sábado, 22 de maio de 2010

Livros - Trilogia Millenium

Desde que iniciei o blog tinha em mente de não me ater somente as resenhas relativas aos filmes, mas queria estreiar a parte literária do blog comentando sobre um livro (ou livros) que realmente valessem a pena indicar. 

Foi então que desde março deste ano que eu estou envolvido com a leitura da trilogia Millenium, os três livros tem mais de 500 páginas cada um e em nenhum momento perde o ritmo, e sempre se quer ler um pouco mais para descobrir o que vai acontecer com algum personagem da trama, que por sinal não são poucos, mas todos muito bem construídos e inseridos dentro da hsitória.

Nos livros temos dois personagens centrais, o repórter investigativo Mikael Blomkvist e a hacker Lisbeth Salander, e é em torno deles que os demais personagens entram em saem da trama porém os personagens secundários são tão bem construídos que se encaixam com perfeição ao que está sendo narrado.

O primeiro livro da trilogia se chama "Os Homens que não Amavam as Mulheres", seguido por "A Menina que Brincava com Fogo" e que tem o seu desfecho em "A Rainha do Castelo de Ar". Como se trata de uma trilogia a primeira vista parece que o primeiro volume da  mesma é uma história a parte, porém ledo engano daqueles que pensarem isso, pois ao ler tudo se percebe que nada foi desnecessário.

É verdade que o livro contém cenas violentas, envolvendo sexo e assassinatos, mas a trama foi tão bem construída por Stieg Larsson (autor da trilogia e falecido aos 50 anos após terminar de escrever os livros) que de uma forma ou de outra nada ficará sem justificativa.

A trama também conta inúmeras reviravoltas, que não deixará o leitor se dar por satisfeito até chegar ao final de tudo, e isso é outro acerto do autor que desta forma mantém o interesse sempre em alta dos que estão lendo os livros.

Ao terminar de ler as 1814 páginas que compõem a trilogia em praticamente dois meses, tive a certeza de ser com estes livros que eu iria estreiar aqui no Movies & Cultures as minhas resenhas sobre livros. Até mesmo aqueles que não tem hábito de ler livros grandes vão com certeza ao pegar o primeiro volume para ler e querer saber como toda aquela história irá acabar.

E posso dizer que realmente é surpreendente o desfecho de tudo.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Crítica - Millenium 1: Os Homens que não Amavam as Mulheres

Devemos adimitir que transpor para as telas um best seller de 522 páginas não é uma das tarefas mais fáceis, e lógico que os cortes serão feitos para dar até mais agilidade a trama que se pretende contar, porém manter o básico da história é o essencial. É com base nestas premissas que o diretor sueco Niels Ardens Oplev, leva para as telas a primeira parte da trilogia Millenium, escrita por Stieg Larsson. 
 
Em "Os Homens que não Amavam as Mulheres" (Män Som Hatar Kvinnor, Suécia 2009) somos apresentados ao repórter investigativo Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), que após denunciar um magnata da indústria sueca é processado e condenado a cumprir pena na prisão por difamação. No encalço de Mikael ,  está Lisbeth Salander (Noomi Rapace), uma hacker profissional que é contratada para fazer uma pesquisa sobre ele, e entregar os resultados da mesma para o advogado Dirch Frode, que por sua vez trabalha para o magnata Henrik Vanger, dono das Indústrias Vanger.

A missão de Mikael é desvendar o misterioso desaparecimento de Harriet Vanger, um crime que está sem solução a 40 anos, e que até mesmo a polícia já não tem esperança de encontrar uma solução para o mesmo. Mikael aceita trabalhar para Vanger em troca de uma certa quantia de dinheiro, mesmo acreditando que não dará em nada a sua investigação. Enquanto isso em Estocolmo, Lisbeth começa a sofrer uma série de assédios por parte do seu novo tutor, o advogado Niels Bjurman, que a obriga a servir aos seus prazeres.

Como era de se esperar algumas das passagens mais violentas do livro foram retiradas das telas, como na cena em que Lisbeth sofre o estupro por parte do seu tutor, que sofreu alguns cortes.

Partindo das premissas básicas do livro e tirando subtramas que não caberiam nas telas dos cinemas, o filme ganha em agilidade e o resultado final não desagradará aos fãs do livro, que veram na tela a trama principal ,muito bem retratada. Lógico que para quem já leu o livro, as reviravoltas que o filme mostra  não causará o mesmo impacto, que causa naqueles que não conhecem a história.

