tony Startk deve entregar a armadura do Homem de Ferro para eles, de modo que o exército americano a controle como bem desejar. Além disso um antigo inimigo da família Stark, Ivan Vanko (Mickey Rourke), ressurge para clamar por vigança e se une as Indústrias Hammer - dirigida por Justin Hammer (Sam Rockwell) - na tentativa de destruir o Homem de Ferro. E os roteiristas ainda encontraram uma brecha ao meio de tantas tramas para colocar Tony Stark com uma doença que pode matá-lo, devido ao uso do aparelho que o mantém vivo, e é o mesmo que o possibilita a utilizar a armadura do Homem de Ferro. A primeira vista pode parecer que são muitas tramas paralelas para um filme de 124 minutos de duração, e que acabaria por causar a  síndrome das continuações em "Homem de Ferro 2", porém elas se encaixam de forma tão harmônica que tudo funciona perfeitamente.

Robert Downey Jr. continua perfeito como Tony Stark, com as suas tiradas sarcásticas ainda mais afiadas, o ator ainda encontra meios de explorar o lado auto-destrutivo de Stark, pois como este sabe que está para morrer e não consegue achar a solução que irá salvá-lo, passa a viver de forma mais inconsequente.

Outro acerto do filme é dar mais espaço para alguns personagens, caso de Samuel L. Jackson ,que vive Nick Fury,  introduzir alguns novos a trama como a Viúva Negra (Scarlett Johansson). Nem a substituíção de Terence Howard, que viveu o personagem Rhodey no primeiro filme, por Don Cheadle é de fato um problema para o filme, pode-se dizer que Cheadle o substituiu de forma correta.

A sequência final na Stark Expo 2010 é muito bem executada e tem a medida certa de ação e nada é exagerado, pois afinal se trata de um filme de super herói, logo tudo o que vemos na sequência é plausível com o que o foi desenvolvido pelo roteiro.

Além de preparar o campo para outras produção da Marvel que estão por vir, e fazer citações a outros filmes do estúdio que já sairam nos cinemas, "Homem de Ferro 2" ainda prepara o campo para a sua própria continuação, pois nem todas as tramas se fecham neste segundo capítulo, deixando assim espaço para que sejam ainda mais exploradas em um terceiro episódio que com certeza está por vir. Sem contar ainda com o filme dos Vingadores que a Marvel quer emplacar no já tão disputado verão de 2012.

Com muitos pontos a favor "Homem de Ferro 2" é dirigido de forma correta por Jon Favreau, que não deixa em nenhum momento que o filme perca o seu ritmo. É verdade que as sequências de ação não são muitas, pois se resumem a três grandes cenas ao longo do filme, com destaque para a já citada sequência final e o primeiro encontro entre Stark e Ivan Vanko nas ruas do principado de Mônaco. O resto da projeção é todo praticamente sustentado pelos diálogos, que dão a contribuição perfeita para o história.

E como já é tradição dos filmes da Marvel existe uma cena surpresa (ou easter egg) ao final dos créditos, que já prepara o público para um outro filme do estúdio e a expansão do universo Marvel nos cinemas, mas prestando atenção no filme já dá para sacar qual será a cena.

No mais "Homem de Ferro 2" é um filme a altura do original e na comparação pode-se dizer que ambos se complementam e abrem as portas para um terceiro episódio, que se seguir com as lições corretas dos dois primeiros, será sem dúvida um filme de super herói para não se colocar defeitos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Crítica - A Estrada

Já foram tantas as vezes nas quais Hollywood destruiu o mundo e o tornou um lugar pós-apocalíptico, que mais uma vez não faria a menor diferença. Porém "A Estrada" (The Road, Eua 2009) é um filme deste gênero só que com um atrativo a mais, saem os atos heróicos do protagonista, que na maior parte dos filmes desse mesmo tema tem sempre a solução mirabolante que irá salvar o dia, e no lugar entra um homem comum que tem como único objetivo manter-se vivo no meio de todo o caos para ensinar o seu filho a sobreviver naquele mundo.

