O cineasta/documentarista Michael Moore parece ter uma fonte inesgotável de temas e idéias para os seus documentários a cada ano que passa. Depois de mirar as suas armas para a temática da violência no aclamado "Tiros em Columbine" (Bowling for Columbine, EUA 2002), nos mostrar o outro lado da história dos ataques terroristas do 11/09, no excelente "Fahrenheit 9/11" (Fahrenheit 9/11, EUA 2004) e dissecar o sistema de hospitalar americano em "Sicko" (Sicko, EUA 2007). Moore junta um pouco de tudo do que deu certo nos seus trabalhos anteriores e lança o seu olhar crítico sobre a crise econômica que se abateu em várias partes do mundo capitalista com o seu melhor trabalho até então em "Capitalismo: Uma História de Amor" (Capitalism: A Love Story, EUA 2009).
É verdade que o filme não será lançado no circuito de cinema brasileiro indo direto para o mercado de home video (DVD) por aqui, uma pena diga-se de passagem.
Consegui assistir ao filme no cinema, pois o mesmo fazia parte da 15º Mostra de Documentários "É Tudo Verdade", alias um acerto da organização em programar este documentário. Porém em junho o mesmo estará disponível nas locadoras onde deve atingir o público e os fãs do diretor.
Ao longo das 2 horas de projeção, Moore faz uma radiografia nua e crua de todo o sistema capitalista que foi imposta pelos EUA ao resto do mundo. Lógico que sobram farpas para o ex-presidente dos EUA George Bush, inimigo declarado do diretor, para o modo como os empregados são tratados pelas empresas (onde por incrível que pareça valem mais mortos do que vivos!!!) e para o sistema imobiliário americano que foi o que deflagou a crise financeira. Além de claro mais uma vez o diretor mirar as suas lentes para a cidade de Flint, Michigan nos EUA que é a sua cidade natal e local onde ele mesmo realizou o seu primeiro documentário (Roger e Eu, EUA 1989).
Nota-se perfeitamente que as idéias foram encadeadas de forma que não hajam contra argumentos para o que esta sendo apresentado ao público, e isso é fruto com certeza de uma pesquisa sólida por parte do diretor sobre os temas apresentados no filme.
Também percebe-se que Michael Moore está muito mais maduro, mas não perdeu em nada a sua irreverência e cinismo ao tratar de certos temas durante o longa, e isso fica nítido para a platéia quando este ao volante de um carro forte resolve ir até as sedes dos bancos americanos dizendo que está lá para pegar o que foi roubado do povo por estes, ou quando ao questionar um funcionário de uma determinada empresa que trabalha na bolsa de valores para explicar para ele o que é um derivativo e o mesmo não sabe explicar, o diretor coloca seus comentários ácidos e cínicos de forma a fornecer argumentos plausíveis para o que está sendo discutido.
Resumindo é o melhor trabalho do diretor até o momento, porém não encontrou espaço nas salas de cinema por aqui infelizmente. Seria porque os exibidores estejam com medo de passar a informação para um maior número de pessoas comecem a se questionar sobre o que é ideal ou não? É faz sentido vai que as pessoas queiram atender ao apelo que o diretor faz ao final da projeção, alias a cena é perfeita para encerrar este excelente trabalho de Michael Moore.