segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar 2012

A Academia de Artes e Ciência de Hollywood entregou ontem (26/02/2012) os prêmios para os melhores do cinema no ano de 2011.

Lógico que como a Academia adora surpreender em algumas categorias e este ano ela não poderia deixar por menos, ela  foi contra todas as tendências em três categorias que foram: melhor fotografia, melhor edição e a melhor canção original (é verdade mais uma vez o Oscar escapou das nossas mãos).

No caso de melhor fotografia quem levou a melhor foi "A Invenção de Hugo Cabret", que desbancou o favorito "A Árvore da Vida", mas isso era apenas o começo e quando foi anunciado a melhor edição ao invés de "O Artista" levar a estatueta (prêmio que era mais que certo), quem acabou com o prêmio foi "Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres" e para terminar a noite em grande estilo quando foi anunciado o prêmio de melhor canção original em que só haviam dois concorrentes Real in Rio (Rio) e Man or Muppet (Os Muppets) e quando era certo que o Oscar estaria finalmente em mãos brasileiras, a Academia dá o prêmio para a canção dos Muppets, sem sombra de dúvida a pior canção original de todos os tempos a ter esse título.

Então vamos a lista:

Melhor Filme

O Artista
Melhor Diretor
Michel Hazanavicius (O artista)

Melhor Ator
Jean Dujardin (O artista)

Melhor Atriz
Meryl Streep (A Dama de Ferro)

Melhor Ator Coadjuvante
Christopher Plummer (Beginners)
Melhor Atriz Coadjuvante
Octavia Spencer (Histórias cruzadas)

Melhor Roteiro Original
Meia-noite em Paris
Melhor Roteiro Adaptado
Os descendentes

Melhor Filme em Língua Estrangeira
Separação (Irã)

Melhor Animação
Rango

Melhor Edição
Millenium - Os Homens que não Amavam as Mulheres

Melhor Fotografia
A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Figurino
O Artista

Melhor Trilha Sonora
O Artista - Ludovic Bource

Melhor Canção
Man or Muppet (Os Muppets)

Melhor Maquiagem
A Dama de Ferro

Melhor Direção de Arte
A invenção de Hugo Cabret

Melhor Efeitos Visuais
A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Edição de Som
A invenção de Hugo Cabret
Melhor Mixagem de Som
A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Documentário Longa-metragem
Undefetead

Melhor Documentário Curta-metragem
Saving Face

Melhor Curta-metragem de Animação
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Melhor Curta-metragem
The Shore

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Crítica - A Invenção de Hugo Cabret

Martin Scorsese é um dos poucos diretores ainda na ativa em Hollywood que mantem uma constante regularidade em sua carreira, sendo ainda responsável por filmes do porte de "Os Bons Companheiros" (Godfellas, EUA 1990), "Taxi Driver" (Taxi Driver, EUA 1976), além dos recentes "Os Infiltrados" (The Departed, EUA 2006) e "Ilha do Medo" (Shutter Island, EUA 2010). Todos ótimos exemplos de filmes que levam a marca registrada do diretor.

Como a nova onda de Hollywood é a tecnologia 3D, não são poucos os diretores do porte do Scorsese que agora se aventuram pelo formato e o diretor entra de cabeça neste mundo com "A Invenção de Hugo Cabret" (Hugo, EUA 2011).

No filme somos apresentados ao garoto Hugo Cabret (Asa Butterfield), um orfão que vive escondido pelas passagens que levam as torres dos relógios de uma grande estação de Paris nos anos 30. São nestes túneis que Hugo guarda uma descoberta do seu falecido pai, um autômato que o garoto acredita que quando este funcionar irá revelar um mensagem deixada pelo seu pai. Devido a isso Hugo constantemente rouba as peças de uma loja de brinquedo da estação para tentar com elas consertar o autômato.

E são dos relógios da estação que Hugo acompanha todo o dia-a-dia do lugar como acompanha-se um filme da cabine de projeção de um cinema, e ai esta a primeira homenagem de Scorsese a sétima arte. As demais irão aparecer ao longo do filme a medida que o garoto embarca em sua aventura ao lado da menina Isabelle (Chloë Grace Moretz, em mais uma ótima atuação) para decifrar a mensagem que será revelada pelo autômato.

