segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Crítica - O Mágico

O diretor francês Jacques Tati tem em seu currículo filmes que continuam atemporais como "Meu Tio" (Mon oncle, França 1958) e "Playtime - Tempo de Diversão" (Play Time, França 1967) e o foco de Tati sempre foi a crítica social a burguesia francesa das décadas de 50 e 60 e o Sr. Hulot com a sua ingenuidade criticava esta classe social de forma inteligente e inocente.

Os anos se passaram e Tati fez poucos filmes e sempre utilizando o mesmo personagem o Sr. Hulot, porém um roteiro inacabado de Tati intitulado "O Mágico" (L'Illusionniste, França 2010) foi uma homenagem póstuma a altura que este ícone do cinema francês sempre mereceu e o diretor Sylvian Chomet do já excelente "A Bicicletas de Belleville" (Les Triplettes de Belleville, França 2003) soube captar toda a escência do personagem mais famoso de Tati e realizar uma animação que é tão boa quanto o seu outro longa.

Na história somos apresentados a um mágico em fim de carreira que percorre várias cidades européias em busca de uma platéia que ainda se interesse pelos seus truques de ilusionismo, porém com a aproximação dos anos 60 e o rock'n'roll fazendo a cabeça dos jovens, o velho mágico vai perdendo espaço aos poucos e não lhe restam muitas opções para os seus números a não ser se apresentar em teatros decadentes, bares, tavernas e até em vitrines de lojas de departamento (alias Chomet neste segmento mais uma vez critica o capitalismo e o consumismo de forma inteligente).

Porém em uma de suas apresentações o mágico conhece a joven Alice uma menina cheia de sonhos que vive na Escócia e que após receber de presente do velho mágico um par de sapatos, passa a achar que este pode lhe dar tudo o que sempre sonhou através da mágica e então resolve seguir viagem com ele para a sua próxima parada que será em Edinburgo onde a maior parte da ação do filme se desenrola.

A viagem faz com que ambos os personagens comecem a passar por um processo de mudança interna, a menina deve entender que para ter as coisas que sempre desejou deve lutar para obtê-las e o velho mágico vai entender que sempre chega a hora na vida de cada um de nós de parar de fazermos o que sempre estivemos acostumado a fazer e dar espaço para que outros o façam de uma forma diferente.

O interessante é notar que Alice vai amadurecendo e deixando de ser uma menina para se tornar uma mulher, isso fica claro a partir das suas roupas que vão mudando ao longo do filme (reparem que o figurino da menina vai assumindo o de uma outra personagem clássica da literatura e que ao final com a mensagem deixada pelo mágico faz todo o sentindo).

As situações cômicas do filme em que o personagem do mágico se envolve são semelhantes as trapalhadas vividas pelo Sr. Hulot nos filmes de Tati e o nome do mágico não poderia ser outro a não ser Tatischeff o nome real de Jacques Tati. A cena em que o personagem chega bêbado ao hotel é perfeita e não deixa a desejar as performances de Tati como o Sr. Hulot.

No final o filme passa a sua mensagem sem que os personagens tenham travados diálogo algum ao longo dos 80 minutos de duração do longa, somente conduzidos pela música, expressões e pelas situações criadas a história é contada e passa ao público a mensagem de que sempre irá chegar a hora para parar de fazer o que sempre fizemos e caberá a nós saber reconhecer esse momento e termos a sensação do dever cumprido.

De uma forma mágica Sylvian Chormet faz uma homenagem a Tati e nos dá mais um longa de animação que é sem sombra de dúvidas um trabalho excelente e mais uma aula de como se fazer um bom cinema a moda antiga, com personagens cativantes e ainda com uma mensagem de que na vida tudo sempre terá a hora para terminar, porém até está hora chegar o show sempre deverá continuar.


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Crítica - Enrolados

A Disney por muitos anos dominou o mercado de longas de animação, e não foram poucos os clássicos que a mesma criou que até hoje passam de geração em geração e continuam atuais. Porém os anos foram passando e outros estúdios foram criados e aprenderam a fazer filmes de animação tão bons quanto os filmes que eram produzidos pela Disney. DreamWorks, Blue Sky Studios, Warner e até a Fox entraram para o filão da animação, umas se deram bem, outras saíram de cena rapído. A Disney então resolveu dar uma repaginada nas suas animações, mas é claro sem perder tudo aquilo que a fez ser sempre a líder neste mercado.