Pode-se afirmar que "A Estrada" é um filme de auto-descobrimento, tanto para o personagem do pai vivido pelo ator Vigo Mottersen (o Aragorn da trilogia Senhor dos Anéis) como para o personagem do seu filho vivido pelo ator adolescente Kodi Smit-McPhee. Ambos lutam pela  sobrevivência , em um mundo onde não há mais regras, e manter-se vivo a cada dia custe o que custar é o que importa para os habitantes do planeta que sobreviveram ao pesadelo do holocausto para viver um pesadelo ainda pior.

A narrativa do filme não é muito ágil e se baseia basicamente nos diálogos travados entre pai e filho, e são através desses, que ambos os personagens expõem os seus pontos de vista ao longo da viagem. Não será surpresa ao longo da projeção ver os protagonistas esbarrarem em situações que colocaram a prova a sua moral e ética, mas na luta pela sobrevivência em um mundo caótico acaba por prevalecer a lei do mais forte.

Um ponto interessante do filme é que a estrada, pode ser interpretada como sendo a própria vida, que nos conduz a algum lugar, porém nunca sabemos o que iremos encontrar pela frente e é exatamente essa sensação que os protagonistas tem quando a percorrem com o objetivo de chegar ao litoral, pois acreditam que ali encontraram condições de vida melhores. Mas como na vida somos obrigados a tomarmos alguns desvios quando algum perigo eminente nos ameça, e no filme isso é personificado pelos humanos que se tornaram canibais, que além de sequestrarem suas vítimas e as mantém prisioneiras em um porão de uma casa para que estas sirvam de alimento para o bando.

Outro tema presente no filme é a questão de não entregar os pontos e fraquejar diante das situações difíceis e cujas as decisões são igualmentes difíceis, como por exemplo em uma determinada cena o pai instruíu o filho a cometer o suícidio caso esse seja apanhado pelos "Homens Maus", como o garoto se refere ao bando que pratica o canibalismo no filme.

É importante notar que nesta jornada de auto-conhecimento os personagens não tem nomes, e isso  serve  para reforçar ainda mais a idéia do auto-conhecimento que é o tema central da trama.

Pode-se afirmar que "A Estrada" não é um filme comercial e sim um filme para ser visto com bastante atenção e depois se refletir sobre as idéias que o filme passou, pois assim como na vida seguir pela nossa própria estrada, nunca será uma tarefa das mais fáceis. Saber o que há no final é impossível, tomar desvios serão necessários, assim como retormar o rumo certo também. Pessoas passaram pelas nossas vidas e sairão dela do mesmo modo que entraram, outras deixaram lembranças e outras nos ajudaram a seguir em frente.

No final a conclusão que se chega é que a "A Estrada" nos mostra nada mais, nada menos que as estradas das nossas vidas, com todos as suas dificuldades e armadilhas.

Caminhar pela estrada, assim como fazem os protagonistas do filme, nunca será uma tarefa fácil, porém com coragem e fé chegar ao fim do caminho será menos árduo do que para aqueles que não tem esses sentimentos dentro de si.

Crítica - Alice no País das Maravilhas

Desde que as primeiras notícias de que Tim Burton iria passar para as telas do cinema o clássico livro de Lewis Caroll, o primeiro pensamento que me veio a cabeça foi "finalmente vão fazer uma versão a altura do livro de Caroll. Pois a versão "fofinha" da Disney em desenho animado de 1951 somente toca de raspão o texto de Caroll. Daí veio uma outra notícia de que a Disney estaria envolvida no projeto de Burton, e este por sua vez retornaria a sua primeira casa, ai pensei "pronto teremos a versão fofinha em carne e osso". Ledo engano "Alice no País das Maravilhas" (Alice in Wonderland, EUA 2010) além de ter um visual arrebatador, não é nem perto um filme infantil, tamanha a sua carga de questões filosóficas e perfis psicológicos  que cada personagem apresenta.