Outro ponto forte do filme é o elenco coadjuvante que conta com atores como Christopher Lee, Emily Mortimer, Sacha Baron Cohen e Jude Law (em uma pequena participação como o pai de Hugo), mas isso não é necessário para garantir o bom desenvolvimento da trama do filme.

A direção de arte é impecável e não será surpresa alguma se levar a estatueta no Oscar 2012 e será um prêmio merecido, já ganhar os demais prêmios (o filme concorre a 10 estatuetas) será uma tarefa difícil diante do favoritismo de "O Artista" (já comentado aqui no blog e que foi completamente na contramão da tecnologia).

Porém o roteiro não acompanha a grandiosidade do filme de Scorsese, o mesmo se arrasta ao longo dos seus 126 minutos e as vezes chega a ficar bem lento. Salvam-se as homenagens ao início do cinema, principalmente aos filmes de Georges Méliès (Ben Kingsley).

Se visualmente o filme é perfeito, além do diretor ter feito bom uso da tecnologia 3D, porém fica o sentimento de que faltou o essencial ao filme, um roteiro mais convincente para fazer com que tudo funcionasse em perfeita harmonia como as engrenagens de um relógio, e ao terminar a projeção fica a sensação de ter faltado algo ao todo.

Com tudo isso Martin Scorsese fez um filme regular e não mais que isso, como homenagem ao cinema é perfeito, mas como um todo faltou uma história a altura não somente do diretor, mas com que o filme pretendia ser e que por algum motivo deixou de fora a engrenagem principal para que o todo funcionasse, uma trama perfeita assim como o todo o resto.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Crítica - O Artista

Futuro do pretério, talvez esse seja o melhor termo para descrever esse excepcional filme realizado pelo diretor francês Michel Hazanavicius, devido a estarmos em pleno século XXI no ano de 2012, onde a maior parte dos filmes se valem de efeitos especiais de última geração para encantar o público e agora porque não colocar esse mundo mágico do cinema em 3 dimensões, para que o público possa viajar por toda essa magia tendo uma experiência de imersão no que se passa na tela. Esse é o cinema que temos hoje. Porém um filme ousou a ir completamente na contra mão disso tudo e Hazanavicius, volta a origem do cinema mudo, onde os grandes mestres do cinema como Charles Chaplim e entre outros atores da sua geração escreveram o nome na história para todo o sempre. 

"O Artista" (The Artist, França e Bélgica 2011) prova que é possível realizar um belíssimo filme com toda a sensibilidade do cinema mudo, com atuações perfeitas dos seus atores principais, um roteiro exemplar e uma trilha sonora impecável, fazem desse filme uma aula de cinema perfeita, pois tudo o que define a sétima arte esta na tela.

Ao longo dos seus 108 minutos o longa conta a história do ator George Valentin (Jean Dujardin), que é um astro do cinema mudo da sua época, porém novos tempos estão por vir e o cinema falado está virando uma realidade e os donos de estúdio visando o seu lucro estão migrando não só para esse novo formato, mas também necessitam de novos rostos para acompanhar os novos tempos é nesse momento que desponta a atriz em ascenção Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma ex-figurante que entra para o mundo do cinema meio que por acaso após um encontro com Valentin e aceita fazer os filmes falados. A partir dai o público irá acompanhar a ascenção de Peppy e a queda de Valentin devido ao seu orgulho de não querer aceitar os novos tempos.

Jean Dujardin soube como criar o seu George Valentin de forma perfeita, com uma atuação que é pura homenagem aos grandes atores do cinema mudo e ele segue a cartilha deixada por esses e coloca em seu personagens trejeitos e expressões faciais que mesmo sem dizer uma só palavra passa ao público toda a emoção que o seu personagem está sentindo no momento, mas isso não seria possível se o roteiro e a direção de Hazanavicius não trabalhassem a favor dos atores.

O outro destaque vai para a atriz Bérénice Bejo que vive Peppy Miller a atriz em ascenção meteórica, que não deixa de ser fiel ao seu "criador". A sua atuação serve de base para Dujardin em várias cenas do filme, assim como na cena em que ela ensaia passos de sapateato atrás de uma tela, como na excelente cena do paletó no cabide em que ela encena um beijo com o ator uma cena perfeita em todos os sentidos.

