sexta-feira, 30 de julho de 2010

Crítica - Shrek Para Sempre

Quando o primeiro filme da franquia Shrek (Shrek, EUA 2001) saiu a quase 10 anos atrás, ninguém esperava que um desenho animado digital fosse ser tão politicamente incorreto a ponto de virar de cabeça para baixo o mundo dos contos de fadas, que já estava bem consolidado pelos clássicos da Disney. E foi exatamente essa quebra de regras que fez de Shrek um sucesso imediato e a cada piada o espectador se surpreendia. 

Com o sucesso do primeiro filme era mais que evidente que a PDI/Dreamworks iria investir em uma continuação, porém como criar uma história que surpreende-se o público pela segunda vez sem repetir as piadas do primeiro filme. A solução encontrada foi perfeita e passar a história para o reino de Tão Tão Distante e fazer deste uma paródia de Beverly Hills com as suas avenidas e mansões funcionou ainda melhor que no primeiro longa e Shrek 2 (Shrek 2, EUA 2004) não só era mais engraçado que o original, além de acertar em cheio na criação de novos elementos como o Gato de Botas (afinal quem não se lembra da cara de piedade do gato numa das muitas sequências hilárias do longa). Tendo arrecado até mais que o primeiro filme a fatura já estaria mais que paga se parasse por ai.

Porém o show deve sempre continuar e os produtores resolveram então partir para o terceiro, que pelos planos seria um último filme para fechar uma trilogia. Só que o tiro saiu pela culatra e Shrek Terceiro (Shrek The Third, EUA 2007), não só é o pior filme da franquia como seria o derradeiro se não fosse a tecnologia 3D despontar e se consolidar nos anos seguintes. Nada funcionou no terceiro capítulo, piadas cansadas, trilha sonora monótona e um filme totalmente sem a graça e o humor ácido dos dois primeiros. Me lembro que na época após assistir o filme me questionei se havia realmente visto um filme de Shrek, será então que esta era a grande piada? Não parecer um filme de Shrek.

Passaram-se mais três anos e com a chegada de 2010 a PDI/Dreamworks resolve consertar o seu erro ao ter feito o terceiro episódio e lança Shrek Para Sempre (Shrek Forever After, EUA 2010). Agora se utilizando da tecnologia 3D (diga-se de passagem que esta foi muito bem utilizada no filme) resolve fechar a história de modo a tentar dar um final mais digno para a cine série.

A premissa é interessante e reencontramos Shrek, Fiona, o Burro e todos os demais personagens vivendo felizes para sempre como em um conto de fadas. Só que Shrek não esta satisfeito com a sua vida calma de pai de família e tem saudades dos tempos em que era um ogro que assustava os aldeões e era temido por todos que entrevam em seu pântano. Após discutir com Fiona durante a festa de aniversário dos seus filhos ele diz ter o desejo de voltar a sua antiga vida. Só que neste momento o duende Rumpelstiltskin acaba por escutar e ve a chance de ter o reino de Tão Tão Distante nas suas mãos e se vingar de Shrek por um fato ocorrido no passado. Rumpelstiltskin então propõem um pacto a Shrek ele irá fazer com que o ogro viva um dia na sua antiga vida se este por sua vez der um dia do seu passado ao duende. Shrek não pensa duas vezes ao assinar o pacto e é neste momento que se vê em uma realidade alternativa de Tão Tão Distante e a partir daí o filme se mostra mais uma vez lento e sem as piadas ácidas, que foram a marca registrada  do início da série e não acrescenta muito a trama dos demais filmes. 

A trilha sonora se mostra cansada e é quase inexistente e está muito aquém das trilhas sonoras dos dois primeiros filmes. E em alguns casos se resgata canções dos filmes anteriores - até se entende que este filme funcione como uma homenagem a série, mas repitir músicas não ficou tão legal - como a música do final do filme.