A receita estava quase pronta, dos seus clássicos vieram as princesas, os mocinhos e os bichinhos que ajudam os heróis - aqui eles não falam, só expressam o que sentem através de caras e bocas - e é claro as canções que já ganharam várias estatuetas, junte a esta receita a animação em computação gráfica e o 3D estereoscópico e um roteiro ágil, engraçado e com as mensagens com a grife Disney e está pronto o novo sucesso dos estúdios e "Enrolados" (Tangled, EUA 2010) é um filme que agrada a adultos e crianças.

A história é narrada por Flynn Rider (dublado por Zachary Levi na versão original e por Luciano Huck na versão dublada) logo no início ficamos sabendo do nascimento de uma flor que tem poderes mágicos e foi germinada a partir de um fragmento do sol, em seguida uma velha encontra a flor e a usa para ser sempre jovem. Só que a rainha do reino adoece e o rei manda que seus guardas revirem todo o reino atrás da flor, pois a mesma é a única chance da rainda sobreviver. Em um lance de sorte um dos seus guardas encontra a flor que a velha Goethel (dublada por Donna Murphy) escondeu por anos e anos e sem que deixa-se que outros compartilha-se do seu poder de cura. A flor é utilizada para fazer um medicamento que salva a rainha, mais tarde da a luz a Rapunzel que acaba por absorver os poderes mágicos da flor em seus cabelos. Não tarda muito a velha Goethel raptar a princesa e colocá-la em uma torre para que ninguém a veja e somente ela possa usurfruir dos poderes que estão nos cabelos da menina.

Anos se passam e acompanhamos Flynn Rider em mais um de seus golpes, onde o alvo é o roubo da tiara que pertenceria a princesa um dia. Porém a guarda do palácio persegue Rider pela floresta e este acaba encontrando um refúgio na torre onde está Rapunzel (dublada por Mandy Moore), só que se torna "prisioneiro" da princesa que lhe propõem um acordo, Rider terá que levá-la até onde as lanternas flutuantes são lançadas e em troca Rapunzel irá lhe devolver a tiara que ele roubou.

A jormada de Rapunzel e Rider é acompanhada por Pascal (um camaleão super protetor que se expressa com caras, bocas e cores) e Maximus (um cavalo policial que fará de tudo para capturar Rider), além de um bando de brutamontes que tem o melhor número musical que em muitos anos não se via em um filme da Disney desde a espetacular abertura de "O Rei Leão" (The Lion King, EUA 1994).

O roteiro foi escrito para agradar a adultos e crianças, e as mensagens que a Disney sempre passou em seus longas está permeado por todo ele. No caso de "Enrolados" a mensagem é que nunca se deve desistir dos seus sonhos e que se você conseguir realizar um sonho é a hora de ter outros sonhos para perseguir e realizar. O roteiro trata ainda de temas como o egoísmo e ganância, mas tudo de uma forma bem clara para que os pequenos possam entender e que não soe bobo demais para os adultos.

Um dos melhores personagens do filme é sem dúvida o camaleão Pascal que com as suas caras e bocas expressa tudo o que sente sem falar (um acerto e tanto da Disney pois as crianças de hoje não engolem mais bichinhos falando com os humanos) e é o protetor de Rapunzel, as suas participações são na medida certa e rendem as partes mais engraçadas do longa.

As cenas em 3D também dão um visual especial ao filme e a cena das lanternas sendo lançadas ao ar pelos habitantes do reino é de encher os olhos e é ponto alto do filme. Lógico que não podia faltar a cena a canção principal do filme na voz de Mandy Moore.

Ao final da projeção tanto adultos quantos crianças saem satisfeitos da sala de cinema e com a certeza que a Disney finalmente recuperou a magia de contar excelentes hsitórias como só eles conseguem contar e agora torcer para que uma nova era de ouro tenha se iniciado nos estúdios e que está tenha vindo para ficar e nos encantar por mais gerações e gerações, pois os sonhos sempre irão existir.