Por final o roteiro é sem dúvida o grande destaque que aliado a trilha sonora consegue passar ao público toda a emoção dos personagens e das cenas de maior impacto do filme.

A soma de todas essas qualidades dá ao público um filme que já foi concebido para ser um dos novos clássicos do cinema moderno, mesmo fazendo uma homenagem aos filmes que deram início ao mundo do cinema. Um filme sensível, tocante e perfeito de se ver na tela grande dos cinema, pois até o formato da filmagem foi mantido pelo diretor.

Não será surpresa se na noite do Oscar o filme arrematar muitas estatuetas e se sagrar o grande campeão da noite, pois um filme que nos conta a história da transição do cinema mudo para o cinema sonora sem dizer palavra alguma, já um grande merecedor de estar entre os clássicos do cinema de ontem, de hoje e de sempre e conquista isso tudo ficando em silêncio.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Crítica - Millenium: Os Homens que não Amavam as Mulheres

Era questão de tempo até Hollywood colocar nas telas grandes  a versão americana para a trilogia Milleniun, do escritor sueco Stieg Larsson. Para levar o projeto adiante foi convidado o diretor David Fincher dos sucessos "S7VEN", "Clube da Luta", "A Rede Social" e muitos outros, para colocar a sua visão nesta versão. Porém a desafio de Fincher era ainda maior, pois já existia uma versão sueca não só deste filme, mas dos outros dois livros que completam a trilogia.

Se valendo de um texto no qual já estava acostumado a lidar em seus filmes anteriores, Fincher leva as telas um filme que se aproxima em todos os sentidos do primeiro livro da trilogia, incluído até passagens que ficarão de fora da versão sueca do filme já comentado aqui no blog, mas para dar o seu toque ao filme o diretor resolveu fazer uma pequena alteração ao final da história, porém está alteração não afeta em nada o resultado desta versão americana de "Millenium: Os Homens que não Amavam as Mulheres" (The Girl with the Dragon Tattoo, EUA 2011).

A trama do filme acompanha o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) que após perder nos tribunais uma disputa para Wernneström, um mega empresário, no qual o repórter o acusa de envolvimento com a máfia russa e tráfico de armas. Este ato ainda coloca em risco a revista na qual Mikael trabalha, a Millenium. Sem ter como provar que as acusações são verdadeiras, a única saída que Mikael vê é aceitar a proposta de Henrik Vanger (Christopher Plummer) para que o repórter tente elucidar um crime ocorrido a 40 anos atrás, o do desaparecimento de sua sobrinha preferida Harriet durante a reunião anual da família, em troca Henrik irá dar para Mikael as provas de que este precisa para incriminar Wernneström e limpar o seu nome e nesta tarefa ele terá ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara, que esta concorrendo ao Oscar de melhor atriz) uma hacker extremamente inteligente que irá unir forças com o repórter.

Um dos acertos do diretor foi filmar a sua versão na própria Suécia, utilizando em algumas vezes as mesmas locações dos filmes suecos, além de estar pisando em um terreno do qual entende bem e que já fazem parte da sua filmografia. Logo devido a essa decisão o roteiro é desenvolvido de forma a colocar na tela tudo o que é essencial para o desenvolvimento da história e ainda acrescentar cenas que não são descritas no livro de forma a não alterar o desenvolvimento da trama.

O filme prova que mesmo já existindo uma versão anterior a este e um livro que se popularizou entre milhares de leitores e que uma grande parte já conhecem o final da história é só juntar um excelente diretor com um roteiro eficiente para ter um ótimo filme. Agora é esperar para que as duas outras partes da trilogia sejam levadas da mesma forma que está primeira parte e esperamos ainda que Fincher continue na frente dos demais filmes, porque a história está somente começando e quem sabe a última parte como já esta virando moda em Hollywood ser dividida em duas partes com tudo o que faltou nos filmes europeus. Se isso se concretizar teremos filmes ainda melhores que o primeiro e Fincher sabe muito bem como fazer.