No final o resultado é satisfatório e como nos livros da trilogia, todos querem saber como a história irá prosseguir, pois os roteiristas se utilizaram de um fato que nos livros  da trilogia só nos é revelado no segundo volume, e colocaram a cena quase ao final do filme, dando a deixa para a continuação da história. Um outro acerto é a cena final do filme, que já situa a personagem Lisbeth Salander, no local em que ela aparece pela primeira vez no segundo livro da trilogia.

Se o ritmo for mantido no segundo filme, tudo indica que o desfecho da história no terceiro filme da série não deixará nada a desejar. Será que Hollywood irá fazer jus a trilogia e filmar algo ainda melhor que a versão européia do filme? É esperar para ver.

domingo, 9 de maio de 2010

Crítica - Homem de Ferro 2

Já diz a cartilha de Hollywood que sempre uma continuação deve ser maior e melhor que o seu antecessor em todos os aspectos, só que está cartilha não é seguida a risca por muitos dos estúdios que acabam por estragar filmes que seriam bons se mantivessem a mesma receita do original. E é exatamente mantendo a mesma receita de "Homem de Ferro" (Iron Man, EUA 2008) que a Marvel Studios consegue fazer um filme tão bom quanto ao seu antecessor e ainda assim encaixar na trama elementos que preparam os espectadores para os novos filmes do estúdio. E esse é sem dúvida alguma o maior mérito de "Homem de Ferro 2" (Iron Man 2, EUA 2010), se manter como o original.

Como tudo o que necessitava ser contato sobre as origens dos personagens já havia sido dito no filme anterior, os roteiristas então tiveram mais liberdade para acrescentar elementos a trama e explorar ainda mais  o psicológico de Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr) de modo a mostrar mais um pouco dele para os espectadores.

Neste segundo capítulo reencontramos o mundo em paz, após o anúncio de que o Homem de Ferro era uma realidade, porém esse período de calmaria está ameaçado, pois o governo dos EUA insiste que Tony Startk deve entregar a armadura do Homem de Ferro para eles, de modo que o exército americano a controle como bem desejar. Além disso um antigo inimigo da família Stark, Ivan Vanko (Mickey Rourke), ressurge para clamar por vigança e se une as Indústrias Hammer - dirigida por Justin Hammer (Sam Rockwell) - na tentativa de destruir o Homem de Ferro. E os roteiristas ainda encontraram uma brecha ao meio de tantas tramas para colocar Tony Stark com uma doença que pode matá-lo, devido ao uso do aparelho que o mantém vivo, e é o mesmo que o possibilita a utilizar a armadura do Homem de Ferro. A primeira vista pode parecer que são muitas tramas paralelas para um filme de 124 minutos de duração, e que acabaria por causar a  síndrome das continuações em "Homem de Ferro 2", porém elas se encaixam de forma tão harmônica que tudo funciona perfeitamente.

Robert Downey Jr. continua perfeito como Tony Stark, com as suas tiradas sarcásticas ainda mais afiadas, o ator ainda encontra meios de explorar o lado auto-destrutivo de Stark, pois como este sabe que está para morrer e não consegue achar a solução que irá salvá-lo, passa a viver de forma mais inconsequente.

Outro acerto do filme é dar mais espaço para alguns personagens, caso de Samuel L. Jackson ,que vive Nick Fury,  introduzir alguns novos a trama como a Viúva Negra (Scarlett Johansson). Nem a substituíção de Terence Howard, que viveu o personagem Rhodey no primeiro filme, por Don Cheadle é de fato um problema para o filme, pode-se dizer que Cheadle o substituiu de forma correta.

A sequência final na Stark Expo 2010 é muito bem executada e tem a medida certa de ação e nada é exagerado, pois afinal se trata de um filme de super herói, logo tudo o que vemos na sequência é plausível com o que o foi desenvolvido pelo roteiro.

Além de preparar o campo para outras produção da Marvel que estão por vir, e fazer citações a outros filmes do estúdio que já sairam nos cinemas, "Homem de Ferro 2" ainda prepara o campo para a sua própria continuação, pois nem todas as tramas se fecham neste segundo capítulo, deixando assim espaço para que sejam ainda mais exploradas em um terceiro episódio que com certeza está por vir. Sem contar ainda com o filme dos Vingadores que a Marvel quer emplacar no já tão disputado verão de 2012.