Para não ter um roteiro muito semelhante ao desenho animado, Burton situou a sua versão da história 10 anos após os acontecimentos da versão animada. Convocou um time de atores com os quais já realizou vários de seus trabalhos, isso significa Johnny Depp (Chapeleiro Maluco) e Helena Bonham Carter (Rainha de Copas) e somado a eles ainda estão no filme Anne Hathaway (Rainha Branca), Crispin Glover (Valete), a estreiante Mia Wasikowska (Alice) e as vozes de Alan Rickman (Absolom) e Christopher Lee (Jaguadarte).

Na versão de Burton então Alice está com 17 anos e esta prestes a ser pedida em casamento perante a centenas de pessoas da alta sociedade, durante uma festa Vitoriana. Porém Alice avista o Coelho Branco, o mesmo que a 10 anos atrás a atraiu para o mundo subterrâneo. E neste momento Burton saca mais uma idéia interessante para a sua versão, Alice simplismente esqueceu que estivera naquele mundo subterrâneo e para ela aquela primeira visita não passou de um sonho. Porém as coisas naquele mundo mudaram desde que Alice voltou para a superfície e a Rainha de Copas - vivida de forma expecional por Helena Bonham Carter - dominou e subjulgou todos os habitantes aos seus caprichos, porém um grupo ainda resiste a se subjulgar a rainha e vê em Alice a sua salvação, porém está continua a achar que tudo aquilo é um sonho e cabe a ela, e somente ela, encontrar o seu papel no meio de tudo que está ocorrendo.

É verdade que assim como Lewis Caroll introduziu enigmas e trocadilhos em seus livros sobre a personagem, Burton não poupa os espectadores em detalhes visuais, trocadilhos e frases ditas pelos personagens. Um exemplo disso é o campo onde é travada a batalha final do filme, olhando com atenção vemos perfeitamente um imenso tabuleiro de xadrez onde a batalha é travada. Ou seja os objetos de cena não estão lá por mero acaso eles tem a sua participação na constituição de cada cena.

A versão 3D melhora ainda mais o que já seria bom em 2D e se visto ainda em um cinema com cópias legendadas em 3D fica melhor ainda. Burton e sua equipe se deram ao trabalho, assim como Lewis Caroll de criar palavras esquisitas para serem didas por alguns personagens, principalmente o Chapeleiro Maluco de Depp.

Lógico que não poderia faltar a trilha sonora de Danny Elfman, parceiro de Burton na maioria dos seus filmes, que não deixa a desejar em nenhum momento da projeção dando o tom certo em cada cena do longa.

O visual é um show a parte, pois o País das Maravilhas imaginado por Burton está longe de ser algo sombrio e cinzento como pensaram todos ao ter sido anunciado que ele dirigiria o filme. Ao contrário disso Burton nos dá um mundo colorido e tão rico em detalhes que o visual passa a ser parte integrante da trama a todo o momento.

Fechando tudo isso a maneira como foi imaginada a troca de figurino da personagem durante o filme é perfeita, pois Alice hora cresce ou diminui de tamanho ao comer ou beber algo naquela terra de sonhos e fantasia. E o figurino da atriz Mia Wasikowska que vive Alice, foi exatamente imaginado para dar maior flexibilidade nas cenas em que isso ocorre.

Por tudo isso "Alice no País das Maravilhas" é desde já um integrante da seleta lista de melhores filmes lançados em 2010 e com certeza já tem lugar garantido entre as 10 indicações de melhor filme do ano.

Não será surpresa se alguém se arriscar a descer pelo buraco do coelho mais de uma vez para visitar esse mundo mágico e cheio de nuances criado por Burton e desvendar certos enigmas que não desvendou na primeira visita.