O 3D ajuda a narrativa, porém nem o recurso é capaz de salvar o clímax final, pois fica a sensação que faltou algo ali. A salvação é a bela cena entre Fiona e Shrek e o diálogo entre eles, mas isso não é o suficiente para sustentar todo o resto, em se tratando de um filme de Shrek.

As piadas são praticamente inexistentes ao longo de todo o filme, a base do filme é a discussão das fases da vida comuns a qualquer pessoa e com este tema fazer piada é praticamente impossível.

Durante os créditos finais em 3D é possível ver um grande resumo de toda a cine série passando na tela e será neste momento que o espectador irá pensar que saudades dos primeiros filmes quando Shrek era Shrek, porém isso já ficou muito muito distante. E este capítulo final ao menos cumpre o seu papel de fechar a série de forma digna, tudo bem que não era o ideal... só se a grande piada final ainda esta sendo guardada para um quinto capítulo, mas acho bem improvável. Mas como em contos de fadas tudo é possível, assim como em Hollywood não basta sonhar um pouquinho.

domingo, 4 de julho de 2010

Crítica - Toy Story 3

Tudo começou em 1995 quando os estúdios da Pixar iniciaram a brincadeira com o já excelente "Toy Story - Um Mundo de Aventuras" (Toy Story, EUA 1995), em 1999 chegava aos cinemas "Toy Story 2" (Toy Story 2, EUA 1999), que não só superou o seu original em vários aspectos, além de acrescentar alguns novos elementos a este universo mágico. Passados onze anos a Pixar faz o impossível se tornar realidade mais uma vez e "Toy Story 3" (Toy Story 3, EUA 2010), não só supera os seus antecessores em todos os aspectos como dá ao público uma chance de refletir sobre várias questões.

O primeiro acerto do filme é ambientar a trama nos dias atuais, ou seja, o tempo passou e reencontramos Andy (agora um rapaz pronto para ir para a universidade) e seus brinquedos em seu quarto, local onde ele se divertia com Woody, Buzz e companhia quando criança, alias a sequência de abertura do filme é cheia de imaginação e como deve ser uma brincadeira de criança.

Como Andy está indo para a universidade, a sua mãe exige que ele de um rumo para os seus antigos brinquedos e ai que a aventura começa no terceiro filme. Após um incidente e quase irem parar no caminhão de lixo os brinquedos são levados por acaso para a Creche Sunnyside, um local que  em primeira vista seria o paraiso para qualquer brinquedo, pois sempre haveriam crianças para brincar com eles. Porém o local é "governado" pelo urso de pelúcia Lotso (dublado por Ned Beatty) que dita as regras e impede a fuga de qualquer brinquedo do local. Logo a Sunnyside se torna uma prisão para os brinquedos, um verdadeiro campo de concetração.

Acrescentando ainda novos elementos a trama como o boneco Ken (dublado por Michael Keaton), sem dúvida alguma são dele as melhores tiradas do filme, perdendo somente para a versão em espanhol de Buzz (mais uma das geniais sacadas da Pixar no longa). É verdade que algumas piadas tem um teor mais adulto e que os pequenos ficarão sem entender.

A versão em 3D só acrescenta profundidade as imagens dentro da tela, então não espere que nenhum brinquedo venha parar em frente aos seus olhos, porém isso é um mero detalhe em relação ao todo que está sendo mostrado. Além é claro de algumas piadas funcionarem melhor na versão em inglês do filme, por isso prestar atenção aos trocadilhos é um outro aperitivo do filme.

E se tudo é tão grandioso em Toy Story 3 o desfecho não poderia deixar de ser. Mais uma vez a Pixar se supera e faz um final a altura que o longa merece. E a sequencia final é cheia de suspense, aventura e reviravoltas. 

Com um roteiro que trata de temas que para as crianças pequenas podem não parecer tão claros, mas que para os adultos fará todo o sentido. Entram em questão a amizade verdadeira, o desapego (tema esse já tratado em UP), as magoas do passado e como essas podem nos transformar, a persistência e a união. Tudo isso embalado em um pacote e entregue de presente para o público.