Com muitos pontos a favor "Homem de Ferro 2" é dirigido de forma correta por Jon Favreau, que não deixa em nenhum momento que o filme perca o seu ritmo. É verdade que as sequências de ação não são muitas, pois se resumem a três grandes cenas ao longo do filme, com destaque para a já citada sequência final e o primeiro encontro entre Stark e Ivan Vanko nas ruas do principado de Mônaco. O resto da projeção é todo praticamente sustentado pelos diálogos, que dão a contribuição perfeita para o história.

E como já é tradição dos filmes da Marvel existe uma cena surpresa (ou easter egg) ao final dos créditos, que já prepara o público para um outro filme do estúdio e a expansão do universo Marvel nos cinemas, mas prestando atenção no filme já dá para sacar qual será a cena.

No mais "Homem de Ferro 2" é um filme a altura do original e na comparação pode-se dizer que ambos se complementam e abrem as portas para um terceiro episódio, que se seguir com as lições corretas dos dois primeiros, será sem dúvida um filme de super herói para não se colocar defeitos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Crítica - A Estrada

Já foram tantas as vezes nas quais Hollywood destruiu o mundo e o tornou um lugar pós-apocalíptico, que mais uma vez não faria a menor diferença. Porém "A Estrada" (The Road, Eua 2009) é um filme deste gênero só que com um atrativo a mais, saem os atos heróicos do protagonista, que na maior parte dos filmes desse mesmo tema tem sempre a solução mirabolante que irá salvar o dia, e no lugar entra um homem comum que tem como único objetivo manter-se vivo no meio de todo o caos para ensinar o seu filho a sobreviver naquele mundo.

Pode-se afirmar que "A Estrada" é um filme de auto-descobrimento, tanto para o personagem do pai vivido pelo ator Vigo Mottersen (o Aragorn da trilogia Senhor dos Anéis) como para o personagem do seu filho vivido pelo ator adolescente Kodi Smit-McPhee. Ambos lutam pela  sobrevivência , em um mundo onde não há mais regras, e manter-se vivo a cada dia custe o que custar é o que importa para os habitantes do planeta que sobreviveram ao pesadelo do holocausto para viver um pesadelo ainda pior.

A narrativa do filme não é muito ágil e se baseia basicamente nos diálogos travados entre pai e filho, e são através desses, que ambos os personagens expõem os seus pontos de vista ao longo da viagem. Não será surpresa ao longo da projeção ver os protagonistas esbarrarem em situações que colocaram a prova a sua moral e ética, mas na luta pela sobrevivência em um mundo caótico acaba por prevalecer a lei do mais forte.

Um ponto interessante do filme é que a estrada, pode ser interpretada como sendo a própria vida, que nos conduz a algum lugar, porém nunca sabemos o que iremos encontrar pela frente e é exatamente essa sensação que os protagonistas tem quando a percorrem com o objetivo de chegar ao litoral, pois acreditam que ali encontraram condições de vida melhores. Mas como na vida somos obrigados a tomarmos alguns desvios quando algum perigo eminente nos ameça, e no filme isso é personificado pelos humanos que se tornaram canibais, que além de sequestrarem suas vítimas e as mantém prisioneiras em um porão de uma casa para que estas sirvam de alimento para o bando.

Outro tema presente no filme é a questão de não entregar os pontos e fraquejar diante das situações difíceis e cujas as decisões são igualmentes difíceis, como por exemplo em uma determinada cena o pai instruíu o filho a cometer o suícidio caso esse seja apanhado pelos "Homens Maus", como o garoto se refere ao bando que pratica o canibalismo no filme.

É importante notar que nesta jornada de auto-conhecimento os personagens não tem nomes, e isso  serve  para reforçar ainda mais a idéia do auto-conhecimento que é o tema central da trama.

Pode-se afirmar que "A Estrada" não é um filme comercial e sim um filme para ser visto com bastante atenção e depois se refletir sobre as idéias que o filme passou, pois assim como na vida seguir pela nossa própria estrada, nunca será uma tarefa das mais fáceis. Saber o que há no final é impossível, tomar desvios serão necessários, assim como retormar o rumo certo também. Pessoas passaram pelas nossas vidas e sairão dela do mesmo modo que entraram, outras deixaram lembranças e outras nos ajudaram a seguir em frente.

No final a conclusão que se chega é que a "A Estrada" nos mostra nada mais, nada menos que as estradas das nossas vidas, com todos as suas dificuldades e armadilhas.

Caminhar pela estrada, assim como fazem os protagonistas do filme, nunca será uma tarefa fácil, porém com coragem e fé chegar ao fim do caminho será menos árduo do que para aqueles que não tem esses sentimentos dentro de si.

Crítica - Alice no País das Maravilhas

Desde que as primeiras notícias de que Tim Burton iria passar para as telas do cinema o clássico livro de Lewis Caroll, o primeiro pensamento que me veio a cabeça foi "finalmente vão fazer uma versão a altura do livro de Caroll. Pois a versão "fofinha" da Disney em desenho animado de 1951 somente toca de raspão o texto de Caroll. Daí veio uma outra notícia de que a Disney estaria envolvida no projeto de Burton, e este por sua vez retornaria a sua primeira casa, ai pensei "pronto teremos a versão fofinha em carne e osso". Ledo engano "Alice no País das Maravilhas" (Alice in Wonderland, EUA 2010) além de ter um visual arrebatador, não é nem perto um filme infantil, tamanha a sua carga de questões filosóficas e perfis psicológicos  que cada personagem apresenta.

Para não ter um roteiro muito semelhante ao desenho animado, Burton situou a sua versão da história 10 anos após os acontecimentos da versão animada. Convocou um time de atores com os quais já realizou vários de seus trabalhos, isso significa Johnny Depp (Chapeleiro Maluco) e Helena Bonham Carter (Rainha de Copas) e somado a eles ainda estão no filme Anne Hathaway (Rainha Branca), Crispin Glover (Valete), a estreiante Mia Wasikowska (Alice) e as vozes de Alan Rickman (Absolom) e Christopher Lee (Jaguadarte).

Na versão de Burton então Alice está com 17 anos e esta prestes a ser pedida em casamento perante a centenas de pessoas da alta sociedade, durante uma festa Vitoriana. Porém Alice avista o Coelho Branco, o mesmo que a 10 anos atrás a atraiu para o mundo subterrâneo. E neste momento Burton saca mais uma idéia interessante para a sua versão, Alice simplismente esqueceu que estivera naquele mundo subterrâneo e para ela aquela primeira visita não passou de um sonho. Porém as coisas naquele mundo mudaram desde que Alice voltou para a superfície e a Rainha de Copas - vivida de forma expecional por Helena Bonham Carter - dominou e subjulgou todos os habitantes aos seus caprichos, porém um grupo ainda resiste a se subjulgar a rainha e vê em Alice a sua salvação, porém está continua a achar que tudo aquilo é um sonho e cabe a ela, e somente ela, encontrar o seu papel no meio de tudo que está ocorrendo.

É verdade que assim como Lewis Caroll introduziu enigmas e trocadilhos em seus livros sobre a personagem, Burton não poupa os espectadores em detalhes visuais, trocadilhos e frases ditas pelos personagens. Um exemplo disso é o campo onde é travada a batalha final do filme, olhando com atenção vemos perfeitamente um imenso tabuleiro de xadrez onde a batalha é travada. Ou seja os objetos de cena não estão lá por mero acaso eles tem a sua participação na constituição de cada cena.

A versão 3D melhora ainda mais o que já seria bom em 2D e se visto ainda em um cinema com cópias legendadas em 3D fica melhor ainda. Burton e sua equipe se deram ao trabalho, assim como Lewis Caroll de criar palavras esquisitas para serem didas por alguns personagens, principalmente o Chapeleiro Maluco de Depp.

Lógico que não poderia faltar a trilha sonora de Danny Elfman, parceiro de Burton na maioria dos seus filmes, que não deixa a desejar em nenhum momento da projeção dando o tom certo em cada cena do longa.

O visual é um show a parte, pois o País das Maravilhas imaginado por Burton está longe de ser algo sombrio e cinzento como pensaram todos ao ter sido anunciado que ele dirigiria o filme. Ao contrário disso Burton nos dá um mundo colorido e tão rico em detalhes que o visual passa a ser parte integrante da trama a todo o momento.

Fechando tudo isso a maneira como foi imaginada a troca de figurino da personagem durante o filme é perfeita, pois Alice hora cresce ou diminui de tamanho ao comer ou beber algo naquela terra de sonhos e fantasia. E o figurino da atriz Mia Wasikowska que vive Alice, foi exatamente imaginado para dar maior flexibilidade nas cenas em que isso ocorre.

Por tudo isso "Alice no País das Maravilhas" é desde já um integrante da seleta lista de melhores filmes lançados em 2010 e com certeza já tem lugar garantido entre as 10 indicações de melhor filme do ano.

Não será surpresa se alguém se arriscar a descer pelo buraco do coelho mais de uma vez para visitar esse mundo mágico e cheio de nuances criado por Burton e desvendar certos enigmas que não desvendou na primeira visita.