E após a sequência final se você achar que tudo acabou... esqueça essa idéia. É neste momento após fazer rir que o filme irá arrancar algumas lágrimas da platéia e é muito difícil neste momento conte-las. A cena é tocante e marca uma "despedida" entre a fase da infância e a vida adulta de cada um de nós. Na versão 3D os óculos até irão esconder as lágrimas, porém se você chorar é porque aquela criança que um dia você foi ainda esta ai dentro esperando que a brincadeira sempre comece novamente, pois esta nunca pode parar.

E mais uma vez a Pixar irá levar o público aos extremos, entre o riso fácil e as lágrimas (não de tristeza mas de alegria). E nos dar a certeza de que toda essa brincadeira que começou de maneira inocente está muito longe de chegar ao fim. E com toda certeza ela ainda irá ao infinto e além.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Crítica - Esquadrão Classe A

Os anos 80 para muitos deixou saudades, não só no campo da música, jogos, desenhos animados e tantas outras recordações daqueles que viveram esses anos e se divertiram muito. E foi bebendo dessa fonte que o diretor Joe Carnahan trouxe para as telas um dos seriados mais cultuados dos já distantes anos 80 e "Esquadrão Classe A" (The A Team, EUA 2010) não perde em nada para o seu original.

Para início de conversa os saudosistas irão ver na versão século XXI tudo o que estavam acostumados a ver no seriado, as discussões entre Murdock e B.A., os planos mirabolantes de Haniball e as tiradas sarcáticas de Cara-de-Pau. Tudo como sempre foi e deveria ser se um dia fizessem um filme com base nos personagens.

A sequência inicial dá ao público uma idéia do que esta por vir ao longo da projeção e de uma forma ágil mostra a formação da equipe, que culmina em uma sequência de perseguição de helicópteros e uma rápida explicação do porque B.A. tem medo de voar. A ação se transporta para 8 anos a frente e reencontramos o Esquadrão Classe A no Iraque executando missões para o exército americano e em uma dessas missões eles são traídos, condenados e perdem as suas patentes.

Daí para frente contar mais seria estragar as surpresas que estão por vir ao longo da projeção, mas as cenas de ação mesmo que pareçam absurdas as vezes, se mostram dentro do contexto do filme e se encaixam na trama que tem como base o roubo de placas para a impressão de notas de dólares e que em mãos erradas irão proporcionar uma quebra na economia americana.

O elenco principal é formado por Liam Neeson (Hannibal), Bradley Cooper (Cara de Pau), Quinton 'Rampage' Jackson (B.A) e Sharlto Copley (Murdock), além de contar ainda com Jessica Biel (como a agente Charisa Sosa) e Patrick Wilson (como o agente Lynch). A direção dos atores é eficiente e todos estão bem em seus papéis.

A trilha sonora clássica que embalava o seriado esta presente no filme, além de outros elementos tão conhecido dos fãs da série, como o furgão preto usado pela equipe.

Um outro acerto de Carnahan foi o de utilizar uma edição fora dos padrões de videoclipe que normalmente permeam estes tipos de filmes de ação. A ação aqui é bem pontuada e ocorre na hora certa.

Com todas essas qualidades "Esquadrão Classe A" tem tudo para se tornar um filme dos melhores filmes de ação dos últimos tempo e o que é mais importante, fazendo a justiça de manter nas telas todas as qualidades do seriado não decepcionando em nenhum momento os fãs da série.

E como não podia faltar após os créditos há uma cena escondida e que vai divertir muito aqueles que ficarem no cinema para assisti-lá. 

No mais é aguardar pela sequência que deve sair daqui a alguns anos, pois como dizia a abertura do programa "Se você tem um problema e puder encontrá-los, talvez você possa contratar o Esquadrão Classe A" falta então agora mostrar o Esquadrão atuando como os soldados da fortuna  do seriado oitentista ,e se o primeiro filme já teve qualidade de sobra, que venham os demais com mais novidades ainda. E com o tema  musical que eternizou para sempre o seriado nas nossas lembranças.